No ecossistema da checagem de informações, já era esperado que Mark Zuckerberg extinguisse o programa de verificação de fatos da Meta, que existe desde 2016 nos Estados Unidos e desde 2018 no Brasil.
De lá para cá, alguns dos maiores veículos do país e do mundo colaboraram com as plataformas: Reuters, Agência France-Presse, Estadão, UOL e outros, muito bem remunerados em dólar.
Zuckerberg argumentou, em vídeo postado em seu perfil pessoal, que os checadores são tendenciosos e que a checagem incentiva a censura nas redes sociais.
O empresário disse que a eleição de Donald Trump foi um divisor de águas, e que está alinhado com o novo presidente dos EUA na defesa da liberdade do cidadão de publicar o que quiser, ofenda a quem ofender.
— Quem promove a censura são eles próprios, pois a decisão de diminuir a circulação de posts e de como sinalizar se é falso ou não é deles, a partir da informação que oferecemos — opina Tai Nalon, diretora executiva do Aos Fatos.
Como funciona a checagem de fatos da Meta?
Atualmente, a Meta disponibiliza uma plataforma em que postagens marcadas por usuários como potencialmente desinformativas são colocadas para avaliação de agências independentes de checagem de fatos.
Se o conteúdo é considerado desinformativo, eles podem marcar a postagem como falsa, enganosa ou ainda fora de contexto.
— As agências têm liberdade para eleger o que querem checar. E todas que têm parceria com a Meta são certificadas pela International Fact-Checking Network (IFCN), uma rede internacional com um código de ética restrito, e passam por auditorias anuais para assegurar que não são politicamente inclinadas — explica Tai Nalon, diretora executiva do Aos Fatos.
A partir de agora, a começar pelos Estados Unidos, esse processo será substituído por um programa de notas de comunidade, semelhante ao que é usado pelo X, de Elon Musk. Ou seja, a avaliação dos conteúdos vai depender do alerta dos próprios usuários.
"É importante frisar que os profissionais desse segmento não retiram conteúdo do ar. Eles seguem um método que busca apontar erros factuais e informações enganosas que podem causar dano ao direito dos cidadãos de receberem informações verificadas. A ação voluntária de usuários das redes não é capaz de substituir a checagem profissional de fatos, principalmente em um cenário em que a poluição do ambiente informativo provoca danos evidentes à democracia, especialmente com o avanço de ferramentas como a inteligência artificial”, diz a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em nota.
O perigo da desinformação
Com a eleição de Trump, Zuckerberg considera legitimado o direito de espalhar fake news nas redes, e os usuários que lutem para checar e denunciar o que não for verdade.
“Entendemos que o programa de notas da comunidade como ferramenta de verificação já se mostrou ineficaz no X. Ao seguir esse caminho, a empresa torna o ambiente digital menos seguro e confiável para seus usuários”, disse a agência Lupa em nota enviada à coluna.