O programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, deu início nesta terça-feira (4) a uma série de entrevistas com ex-prefeitos de Porto Alegre sobre o que fizeram durante seus mandatos em relação à proteção da cidade contra enchentes e o que eles acreditam que deve ser feito a partir de agora para que tragédias como as que acometeram a Capital em 1941 e em maio deste ano não se repitam. O segundo entrevistado foi Tarso Genro, que governou a cidade em duas oportunidades (1993-1996 e 2001-2002). Antes dele, falou José Fortunati.
Tarso relembrou a extinção do antigo Departamento de Esgotos Pluvais (DEP), em 2017, durante a gestão do prefeito Nelson Marchezan Jr., órgão cujas atribuições foram incorporadas pelo atual Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae). Para ele, medidas de prevenção futuras passam pelo restabelecimento do deparamento e elaboração de um plano estratégico ambiental.
— Esta é a questão concreta que temos que enfrentar hoje: precisamos recuperar o DEP, qualificar o DEP, ter um sistema de manutenção permanente para que uma tragédia não ocorra nessa dimensão. Outro aspecto é termos um planejamento estratégico para mudarmos o relacionamento da cidade com o rio e com toda a bacia pluvial do Estado que deságua no Guaíba. Isso é uma obra estratégica que muda a nossa relação com o ambiente e com o ecodesenvolvimento que está sendo propagado como a grande solução para a humanidade — avaliou Tarso.
— Essa é a fase que temos que atingir, fazendo um plano estratégico que o Rio Grande do Sul sirva de modelo para todo o país. Isso não se muda de uma hora para outra, é algo para cinco, 10, 15 anos, e lamentavelmente só pode vir de uma lição brutal como a que tivemos — acrescentou.
Durante o mês de maio, Porto Alegre foi afetada pela enchente que atingiu o Rio Grande do Sul e, até o momento, deixou 172 mortos no Estado. Milhares de pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas na Capital e, em diversos pontos da cidade, ainda é possível visualizar áreas de alagamento que persistem há mais de 30 dias.
Sobre medidas adotadas na sua gestão à frente da prefeitura da Capital, Tarso citou a forte campanha da época para a derrubada do Muro da Mauá e o fortalecimento DEP.
— Nós começamos a discutir o futuro do DEP. Ele foi fortalecido. Nós fizemos concursos, qualificamos o DEP. Fizemos manutenção das bombas, manutenção e qualificação do muro da Mauá, revisão e manutenção permanente, adotamos o sistema de comportas de superfícies — afirmou.
Tarso ainda falou sobre as medidas tomadas à época para a proteção dos moradores da Região das Ilhas e sobre a necessidade de planejamento urbano:
— Fizemos o tratamento adequado das ilhas e tentamos deslocar aquela população. Mas isso não é questão de um governo, é questão de natureza de Estado. A situação das ilhas é uma consequência da ausência de planejamento urbano que Porto Alegre sempre teve.