Para quem procura emprego, o final de ano pode ser um período de desânimo. Com muitas empresas em férias e com as contratações temporárias para as datas comemorativas encerradas, o mercado fica mais enxuto. Mas não faltam oportunidades. O Pioneiro identificou que agências de emprego, Sine, empresas e concursos públicos somam cerca de 1,2 mil vagas em Caxias do Sul e arredores (veja o painel de vagas ao fim do texto). O número, claro, tende a ser maior, já que não houve contato com todas as empresas caxienses. Isso em um cenário em que recrutadores falam em dificuldade para contratar até mesmo mão de obra pouco qualificada.
O reaquecimento do mercado de trabalho formal neste ano em Caxias do Sul pode ser avaliado pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Até novembro, foram 9.721 vagas abertas. Especialistas não classificam o resultado como surpreendente. Um dos fatores para esta avaliação é que 2020 encerrou com alto fechamento de vagas, mais de 4,8 mil. No entanto, a indústria, motor da economia caxiense, começou a se recuperar rapidamente ainda no ano passado. E foi mesmo esse setor que puxou a alta de contratações ao longo de 2021, concentrando saldo positivo de 5.154 postos até outubro.
— Em 2021, tivemos crescimento de postos de trabalho formais, mas continuamos com desemprego muito elevado, até porque este ano, no segundo semestre, com muita gente já vacinada e expectativa de vacinação para grande parte das pessoas, começaram as flexibilizações, as pessoas voltando ao mercado de trabalho, e aqueles que não estavam buscando trabalho começaram a retomar a entrega de currículos na busca por emprego, e isso impulsionou inclusive a taxa de desemprego — explica a economista Lodonha Maria Portela Coimbra Soares, coordenadora do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Um detalhe importante: só é considerado desempregado quem buscou emprego nos últimos 30 dias. Quem está há mais tempo sem tentar entrar no mercado de trabalho é chamado de desalentado. A professora salienta que o cenário econômico geral está desfavorável, com aumento da inflação, da taxa de juros e achatamento da renda média do trabalhador. Segundo Lodonha, os salários de entrada estão menores. Um dos dados nesse sentido consta na Carta Especial do 13º Salário do Observatório do Trabalho, que identificou que a gratificação média paga aos trabalhadores formais neste ano, por exemplo, é cerca de R$ 204 a menos do que no ano passado em Caxias do Sul.
— Esse aumento de empregos vem para minorar uma situação que já está preocupante — afirma a economista.
Expectativa por mais vagas
Mas para quem está à procura de um emprego, o cenário parece favorável para a colocação neste momento. Para a economista Maria Carolina Gullo, que é diretora de Economia e Estatística da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, a tendência é de que os primeiros meses do ano ainda sejam promissores:
— As indústrias continuam com uma boa carteira de trabalho, o que deve manter esse fluxo de empregabilidade nesse setor. Comércio e serviços, principalmente serviços, é natural que a gente tenha tido agora mais para o final do ano um acréscimo nas contratações, tendo em vista que, a partir da vacinação, a gente começou a ter uma certa flexibilização de algumas atividades que estavam impossibilitadas de operar. E praticamente todas elas estavam no setor de serviços. Então, entra aí toda a parte de entretenimento e lazer e toda a parte de turismo. Espera-se que esse setor de serviços seja o maior contratador nos primeiros meses do ano de 2022, justamente porque, à medida que ele vai recuperando, vai conseguindo voltar a trabalhar próximo do normal, ele volta a contratar. Então, há uma boa expectativa ao menos para os primeiros meses do ano em relação às contratações no mercado de trabalho — detalha a professora da UCS.
Há, no entanto, uma ressalva: ainda não se sabe o impacto da variante Ômicron do coronavírus no Brasil. Em outros países, já há fechamento de atividades para evitar a transmissão. A esperança é de que a vacinação dos brasileiros ajude a reduzir os problemas relacionados a essa cepa.
Para o segundo semestre, o cenário é ainda mais incerto. O comportamento da economia deve ficar muito atrelado à situação das eleições, com confirmação ou desistência de candidaturas, além de pesquisas de intenção de votos.
A seguir, você vai conferir histórias de quem conseguiu uma colocação no mercado de trabalho neste ano. Os entrevistados, todos eles, pediram para não ser fotografados.
"Caxias, para mim, só aconteceu coisa boa"
Paulo Airtom Moreira, 34 anos, realizou um sonho há cerca de três meses: morar em Caxias do Sul. Natural de Passo Fundo, ele residia em Bento Gonçalves há dois anos. Quando ficou sabendo de uma vaga disponível na casa de acolhimento mantida pela ONG Construindo Igualdade, decidiu tentar a oportunidade. Foi a garantia de um lugar para morar que o encorajou a tentar a vida no município mais populoso da Serra.
Antes, o temor era, com a pandemia, de não conseguir trabalho. Mas, desde que chegou a Caxias do Sul, já atuou em uma operadora de telefonia, da qual saiu para se tornar auxiliar de produção de uma padaria. Optou por este segundo emprego pela garantia dos direitos trabalhistas, conta.
— Caxias, para mim, só aconteceu coisa boa. Eu não achei que ia ser tudo fácil, como aconteceu, que fluiu.
O trabalho na produção de pães, bolos e outros alimentos foi o primeiro na área. Mesmo sem experiência, a contratação foi rápida. Moreira conta que era cliente da padaria e pensava em deixar o currículo, mas estava em dúvida, até que em novembro decidiu tomar essa atitude. Deixou o documento no balcão para uma funcionária que o entregou aos responsáveis. Três dias depois, foi chamado para uma entrevista e contratado.
Contratado em três horas
Sidinei Caio Souza dos Santos, 29 anos, começou a trabalhar no último dia 15 como operador de empilhadeira em uma empresa de Caxias do Sul — por política empresarial, ele não revela o segmento — , depois de ficar dois meses desempregado pela segunda vez no ano. Até o início de 2021, ele estava vinculado no chamado Porto Seco, a Estação Aduaneira de Caxias do Sul, mas acabou demitido. Depois, foi para uma metalúrgica, onde ficou por quatro meses e também acabou desligado. Mas a contratação para o atual emprego foi relâmpago.
Santos pediu para atualizar o currículo em uma agência de empregos. Por volta das 8h do dia 10 de dezembro, essa atualização foi feita. Com as novas experiências incluídas no documento, o perfil dele se encaixou em uma vaga disponível e a agência o contatou perguntando se ele poderia estar na empresa para a entrevista em meia hora, ao que Santos respondeu positivamente. Cumprida esta etapa, voltou para casa por volta das 11h:
— Era 11h e pouquinho, a guria da agência ligou de novo perguntando se eu tinha gostado e daí ela disse: foi aprovado lá e já vão te ligar para encaminhar os exames para começar a trabalhar na empresa — relata, ao contar que se surpreendeu com a rapidez do processo.
Com o Ensino Médio completo, categoria que reúne a maior parte dos trabalhadores inseridos no mercado formal de Caxias neste ano, Santos também fez cursos de operador de empilhadeira. Reuniu, portanto, a experiência e a formação necessárias para a vaga.
Novas formas de contratação
Viviane Dall Agnol, 45 anos, está no terceiro trabalho para o qual foi contratada neste ano. A contadora atua agora como analista contábil e fiscal de uma metalúrgica. O que chama a atenção é que em nenhuma das contratações deste ano ela teve um vínculo por meio da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Atuou como pessoa jurídica (PJ) e está associada a uma cooperativa que vende os serviços dela à empresa.
A contadora, que estava fora do mercado desde 2015, decidiu em 2020 fazer um movimento de retorno. Nesse período, em que precisou de mais flexibilidade por conta de questões familiares, experimentou diversas atividades diferentes das que tinha desenvolvido até então, com foco especial na área de controladoria. Trabalhou como freelancer, em empresas pequenas, fez home office, deu aula. Mas, no final do ano passado, decidiu buscar uma recolocação e buscou uma agência para isso. Assim, surgiram as oportunidades por contratação PJ ou por meio da cooperativa.
— Uma coisa que eu vejo, na questão da empregabilidade, é que às vezes a gente se fecha muito para querer um modelo: "Não, eu quero só trabalhar via CLT." E tem outras formas de trabalho também. Então, isso vai garantir que tu estejas bem colocado, que tu estejas em um patamar legal de salário, de benefícios e tudo mais? Com certeza, só que daí tu também precisa se abrir um pouco ao mercado para perceber as oportunidades. O que eu percebi também é que o mercado está aquecido, mas o que ele busca muito? Profissionais que sejam, digamos assim, mais baratos.
Viviane entende que é possível negociar com as contratantes para compensar a falta de benefícios, como 13º salário, férias, seguro-desemprego. Foi isso que aconteceu na atual empresa. A contadora diz que a remuneração dela ainda está em negociação, porque fechou um contrato de dois meses e, depois desse prazo, voltará a avaliar o valor. Enquanto isso, adaptou a rotina para incluir também outras fontes de renda:
— Estou trabalhando em uma empresa e, ao mesmo tempo, estou buscando outras alternativas de renda para completar o que eu tinha antes e não diminuir muito o meu padrão de vida.
Vagas abertas no Sine de Caxias
Na agência do FGTAS/Sine de Caxias do Sul, a semana passada teve mais de 500 vagas abertas. É um pouco menos da média das semanas anteriores, quando girava em torno de 700, mas ainda assim o número é considerado positivo.
— Esse número de 526 para o final de ano ainda são muitas vagas. Se tu pegares, por exemplo, 2020, nós tínhamos 362 vagas em dezembro — compara o coordenador da agência, Maurício Adamatti.
Aliás, os dados em geral são melhores neste ano. No total, o Sine abriu 4.611 vagas até outubro. Para se ter uma ideia, em todo o ano passado, foram 2.770. O número de pessoas contratadas com a intermediação do serviço saltou de 520 em 2020 para 948 nos primeiros 10 meses de 2021.
— O que a gente está fazendo para melhorar é fazer um filtro maior no atendimento, pede para as empresas nos dizerem o que elas mais precisam dos requisitos para que a gente possa encaminhar quase certo uma pessoa para aquela vaga e ter uma possível contratação. Mesmo assim, a gente ainda tem uma grande dificuldade. Por mais que o Estado do Rio Grande do Sul e a cidade de Caxias do Sul tenham uma potência muito grande com currículos muito elevados diante de outros locais que a gente vivencia no Brasil, mesmo assim, a gente ainda sofre com a questão da experiência e de qualificação.
A setorização das vagas no Sine, segundo Adamatti, segue o seguinte padrão: primeiro, a indústria; segundo, os serviços; e por fim, o comércio. Quem está em busca de emprego pode procurar a agência das 8h às 12h, sem necessidade de agendamento. Uma recomendação é olhar antes a página do Sine Caxias no Facebook, onde as vagas são divulgadas diariamente e, assim, o interessado pode filtrar previamente se há alguma disponível na área de atuação dele.
Como fazer um currículo
Para quem está em busca de emprego, um currículo bem feito pode ser um passo estratégico. Para começar, é preciso preencher o básico: dados pessoais, com nome completo, formas de contato por telefone e e-mail, endereço; formulação de um objetivo (veja abaixo exemplos); nível escolaridade e formação; experiências profissionais anteriores.
— A experiência é um dos pontos mais importantes, porque o próprio recrutador vai olhar esse quesito — destaca Fábio Ribas, coordenador do curso de Gestão de Recursos Humanos da FSG Centro Universitário.
Ele orienta a organização dessas experiências em ordem cronológica: da mais atual para a mais antiga. Aliás, organização é um ponto importante. Outro aspecto é o cuidado com a extensão das descrições. A ideia é que o currículo pontue as informações, e a entrevista sirva para um aprofundamento:
— Hoje se buscam currículos mais enxutos, mais sucintos. Em média, um currículo vem em duas ou três páginas. É suficiente.
Um aspecto importante é garantir que todas as informações do currículo sejam estritamente verdadeiras. Vale a pena também prestar atenção à gramática:
— Um erro de digitação também tem que ter um cuidado redobrado. Porque a pessoa pega e está escrito uma palavra de uma maneira errada, a pessoa pensa: bom, mas se tem só duas ou três folhas e a pessoa não se atentou a corrigir esse erro... Pode passar várias impressões para quem está recrutando — comenta o professor.
Caso conheça alguém que entenda da formatação de currículo, o trabalhador pode também pedir uma avaliação dessa pessoa.
E como entregar o currículo: digital ou físico? O coordenador do curso de RH da FSG diz que, em empresas maiores, o padrão é receber online. Inclusive, muitas estão adotando softwares ou serviços de inteligência artificial. Já para empresas menores, bater na porta pode ser eficiente.
Falando em tecnologia, o LinkedIn é uma ferramenta bastante usada para conhecer melhor os candidatos. O professor afirma que ainda mais para cargos de nível estratégico e tático, mas sugere a quem procura uma vaga operacional que também mantenha o perfil atualizado.
Outra dúvida comum é: usar foto ou não no currículo? Ribas responde que varia muito do padrão da empresa, mas avalia que, de uma maneira geral, as empresas estão mais focadas nas competências do candidato, inclusive as comportamentais.
Como formular um objetivo
Nesse item, deve-se descrever brevemente quais são os objetivos no cargo buscado e na carreira. Veja alguns exemplos repassados à reportagem pelo professor Fabio Ribas:
Para quem tem experiências profissionais anteriores:
- "Quero utilizar o conhecimento adquirido por meio da minha formação acadêmica e experiência profissional como analista de gestão de pessoas em uma organização que promova o crescimento contínuo."
- "Procuro oportunidade para que eu possa colaborar com o conhecimento e experiência adquirida na área comercial atuando como gestor de vendas."
Para quem não tem experiências profissionais anteriores:
- "Como primeira experiência profissional, desejo atuar na área de recursos humanos (o qualquer outra área desejada) para promover o conhecimento e o crescimento na carreira."
Habilidades profissionais
Quem está à procura de emprego talvez já tenha se deparado com termos em inglês na descrição das exigências das vagas: hard skills e soft skills. Mas você sabe o que significam? Essas são habilidades que o profissional tem ou deve ter. No caso das hard skills, são aquelas que são facilmente descritas no currículo. Um exemplo: para alguém que procura ser operador de máquinas, é ter a competência de fazer essa operação. Já as soft são mais subjetivas e se tornam cada vez mais desejadas no mercado.
O professor do curso de RH menciona exemplos de habilidades que precisam ser trabalhadas pelos profissionais das mais diversas áreas: comunicação, resolução de problemas, solução de conflitos, liderança, trabalho em equipe, flexibilidade.
— São apenas algumas das diversas competências indispensáveis que um profissional precisa para estar preparado para um mundo corporativo que está em constante mudança.
Empresas relatam dificuldades para fazer contratações
Profissionais de Recursos Humanos (RH) de empresas de Caxias do Sul têm encontrado dificuldades para contratar funcionários. Os relatos são de problemas que já começam na entrevista, etapa para a qual muitos candidatos deixam de comparecer. Ao contrário do que se possa imaginar, essa insuficiência de mão de obra não está atrelada unicamente às áreas que exigem qualificação e experiência.
No caso da Embrasul Service, que presta serviços de limpeza, zeladoria, portaria e recepção, a exigência é comprometimento. Mesmo que a empresa ofereça treinamento, a contratação de funcionários começou a ficar prejudicada há cerca de um ano e meio, como conta a diretora executiva da Embrasul, Cristiane Salvador.
— A nossa principal dificuldade é buscar pessoas comprometidas e responsáveis com questões essenciais e básicas, como assiduidade, cumprimento de regras, que tenha disciplina. A empresa trabalha hoje muito na linha de não buscar experiência em um primeiro momento. Treinar, orientar, mostrar todo o processo. Mas tem as questões básicas, que são comprometimento e vontade de trabalhar. A gente prefere ensinar do que trazer alguém pronto, mas que realmente a pessoa tenha vontade de trabalhar. Um segundo ponto que a gente tem muita dificuldade é na própria entrevista. Quando a gente chama, por ser vaga operacional, é difícil fazer a entrevista online. Então, a gente procura trazer para o presencial. Na maioria das vezes, a gente chama de cinco a 10 pessoas para a entrevista e a metade vem.
Analista de RH da Petrymar Transportes, Renata Tochetto, conta que também enfrenta a dificuldade em dar sequência às entrevistas. Ela destaca que há uma vaga de arrumador de carga que está aberta há dois meses.
— Eu marco bastante entrevistas, a gente liga, conversa, marca, até pelo Whats. Muitas vezes, as pessoas não aparecem, o que chega a ser engraçado. Na hora que a gente liga, as pessoas demonstram interesse e, na hora da entrevista, nem dão retorno — conta, ao explicar que esse cenário começou a se intensificar na empresa há cerca de seis meses.
A analista de RH avalia que a remuneração para iniciantes (em torno de R$ 1,5 mil nas vagas mais básicas) pode ser um entrave para que o candidato aceite a vaga, mas diz que a empresa busca profissionais que queiram fazer carreira. Para isso, oferece, por exemplo, auxílio educação e indica cursos gratuitos de entidades do setor.
— Isso (a dificuldade de contratação) acaba nos deixando muito tristes, porque a gente, como RH, quer dar uma notícia boa para a pessoa, de contratar, investir nessa pessoa, mas, ao mesmo tempo, parece que as pessoas não querem. É um apelo que a gente faz para as pessoas. Claro, a gente entende que não é um salário que vai resolver a vida da pessoa, mas a pessoa tem que entender que também tem que começar um trabalho de formiguinha, buscando na empresa, mostrando que está dedicada, e a empresa vai acabar te vendo e te dando oportunidade.
Escassez aumenta para vagas com qualificação
Se para as vagas que não precisam de formação o cenário é difícil, empresas de RH relatam maior dificuldade ainda para as que têm exigências de escolaridade mínima e cursos específicos. A proprietária da Agregarh Desenvolvimento e Assessoria, Jéssica Bibiano, diz que a maior demanda é por profissionais com um mínimo de qualificação. O primeiro passo é ter o Ensino Médio completo. Como a maior parte das vagas disponíveis se concentra na indústria metalmecânica, outra exigência básica é o curso de LID e Metrologia. Profissionais do setor administrativo, diz ela, também estão escassos no mercado caxiense. Entram fatores como a remuneração abaixo do esperado e, mais uma vez, o fato de poucos estarem qualificados.
Para quem busca uma colocação, portanto, ter capacitações é fundamental. Por outro lado, Jéssica aponta que as empresas também vão ter de fazer flexibilizações. É que, nos últimos anos, havia muita mão de obra bastante qualificada disponível no mercado. Com isso, as empresas conseguiam pagar salários vantajosos para elas. Porém, com a continuidade de contratações durante a pandemia, proprietária da Agregarh sugere que os empresários terão de investir mais para atrair funcionários:
— As empresas estão tendo que remunerar mais alto, senão eles ficam sem os profissionais, e os profissionais estão escassos no mercado. Só que a régua continua alta. Então, a gente vem trabalhando isso com o nosso cliente, entender que a gente está agora em outra realidade, que a gente vai ter que flexibilizar mais alguns requisitos para atender toda a demanda. Mas os candidatos estão em uma postura muito mais acostumada.
A economista Maria Carolina Gullo pontua que também existe uma novo perfil relacionado às novas gerações de profissionais:
— As empresas querem e precisam de profissionais mais qualificados. A gente tem uma certa limitação com relação a isso. Na outra ponta, o salário inicial não é muito promissor. Principalmente as gerações mais novas, que são mais impacientes com relação a entrar em uma empresa e fazer carreira do que as gerações mais antigas. Então, há uma certa queda de braço entre as oportunidades e a remuneração, principalmente inicial, o que faz com que haja mais pesquisa inclusive por parte de quem está oferecendo essa mão de obra.
Caxias tem Fundo Municipal do Trabalho
A lei que cria o Conselho Municipal do Trabalho, Emprego e Renda e o Fundo Municipal do Trabalho foi sancionada neste mês pelo prefeito Adiló Didomenico. Essa iniciativa tem o objetivo de criar, executar e acompanhar políticas públicas de fomento à geração e manutenção de emprego e renda.
O conselho tem a incumbência de coordenar e fiscalizar o fundo, além de elaborar e apoiar projetos voltados à empregabilidade. Deve também articular, por meio de parcerias de órgãos públicos e entidades privadas, ações de capacitação para o mercado de trabalho. O fundo será usado para a capacitação de profissionais e ao custeamento de programas de incentivo ao emprego.
Como o Painel de Vagas foi criado
A reportagem apurou essas vagas entre os dias 17 e 22 de dezembro. Fizemos de diversas formas. Uma foi por meio de contato com a administradora de grupos de WhatsApp que reúnem profissionais de RH. Ela repassou o nosso e-mail para que as empresas e agências de emprego interessadas nos encaminhassem as vagas. Também fizemos contato com a agência do FGTAS/Sine de Caxias do Sul, colhemos informações sobre o concurso público para o Censo e do banco de empregos mantido no site da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul.