Um estrondo tirou Johnny Moura da cama na manhã deste domingo (22). O jovem de 14 anos estava sozinho em casa, na Travessa Itu, em Gramado, quando o avião vindo de Canela bateu na chaminé do prédio vizinho, um edifício de quatro andares ainda em construção.
Com o choque, destroços atingiram o teto da residência onde ele vive com o pai.
O menino ligou para Evair Moura, 56 anos, que se dirigia a Taquara para encontrar amigos. Ao retornar rapidamente, o pai enxergou pedaços do avião espalhados também pelas ruas da vizinhança, inclusive na copa de uma árvore. Dentro da própria casa, pedaços do forro do teto estavam caídos no chão.
— Ele ligou apavorado me dizendo: "Pai, volta que caiu um avião". Que loucura é essa? Sempre tem avião sobrevoando por aqui, principalmente quando tem tempo bom, no final de semana — conta Evair, que vive há cinco anos no local.
Antes da queda fatal, o avião ainda atingiu uma pousada situada a 400 metros da casa dos Moura, também na Travessa Itu, de onde arrancou pedaços do teto. O ponto derradeiro foi uma loja de móveis na esquina da Avenida das Hortênsias com a Ema Ferreira Bastos, próximo ao Hotel Floratta Premium.
Como um terremoto
O estampido incomum para uma manhã de domingo em Gramado também sobressaltou funcionários de um surpermercado do outro lado da Avenida das Hortências. Mas a densa neblina não deixava o funcionário João Pedro Torres enxergar o que se tratava. Chegou a pensar que o posto de combustíveis ao lado do Hotel Floratta havia explodido, embora nada tenha acontecido ali.
— Foi forte. Era como se fosse uma ventania, um terremoto. Caíram três luminárias aqui no mercado. Mas a cerração estava muito forte. Só vimos o fogo — relata.
Morreram 10 pessoas, todas estavam no avião. Outras 17 - que estavam em estabelecimentos atingidos pelo avião - ficaram feridas, muitas eram hóspedes do Hotel Floratta.