O ano de 2021 foi um ano relevante para a economia, que continuou a sofrer com a pandemia, mas já esboçou reações na região. Confira 21 destaques da economia na Serra neste ano:
Economia na pandemia
A primeira metade do ano foi particularmente crítica para o comércio e os serviços, que fecharam por diversas semanas devido à pandemia. Na indústria, houve empresas com dificuldades para conseguir oxigênio por causa da alta necessidade nos hospitais. Mas há quem tenha desenvolvido produtos para este momento de crise sanitária, como pesquisadores de Caxias do Sul que criaram um ventilador pulmonar portátil. No segundo semestre, com o avanço da vacinação, a retomada de eventos voltou a movimentar a região e uma sensação de normalidade tomou conta do comércio.
Yoki fechou em Nova Prata
A Yoki fechou em maio a fábrica da marca em Nova Prata. Com isso, cerca de 300 trabalhadores perderam o emprego. A empresa levou a produção para Pouso Alegre, em Minas Gerais. Justificou que o ajuste fez parte de uma estratégia para acelerar o crescimento da General Mills, grupo gestor da Yoki no Brasil.
Melitta saiu de Bom Jesus
A Melitta fechou em dezembro a fábrica em Bom Jesus. O encerramento das atividades foi anunciado em outubro. A produção foi transferida para Varginha, em Minas Gerais. Ao todo, 77 funcionários diretos foram demitidos e dois realocados. A empresa disse que levou em conta fatores logísticos, de produtividade e de custos de fabricação. A Melitta é dona da marca de café Bom Jesus desde 2016.
Safra da uva histórica
A safra da uva 2020/2021 é considerada histórica. A fruta teve alta qualidade e a estimativa é de que foram colhidas 890 mil toneladas de uva nos 35 municípios da Emater-RS/Ascar - Regional de Caxias do Sul. Esse volume caracteriza a maior colheita da história, conforme o engenheiro agrônomo Enio Todeschini. Para o setor vitivinícola, outra boa notícia é que a venda de vinhos finos, espumantes e moscatéis obteve crescimento no primeiro semestre, o período mais recente apurado pela União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra).
Laje de Pedra
Um dos mais tradicionais hotéis do Estado, o Laje de Pedra voltou a receber público em Canela. O empreendimento havia sido fechado em maio do ano passado devido à pandemia. A reabertura em novembro de 2021, após a aquisição pela rede Kempinski, envolveu o bar, anfiteatro e espaço de artes, além de um restaurante que valoriza as raízes gaúchas. A reinauguração do hotel está prevista para até 2024.
Ouça a retrospectiva:
Mais agilidade
A prefeitura de Caxias regulamentou em abril a Lei de Liberdade Econômica no município, com base em uma legislação federal de 2019. Com isso, agilizou-se a liberação de atividades de empresas de baixo risco. Assim, o processo que levava três meses agora leva 24 horas. As empresas de médio risco também foram beneficiadas. Após o registro da empresa o alvará sanitário, é emitido em caráter provisório, de 12 meses.
Programa de crédito
Para ajudar na recuperação da economia, um programa de crédito com juros abaixo do mercado foi lançado em Caxias do Sul pela prefeitura em parceria com a iniciativa privada. A contratação dos empréstimos pode ser feita a partir de setembro. Até 8 de dezembro, foram cerca de 250 empresas contempladas, que totalizaram aproximadamente R$ 5 milhões liberados. O CredCaxias também oferece capacitações para os beneficiados.
Bolsonaro
A 1ª Feira do Grafeno, realizada em julho na Universidade de Caxias do Sul (UCS), teve a presença do presidente Jair Bolsonaro na abertura. O evento possibilitou o contato entre empresas interessadas em utilizar o material nas unidades fabris. Outra interação de Bolsonaro com a economia caxiense aconteceu em novembro, quando a Marcopolo apresentou a ele o ônibus elétrico. O presidente fez questão de dirigir o modelo Attivi Padron.
Mulher na presidência
Em 2021, pela primeira vez em 107 anos de existência, o Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG) levou uma mulher à presidência. O cargo passou a ser ocupado pela empresária e professora de Matemática e Física, com mestrado em Estatística, Marijane Paese, 46 anos. Ela fica no cargo pelo biênio 2022-2023.
Desempenho econômico
A economia de Caxias do Sul cresceu 6,9% nos primeiros 10 meses de 2021. Os dados, que são os mais recentes apurados pela Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), indicam que a economia caxiense vai fechar no positivo neste ano. No indicador "acumulado do ano", Caxias do Sul tem desempenho positivo desde abril. A estimativa é fechar 2021 com crescimento de 7% a 8% na economia.
Preço da gasolina
A disparada do preço da gasolina assustou. De acordo com a ANP, o preço médio do litro da gasolina comum em janeiro em Caxias era de 4,847. Entre o final de novembro e início de dezembro, chegou a 7,031. A variação foi de 45%. A variação do preço do gás também pesou no bolso do caxiense. O botijão de gás de cozinha custou em média R$ 104,95, segundo pesquisa da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) entre o fim de novembro e início de dezembro. Em janeiro, também conforme a ANP, o preço médio era de 81,98. É uma alta de 28%.
Taxa Selic
A taxa Selic, que é a taxa básica de juros do país, aumentou por sete vezes seguidas em 2021. Com isso, chegou aos 9,25% ao ano. A última atualização foi no dia 8 de dezembro. Economistas ouvidos pelo Pioneiro durante o ano dizem que com a Selic mais alta, o momento é de segurar o dinheiro e evitar dívidas.
Inadimplência em baixa
Com o cenário econômico delicado, a redução da inadimplência chamou a atenção em Caxias neste ano. De acordo com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), o município alcançou a menor taxa de inadimplência em três anos. O estudo da entidade caxiense leva em conta um período de 12 meses, tendo agosto como referência. Os dados mostram que 142.001 pessoas estavam negativadas.
Empregos
A economia caxiense gerou até outubro 8.686 vagas de emprego formal. O dado é o mais recente divulgado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Com isso, embora o número ainda seja desconhecido, Caxias fechará o ano com mais vagas de trabalho abertas que fechadas. Cabe pontuar: até outubro, todos os meses tiveram saldo positivo na cidade.
Falta de mão de obra
Entidades empresariais da Serra apontam que há falta de qualificação de trabalhadores. De acordo com o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs), são cerca de mil vagas abertas na região não preenchidas por falta de capacitação dos candidatos. Um levantamento liderado pelo Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Bento Gonçalves neste ano também mostrou que de 220 empresas participantes, 86% têm dificuldade para encontrar mão de obra qualificada.
Inflação
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (IPES) da Universidade de Caxias do Sul (UCS), acumula alta de 7,25% de janeiro a setembro. Esse é o índice mais recente relativo à inflação na cidade. O mercado prevê que, no país, a inflação vai fechar o ano acima dos 10%.
Atacadões
No ano em que a inflação voltou a assustar o brasileiro, os moradores da Serra passaram a ter mais opções para fazer as compras do mês de casa. Ao menos quatro novos atacadões entraram em funcionamento em Caxias do Sul. Também houve inaugurações em Bento Gonçalves e Farroupilha.
Escassez de insumos
Setores da economia da Serra foram prejudicados por falta de insumos em 2021. Faltaram garrafas para as vinícolas engarrafarem os produtos e semicondutores para a produção de veículos. Também houve escassez de aço, prejudicando setores diversos, inclusive o metalúrgico e o moveleiro. Esse último sentiu ainda o impacto da falta de outras matérias-primas, como alumínio e plástico, placas de MDF, MDP e da própria madeira.
Cenários diferentes
No consolidados dos nove primeiros meses de 2021, a receita líquida das Empresas Randon foi de R$ 6,5 bilhões, um crescimento de 80% no comparativo com o mesmo período de 2020. Já a Marcopolo teve, também nos nove primeiros meses do ano, receita líquida de 2.415 bilhões, uma redução de 5,4% sobre o ano anterior. A empresa foi afetada neste ano pela falta de componentes elétricos, o que provocou férias coletivas entre agosto e setembro. A venda de ônibus também continuou afetada pela pandemia.
Guerra
Com a liberação da primeira licença para a retomada de operações da unidade 1, a fábrica da Guerra no bairro São Ciro, em Caxias do Sul, voltou à atividade em setembro ainda em fase de testes. O processo de retomada da fabricante de implementos histórica de Caxias é conduzido pela Rodofort, que arrematou a massa falida da Guerra, em março, por R$ 90 milhões. A Guerra havia parado a produção em maio de 2017.
Inovação em veículos
A Fábrica Nacional de Mobilidades (FNM) e a Agrale, que desenvolvem caminhões elétricos para a Ambev e fabricados em Caxias do Sul, homologaram em junho o veículo no Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Já uma parceria da Marcopolo e da Scania permitiu que a empresa Turis Silva operasse em 2021 o primeiro ônibus rodoviário movido à GNV para aplicações de fretamento no país.