O cenário é completamente diferente para as empresas neste final de ano na comparação com 2020. A incerteza sobre o comportamento da pandemia não foi extinta, mas o avanço da vacinação no país traz alguma segurança para o funcionamento pleno do comércio e dos serviços, ainda que com medidas para evitar o contágio pelo coronavírus. É esse contexto que garante um aumento das vagas temporárias em relação ao ano passado em Caxias do Sul, dizem especialistas.
A Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) estima que o comércio caxiense tenha cerca de 300 contratações temporárias neste ano e o setor de serviços, aproximadamente 400. Os números foram calculados a partir de dados de uma pesquisa nacional sobre esse tipo de trabalho — que estimou um aumento de 22% nos temporários no país este ano, conforme informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e uma base de como é o comportamento no mercado de trabalho do município nesta época do ano.
O aumento significativo no número de vagas, em relação ao ano passado, está relacionado, principalmente, a um momento de maior flexibilidade. Em 2020, os meses de ápice de contratações temporárias, principalmente de outubro a dezembro, tinham restrições à quantidade de clientes que poderiam ficar nas lojas e receber atendimentos nos serviços. Atividades, como festas e eventos, ainda estavam suspensos.
— Era um cenário bem diferente do que a gente está vivendo agora. Não faria sentido ter uma contratação muito grande porque não teria quem atender. Então, hoje levamos em conta esse cenário com a vacinação e flexibilização dos decretos, o que permite uma quantidade maior de pessoas em serviços e no comércio, e o funcionamento de outros serviços (que no ano passado estavam proibidos) — comenta Cleber Figueredo, coordenador de Tecnologia Informação e Inovação da CDL Caxias.
A projeção, diz ele, é que 22% dos temporários se tornem efetivos. Após a temporada do Natal, no entanto, é comum que se encerrem esses contratos. Por outro lado, muitas empresas já contratam com o objetivo de manter o quadro. É o caso da Brisa, em Caxias do Sul, que contratou cerca de 20 funcionários para as 10 lojas da rede neste ano:
— Existe um aumento de vendas, então a gente contrata nesta época, mas não com a ideia de que sejam temporários, e sim de que sejam efetivados depois — explica o gerente de RH da Brisa, André Magnabosco.
Expectativa era maior
Dados do Caged mostram que em outubro de 2021, ao contrário do que se poderia esperar, houveram mais demissões do que contratações de temporários. Foram 23 vagas cortadas nos setores da indústria e dos serviços. Já o comércio não contratou. Mas vale um alerta: os números de novembro, um período quente de contratações, ainda não foram divulgados.
A economista Lodonha Maria Portela Coimbra Soares, coordenadora do Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS), diz que a inflação e o aumento da taxa de juros influenciam na contratação dos temporárias. Segundo ela, com a redução do poder de compra dos consumidores, as empresas não alcançaram o número de funcionários que pretendiam admitir por um tempo limitado:
— Esse ano foi melhor que o ano passado, mas a expectativa era maior. Tendo em vista a inflação e aumento das taxas de juros, embora tenha sido melhor que 2020, foi abaixo a expectativa do que os setores estavam esperando, especialmente o comércio e serviços — explica Lodonha, que complementa: — Tudo vai ser melhor que 2020 devido à flexibilização.
Há vagas abertas
Mesmo a pouco mais de duas semanas do fim do ano, há vagas temporárias abertas. Na agência de Caxias do Sul da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS/Sine), são 26 postos para técnico de suporte ao usuário, produção e atendente de lanchonete. Mas para quem está em busca de uma colocação permanente, também é possível conseguir um trabalho: são cerca de 700 vagas disponíveis no serviço.
O coordenador do FGTAS/Sine de Caxias, Maurício Adamatti, diz que 2021 apresenta condições mais consistentes de contratações.
— A gente torce para que o mercado de 2022 continue aquecendo. Não tem como fazer um prognóstico, porque é um ano que tem muitas coisas. Tem uma espécie de cuidado com essa nova onda de coronavírus e também é um ano de eleição. Pode ser um ano muito bom ou pode dar uma estagnada.