O programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, está ouvindo ex-prefeitos de Porto Alegre sobre o que fizeram durante seus mandatos em relação à proteção da cidade contra enchentes e o que eles acreditam que deve ser feito a partir de agora para que tragédias como as que acometeram a Capital em 1941 e em maio deste ano não se repitam. Nesta sexta-feira (7), o entrevistado foi Nelson Marchezan Jr, que governou a cidade entre 2017 e 2021. Marchezan afirmou que o atual sistema passa uma falsa sensação de segurança.
— O sistema não tem plano B, a estrutura - casas de bombas - foi feita pra drenar água da chuva, entrou água dos rios em Porto Alegre, o sistema de drenagem para. Ele não tem capacidade. — disse.
Para ele, é preciso novos projetos tanto para o sistema de drenagem quanto para a questão dos diques.
— Precisa de novas bombas, novos motores em locais separados, e que não trabalhem por gravidade, pois quando o rio sobe e acabou a gravidade, a água não sai de dentro da cidade escoando pelo rio porque o rio está mais alto — afirma.
Durante o mês de maio, Porto Alegre foi afetada pela enchente que atingiu o Rio Grande do Sul e, até o momento, deixou 172 mortos no Estado. Milhares de pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas na Capital e, em diversos pontos da cidade.
Em relação a zona norte de Porto Alegre, região mais atingida pela enchente, o ex-prefeito falou sobre a necessidade de um novo estudo no local, para evitar que o evento não se repita.
— É preciso um estudo com bancos públicos, com consultorias contratadas, com a sociedade participando, porque com 4m50cm no Cais, já está alagando na Zona Norte, onde a cota de inundação é muito menor.
Sobre a extinção do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), Marchezan destacou a necessidade de que os profissionais trabalhem juntos.
— O que dá a essência do conhecimento, da mudança são as pessoas trabalharem em conjunto e não em caixinhas separadas. É a diversidade, não a segregação. É tu, engenheiro especialista em um área, trabalhar com mais três, quatro de outras áreas outros generalistas, que daí tu forma uma equipe, e a equipe traz sugestões baseadas em evidências científicas, para que o gestor público possa tomar decisões que interessem.
Sobre as ações realizadas por ele durante seu mandato, Marchezan declarou ter deixado a prefeitura com 100% das casas de bombas em operação. Além disso, destacou o projeto via parceria público-privadas que previa investimentos de R$ 2,8 bilhões em macrodrenagem, que não foi levado adiante pela nova gestão, segundo ele.
— Eu deixei a maior obra de macrodrenagem, casas de bombas reformadas. Eu recebi as casas de bombas funcionando em 40%. Eu tenho um laudo técnico dos engenheiros do então DEP, de 13 de agosto de 2019, que mostra que em um ano já tinha passado para 72% e nós entregamos com 100%.