A aeronave que caiu em Gramado, na serra gaúcha, na manhã deste domingo (22), decolou sob condições meteorológicas pouco favoráveis para plena visibilidade nas alturas. Saindo de Canela com direção a Jundiaí, no interior de São Paulo, o veículo partiu por volta das 9h15 e sofreu o acidente poucos minutos depois, período em que caía uma chuva fraca a moderada e havia nevoeiro na região.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) possui uma estação meteorológica em Canela, a A879, que fica na área do aeroporto da cidade. O instrumento registrou que a chuva começou perto das 4h da manhã e perdurou no passar das horas, com variação nas quantidades.
Outros indicadores foram observados, como: temperaturas baixas, que estavam em torno dos 12ºC, e altos índices de umidade relativa do ar, próximo à saturação. Tais fatores foram favorecidos pela passagem de uma frente fria que avança do Litoral em direção ao interior do Rio Grande do Sul.
Para Murilo Lopes, meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), as condições meteorológicas eram adversas. Ele pontua que, com a passagem de uma frente fria, há também a entrada de uma massa de ar fria. Dessa forma, a soma dos elementos como os que foram observados na manhã deste domingo — muita umidade, chuva e ingresso de frente fria, com ar mais quente ao Norte e frio ao Sul — impulsionou a formação de nevoeiro na Serra.
— A gente teve o avanço de áreas de instabilidade pelo Estado. Canela amanheceu com chuva pela manhã. Atrelado a isso, estamos tendo a passagem de um frente fria pelo Litoral, que está atuando sobre a Serra e a região Norte. Atrás da frente fria, também está ingressando uma massa de ar mais frio, que contribui com a ocorrência de nevoeiro — explica Murilo Lopes.
Informações da Climatempo adicionam que não houve descargas elétricas por volta do horário entre a decolagem e a queda do avião. Contudo, foi registrado a ocorrência de vento fraco a moderado com rajadas, que, por volta de 9h30, estavam em torno dos 16 a 24 km/h.
Até o momento, não é possível concluir se as condições meteorológicas favoreceram a ocorrência do acidente. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), responsável por investigar ocorrências aeronáuticas, já acionou agentes do 5º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa V), de Canoas, para o trabalho de apuração.
Como teria ocorrido o acidente
A aeronave, um modelo Piper Cheyenn, decolou com dez pessoas a bordo, conforme a Defesa Civil. Ele teria batido contra um prédio e, na sequência, acertado uma casa e uma loja de móveis. Os destroços teriam, ainda, atingido uma pousada. O ponto exato do acidente fica na esquina da Avenida das Hortênsias com a rua Ema Ferreira Bastos, em Gramado.
Todos os dez tripulantes morreram e outras 17 pessoas impactadas em solo ficaram feridas. Dessas, cinco já foram liberadas e duas estão em estado grave.
*Produção: Carolina Dill