Em 6 de outubro, os brasileiros vão às urnas para escolher os representantes dos seus municípios de 2025 a 2028. Em Passo Fundo, no norte gaúcho, os mais de 149 mil eleitores aptos a participar do processo eleitoral elegem 21 vereadores, além do prefeito e vice.
Mesmo que pareça que outubro está distante, o trabalho nos bastidores dos partidos já se iniciou, em alguns casos, ainda em 2023. Segundo a colunista de GZH Passo Fundo, Nadja Hartmann, as negociações partidárias municipais neste pleito contam com grande interferência das executivas estaduais.
— Essa é mais uma demonstração de que definitivamente as eleições de 2024 servirão de prévia para 2026. Além disso, o aval dos caciques partidários é fundamental para garantir fatias maiores na divisão do bolo do fundo eleitoral — analisou a jornalista em sua coluna publicada em 15 de janeiro de 2024.
Dentro do calendário eleitoral, um dos meses mais importantes para os partidos é março, com a chegada da janela partidária, período em que os atuais vereadores podem realizar a mudança de partido sem perder o mandato. Mesmo que a campanha eleitoral só comece em agosto, a Justiça Eleitoral permite que os partidos se mobilizem e os pré-candidatos se organizem em busca de apoio.
Neste ano, a redução no número de candidatos deve movimentar as negociações partidárias. Se na última eleição municipal, em 2020, os partidos de Passo Fundo podiam apresentar até 32 candidaturas, a regra que vale desde 2022 define que cada sigla poderá ter apenas 22 candidatos a vereador (ou seja, 100% das cadeiras da Câmara mais um). A cota de 30% para candidatas mulheres segue a mesma.
Para entender as movimentações e negociações que acontecem nos bastidores, GZH conversou com os presidentes dos partidos que possuem representação na Câmara de Passo Fundo. Ao todo, são 14 siglas: Cidadania, MDB, PSDB, PDT, PT, PL, PSD, PSB, PTB, Podemos, Progressistas, Republicanos, Solidariedade e União Brasil. Confira o que diz cada uma delas a seguir.
Bastidores da política em Passo Fundo para 2024
Movimento Democrático Brasileiro (MDB)
O presidente do MDB em Passo Fundo, Luciano Ribas Fortes, destacou que o partido compõe a atual administração há um bom tempo através de João Pedro Nunes, eleito duas vezes como vice-prefeito. Segundo Fortes, o partido deve avaliar todas as possibilidades para as eleições de outubro, mas vai trabalhar para ampliar o espaço que tem hoje no governo.
— O MDB é um partido com 1,7 mil afiliados e temos vários perfis que podem compor uma majoritária, tanto a nível de prefeito quanto de vice. O intuito é de somar e continuarmos trabalhando em conjunto — disse.
Em relação às candidaturas proporcionais, para a Câmara de Vereadores, a expectativa é contar com uma nominata em busca de uma boa votação.
— Acredito que podemos ampliar. Estamos sim na labuta com vários perfis que vão desde jovens até as pessoas com mais experiência. Com dois vereadores hoje, a nossa prospecção é chegar a quatro — explicou Fortes.
Partido Democrático Trabalhista (PDT)
A vereadora e presidente do PDT, Regina Costa dos Santos, diz que o partido está se organizando de olho no fortalecimento da sigla. Outro objetivo é aliar a experiência das lideranças de quadros mais antigos com as que ingressam ou retornam à sigla.
— Quanto a eleição da majoritária, de prefeito e vice, estamos em fase de diálogo com outras siglas partidárias para apresentar uma chapa com condições de igualdade na disputa da prefeitura. O PDT é um dos maiores partidos políticos de Passo Fundo, com mais de 2 mil filiados e temos muito a contribuir com a cidade — afirmou.
Em relação às candidaturas para a Câmara, Regina declarou que a sigla já possui alguns nomes em mente enquanto busca novas lideranças.
— O PDT tem bons nomes na nominata que são consolidados e estaremos investindo em lideranças novas. As mudanças na lei eleitoral apresentam um desafio para todos os partidos, pois teremos que fazer escolhas, priorizando candidaturas com maior potencial de voto e com representatividade, o que poderá deixar alguns de fora, mas isso tradicionalmente já é um desafio para o desafio. Caberá à convenção do partido fazer uma boa avaliação dos nomes que serão apresentados — afirmou Regina.
Partido dos Trabalhadores (PT)
Desde 2022, o PT faz parte da Federação Brasil de Esperança, junto do PCdoB e PV. De acordo com o presidente Áureo Mesquita, essa configuração não deve se repetir integralmente em Passo Fundo, visto que o PV está desconstituído na cidade e não está claro se conseguirá se organizar a tempo do pleito.
— Temos um pensamento em comum de buscar o PDT e o Psol para compor uma aliança que tente polarizar com o bloco que chamamos da extrema direita. Além disso, há uma mesa de negociação com acordo de construção de candidatura e o bloco governista. Nós já tínhamos uma conversa informal e, em fevereiro, vamos levar o que se pensa para essa construção e, especialmente, nomes — pontou.
Na eleição para o legislativo, Mesquita afirmou que a federação deverá ter nominata completa. Até agora, o acordo é que o PT indicará 15 nomes e o PCdoB sete.
— Vamos ver como é que fica a questão do PV aqui na cidade. Devemos ter os 22 nomes e objetivo de eleger pelo menos três vereadores. Nossa leitura é que temos capacidade de fazer isso. Para o partido, agora, nós começaremos a formar politicamente todas as candidaturas e dar uma linha de ação comum — explicou.
Partido Liberal (PL)
O presidente do PL, Márcio Patussi, disse que o partido tem conversado com outras siglas do campo centro-direita do município, especificamente Republicanos e Podemos. A partir disso, as definições dos nomes que concorrerão a prefeito e vice serão tomadas em conjunto.
— O momento da escolha e o perfil dos candidatos à prefeito e vice serão decididos por essas lideranças a partir de indicadores de pesquisa — pontuou Patussi.
Sobre o legislativo, o presidente afirma que trabalha na construção dos nomes que deverão ser candidatos desde 2023. Segundo Patussi, o partido terá 22 candidaturas, sendo sete de mulheres.
— Estamos desde o ano passado formalizando os convites para que os pré-candidatos possam enfrentar esse desafio que é buscar uma vaga na Câmara de Vereadores. Já estamos com a nominata praticamente completa e também instruindo esses pré-candidatos com a linha doutrinária ideológica do partido, com algumas ações que entendemos ser importantes de discussão de políticas públicas para a cidade de Passo Fundo — pontuou.
Partido Social Democrático (PSD)
O presidente do PSD, Leandro Bussolotto, afirmou apenas que o partido irá trabalhar para a reeleição do atual prefeito Pedro Almeida e que terá nominata completa para vereador:
Em 29 de dezembro de 2023, GZH Passo Fundo conversou com o prefeito Pedro Almeida, que evitou falar em reeleição.
— Estou muito focado nas entregas. Acho que ainda não é o momento de falar em eleições, de política. A partir de março teremos mais certeza do que vai acontecer — afirmou.
Podemos
De acordo com o presidente, Iriel Sachet, o Podemos pretende decidir o rumo sobre a candidatura, ou não, para a prefeitura de Passo Fundo até março.
— Hoje, o Podemos tem o nome do Cláudio Doro, que é conhecido e concorreu na última eleição. É um nome respeitado dentro e fora do partido. Acredito que, se Claudio Dóro manter a decisão de concorrer, é um nome que vai o total apoio do partido. E, fora isso, estão as tratativas de coligação, a conversa com outros partidos. Então, a gente entende que até março isso será definido. Tem possibilidade de coligação, sim, mas o Podemos não abre mão de estar na majoritária — explicou Sachet.
Já para a eleição proporcional, o presidente destaca que a sigla já possui cerca de 20 pré-candidatos e o que o maior desafio será definir quem vai para a corrida eleitoral durante as convenções. Ele também afirma que, se possível, o partido deverá lançar 11 candidatos homens e 11 mulheres.
— A gente teve uma grata surpresa no ano de 2023, quando o Podemos cresceu quase 300% em Passo Fundo e passamos dos 500 filhados. Estamos vendo que, em virtude da redução de candidatos por partido, vamos ter que levar uma votação para a convenção municipal para definir o que vai acontecer — disse Sachet.
Progressistas
O presidente da sigla, Rangel de Camargo Rodrigues, destacou que o partido encontra-se na base de apoio ao prefeito Pedro Almeida (PSD), com dois secretários e cinco filiados em outros setores municipais. Por isso, o partido deverá apoiar a reeleição.
— O Progressistas é um partido tradicional de centro-direita que ao longo de sua história sempre demostrou condições de trabalhar e fazer a diferença no desenvolvimento de Passo Fundo. Acreditamos continuar apoiando o prefeito Pedro Almeida na ótima condução administrativa de nossa cidade e fazendo nossa parte como políticos e cidadãos —afirma.
Sobre as candidaturas a vereador, o presidente afirma que será um desafio em virtude da redução do número de candidatos. Porém, a sigla já enxerga a situação como uma oportunidade.
— Para se adequar à legislação, os partidos deverão criar critérios que ofereçam ao eleitor candidatos mais qualificados e aptos aos desafios que a política e as demandas públicas oferecem. O Progressistas apresentará seus melhores e mais preparados candidatos para que o eleitor possa de forma criteriosa e consciente escolher sua melhor representação — pontou.
Republicanos
O presidente estadual da sigla, o deputado federal licenciado Carlos Gomes, se reuniu com o presidente do partido em Passo Fundo, Rodinei Candeia, e exigiu um projeto para a campanha deste ano. Segundo Candeia, o Republicanos irá compor chapa majoritária (prefeito e vice), mas ainda não definiu a posição que ocupará.
— Na majoritária, está definido que nós vamos participar da chapa majoritária, o que não está definido, até porque não depende só de nós, é em que posição o Republicanos vai estar. Mas certamente faremos parte dessa montagem para a eleição de 2024 —disse Candeia.
Já para a Câmara, o presidente afirmou que o partido não tem dificuldade em montar a nominata, pois semanalmente é procurado por pré-candidatos e pessoas que têm vontade de participar do processo.
— Já estamos com mais da metade da nominata composta e ainda tem espaço para que venham pessoas com nomes relevantes para concorrer pelo Republicanos — pontuou.
União Brasil (UB)
Segundo o presidente, Rafael Colussi, o partido faz parte da coligação do prefeito Pedro Almeida (PSD) há anos e deve manter o apoio em 2024.
— Estamos fechados com a administração. Fizemos parte dessa coligação já há alguns anos, então temos o compromisso de estar junto e construir a majoritária com o prefeito Pedro Almeida. Vamos dialogar e, com certeza, continuar nessa coligação — afirmou.
De acordo Colussi, o partido terá nominata completa na disputa pela Câmara de Vereadores.
— Agora é pra isso que estamos trabalhando, já com um bom número de vereadores encaminhados. Vamos fortalecer também com o compromisso da administração e ajudar a construir. Estamos tratando dessa eleição não individualmente, mas como um grupo político que administra a cidade, que tem bons resultados e vai continuar trabalhando em conjunto — diz.
Partido Socialista Brasileiro (PSB)
Em comunicado enviado a GZH Passo Fundo, a sigla informou que faz parte da base do governo Pedro Almeida e manifestou apoio a sua reeleição.
— Com relação a nossa nominata de candidatos a vereador, disputaremos a eleição com a nominata completa — afirmou o presidente do partido em Passo Fundo, Fernando Pires.
PTB
Já não tem diretório municipal após a extinção do partido, que se fundiu com o Patriotas e deu início ao PRD em novembro de 2023. O único representante da sigla na Câmara, Evandro Meirelles, deve mudar de partido na janela partidária. O destino, porém, ainda não foi informado.
Cidadania, PSDB e Solidariedade
Os presidentes das siglas foram procurados, mas não responderam aos pedidos de comentário até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto.