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Homem saiu da Pousada Garoa momentos antes de incêndio que matou 11 pessoas; veja vídeo

Registros serão analisados pela Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o caso na Câmara de Vereadores da Capital. Caso aconteceu na madrugada do dia 26 de abril de 2024

Jonas Campos

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Gustavo Foster

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Reprodução / Câmera de Segurança
Homem saiu do local antes do incêndio.

Vídeos de câmeras de segurança mostram um homem saindo da Pousada Garoa, no Centro, momentos antes do incêndio que deixou 11 mortos em abril de 2024.  As imagens foram entregues pela Secretaria de Segurança de Porto Alegre à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara que apura o caso e foram obtidas com exclusividade pela RBS TV.

Nos vídeos, um homem com roupa clara e boné aparece saindo da pousada às 2h03min de 26 de abril, horário aproximado ao do incêndio. A câmera fica na esquina da Avenida Farrapos com a Rua Garibaldi, a poucos metros da pousada. Do outro lado da avenida, as imagens mostram outro homem, de camisa escura, apontando o dedo em direção à pousada.

Instantes depois, as imagens mostram pessoas deixando a pousada, enquanto o homem de roupa escura caminha de volta em direção à pousada. Já o homem de roupa clara e boné aparece distante do local, rumando em direção ao Centro Histórico.

O Ministério Público do RS (MP-RS) denunciou três pessoas, entre elas dois servidores da extinta Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) e o dono da pousada, por homicídio com dolo eventual. Caso a Justiça aceite a denúncia, os denunciados podem ir a júri popular.

Imagens serão usadas em CPI

De acordo com o relator da CPI que corre na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, o vereador Marcos Felipi Garcia, os vídeos devem ser apresentados na sessão da próxima segunda-feira (31).

— A imagem vai ser esclarecedora, tanto para esses depoimentos divergentes, quanto para o futuro da investigação — diz Garcia.

Nesta sexta-feira (28), a CPI recebeu a íntegra do inquérito que investigou o caso e convocou para prestar depoimento seis moradores da pousada à época do incêndio.

— Nós investigamos porque as pessoas não puderam sair de um local contratado pela prefeitura. Isso é mais importante na investigação de uma CPI do que o fato da origem do fogo. A origem do fogo é um objeto mais de investigação policial que da CPI — afirma o presidente da CPI, Pedro Ruas.

Pessoa "queria pegar um cara"

A RBS TV também teve acesso a depoimentos dados à Polícia Civil por testemunhas do incêndio. Em um deles, o depoente faz menção a um homem que nunca havia sido visto na pousada e teria entrado no local às 22h do dia do incêndio. Em outro depoimento, uma testemunha faz menção a uma pessoa que "queria pegar um cara" tentando acessar a pousada pelos fundos.

Em um boletim de ocorrência registrado por moradores da Pousada Garoa logo após o incêndio, também é feita menção a um homem desconhecido que entrou no local naquela noite. As testemunhas pedem, no boletim de ocorrência, que as câmeras da região sejam acessadas.

Segundo os advogados de dois denunciados pelo MPRS, a polícia não juntou ao inquérito as imagens do homem saindo da pousada.

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Local abrigava pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Defesas pediam as imagens

As imagens foram obtidas pelo advogado do então presidente da Fasc, que precisou ingressar na Justiça para ter acesso aos vídeos.

— A imagem é muito clara e reforça o nosso pedido de reabertura do inquérito para a identificação desses indivíduos, para a perícia dessas imagens e para a oitiva dos moradores da pousada que fizeram uma ocorrência policial sobre o dia do incêndio, que é que essa ocorrência sequer foi anexada aos autos — diz Fabio Luiz Correa dos Santos, advogado de Cristiano Atelier Roratto.

A defesa de Patrícia Mônaco Schüler, então fiscal de serviço da Fasc, afirma que também havia pedido as imagens. A defesa de André Kologeski, dono da Pousada Garoa, diz acreditar que o incêndio foi criminoso e que o vídeo precisa ser analisado em conjunto com os depoimentos.

Já o delegado Daniel Ordahi, que investigou o caso, diz que prefere não se manifestar sobre um fato que não esta mais sob sua responsabilidade e que se pronunciou no inquérito entregue à Justiça em dezembro do ano passado.

Relembre o caso

O incêndio atingiu a pousada e deixou 11 pessoas mortas, na região central de Porto Alegre, na madrugada do dia 26 de abril de 2024. O local abrigava pessoas em situação de vulnerabilidade social.

O incêndio aconteceu em uma das unidades da Pousada Garoa, na Avenida Farrapos. O prédio fica entre as ruas Barros Cassal e Garibaldi, a poucos metros da Estação Rodoviária.

O fogo se espalhou rapidamente pelos quartos da pousada. Para fugir das chamas, algumas pessoas se jogaram das janelas do segundo e do terceiro andar. Os bombeiros encontraram 10 vítimas em cômodos da pensão. A 11ª pessoa morreu no hospital após ser socorrida.

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