Os dois últimos meses foram marcados por matanças no Rio Grande do Sul. Pelo menos quatro episódios ocorreram em setembro: quatro pessoas assassinadas em Rolante, outras três pessoas mortas em Alvorada, quatro mortos em Santa Rosa e mais quatro em Arroio dos Ratos. Já em outubro, um ataque a tiros perpetrado por um único homem deixou cinco mortos em Novo Hamburgo e ocorreram pelo menos outros dois episódios de mortes de crianças e mães. Só que nem essa mortandade conseguiu derrubar os bons indicadores de homicídios alcançados no Estado ao longo do ano.
Mesmo com todas essas mortes e alguns acertos de contas entre quadrilhas, no acumulado de janeiro a outubro, os homicídios caíram 15%. Foram 1.178, enquanto no mesmo período de 2023 aconteceram 1.393 casos. Em outubro a redução foi de 15%, se comparada com o mesmo mês do ano passado.
Os números são dignos de celebração. Porto Alegre, inclusive, teve no primeiro semestre os menores índices de homicídios na história. Com 5,17 assassinatos por 100 mil habitantes de janeiro a maio, a cidade ficou abaixo da média mundial de 5,8, segundo as Nações Unidas. Agora é torcer para que a tendência permaneça até o fim do ano.
Duas estratégias impulsionadas pelo secretário da Segurança Pública, Sandro Caron (a partir de sugestões de policiais civis e militares) são decisivas para essa redução nos crimes. A primeira é a dissuasão focada: quem insiste em matar ou mandar matar é punido. Perde também seu capital, já que a BM é usada para sufocar a movimentação de criminosos na área de atuação do grupo envolvido nos homicídios.
A outra estratégia é o patrulhamento de pontos quentes de crimes, não necessariamente homicídios. É aquele tipo de delito que atormenta o cidadão comum: roubo a pedestre, roubo de veículo, arrombamentos. Pois a BM também faz patrulhamento cotidiano desses locais. O resultado é que o indicador com a maior redução no número de ocorrências em outubro foi o de roubo a pedestre. Foram 1.105 casos registrados mês passado, contra 1.858 em outubro de 2023, uma diminuição de 41%.