O programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, está ouvindo ex-prefeitos de Porto Alegre sobre o que fizeram durante seus mandatos em relação à proteção da cidade contra enchentes e o que eles acreditam que deve ser feito a partir de agora para que tragédias como as que acometeram a Capital em 1941 e em maio deste ano não se repitam. Nesta quarta-feira (5), Raul Pont, que governou a cidade de 1997 a 2001, destacou a excepcionalidade dos eventos climáticos do mês passado. Antes dele, o entrevistado foi Olívio Dutra (PT).
— Há excepcionalidades como essa que tivemos e que não ocorrem todo dia. O que podemos prever é o (funcionamento do) sistema de proteção da cidade, que acompanhei muito como vice-prefeito e como prefeito. Acho que a primeira coisa é tornar eficiente o sistema existente, que é bem pensado mas é incompleto ainda. Precisa centrar fogo nos sistemas de bombeamento da cidade, que são bem demarcados, o conjunto dos diques e o muro da Mauá — afirmou Pont.
De acordo com Pont, durante a sua gestão, o sistema de proteção se manteve ativo e funcionando, além de ser monitorado em plantões permanentes.
— O que nos competia era manter o sistema ativo e funcionando. Todo o sistema era acompanhado 24 horas por dia, mesmo não tendo previsão de chuva nem estando chovendo, os plantões das casas de bombas são permanentes porque são decisivos. O sistema não pode pegar ninguém desprevenido, tem que ser permanentemente controlado. Na enchente histórica do mês passado, as casas de bomba de Porto Alegre ficaram inundadas e prejudicaram o escoamento da água nas vias do município — destacou.
Raul Pont foi um dos cinco ex-prefeitos de Porto Alegre que lançaram um manifesto criticando a gestão do atual prefeito, Sebastião Melo (MDB).
— Quando assinei esse texto em apoio aos técnicos do antigo DEP e outros foi porque tenho convicção de que o sistema estava abandonado ou não vinha sendo mantido como deveria. Não poderia ter ocorrido isso, dos portões e as comportas dos diques não funcionarem.
Durante o mês de maio, Porto Alegre foi afetada pela enchente que atingiu o Rio Grande do Sul e, até o momento, deixou 172 mortos no Estado. Milhares de pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas na Capital e, em diversos pontos da cidade, ainda é possível visualizar áreas de alagamento que persistem há mais de 30 dias.