A coluna desta quarta-feira, destacando o Edifício Pompéia, na esquina da Av. Júlio com a Rua Alfredo Chaves, recordou de um dos antigos estabelecimentos comerciais situados no térreo, onde hoje funciona o Sebo Só Ler. Falamos da firma Gruber & Bornheim Ltda, que ali se instalou em meados dos anos 1950, após passagens por dois outros pontos icônicos da avenida.
A empresa tem parte de sua história atrelada ao casal de imigrantes alemães Hermann Bornheim e Ida Marie Minna Kruse, estabelecidos em Caxias no início da década de 1920. Um fragmento dessa história foi compartilhado pelo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami, a partir de uma doação de documentos e fotografias pela família Bornheim e de entrevistas concedidas pelas irmãs Irmgard Cecília e Amalia Marie Gerda Bornheim ao Banco de Memória Oral em 2006.
Conforme informações do Arquivo, Hermann e Ida casaram em 25 de março de 1905 e, junto de seus dois filhos, Helmut e Agnes, migraram da cidade portuária de Bremen rumo o Brasil, onde chegaram em 21 de setembro de 1921. Por um curto espaço de tempo, a família Bornheim permaneceu em Minas Gerais, onde a filha caçula Agnes contraiu febre amarela.
Procurando um lugar melhor para se estabelecer — e sabendo que o clima ao sul do Brasil assemelhava-se ao de seu país de origem —, Hermann veio para o Rio Grande do Sul. Ao conhecer melhor as condições de moradia, trouxe o restante de sua família para radicar-se em Caxias.
Produtos elétricos
Hermann Bornheim foi sócio proprietário da empresa Matté & Bornheim, que comercializava produtos elétricos na parte inferior da residência de Fioravante Zatti, na então Rua Júlio de Castilhos, entre a Borges de Medeiros e a Alfredo Chaves.
Já entre 1937 e 1938, a razão social da firma foi alterada para “Eletricidade e Bazar Bornheim”, mesma época em que mudou o ramo de atuação para produtos elétricos, bazar e utilidades para o lar. Foi quando a sede foi transferida para o piso inferior da residência da família de Álvaro Scotti, na esquina da Júlio com a Marquês do Herval (atual prédio da Farmácia Central, na foto que abre a matéria).
Em reclame publicado na edição de 26 de setembro de 1937 do jornal Folha do Nordeste (foto abaixo), consta que a loja “Eletricidade e Bazar Bornheim” comercializava “Rádios Philips — Motociclos Zundapp — Bicicletas legítimas Adler”, além de camas e fogões da marca Rossi, lustres, artigos para presente, louças, cristais, vidros, brinquedos, artigos para banheiro, baterias de alumínio e esmaltadas.
Mantinha, ainda, uma seção de estudos de engenharia e montagem de usinas em geral num espaço anexo, além de aceitar a contratação de serviços de caráter elétrico.
Os comércios
As famílias Bornheim e Scotti residiam no mesmo local em que mantinham seus comércios: os Bornheim focavam no ramo de bazar, utilidades para o lar e materiais elétricos, enquanto os Scotti eram proprietários de um armazém de secos e molhados e venda de tecidos em geral.
Na metade da década de 1950, a loja passou para a razão social “Gruber & Bornheim Ltda.”, migrando do casarão da esquina da Júlio com a Marquês do Herval para o Edifício Pompéia. Hermann, mais conhecido na cidade como Germano, era também grão mestre do núcleo maçônico. Ele faleceu em 23 de outubro de 1958.
Parceria
Fotos e informações desta página são uma colaboração do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.