Enquanto as águas de março não fecham o verão e o ano eleitoral oficialmente não toma às ruas, os partidos de Passo Fundo tratam de se articular nos bastidores. No entanto, o que vem chamando a atenção no processo pré-eleitoral deste ano é a grande influência das executivas estaduais nas decisões, mais uma demonstração que definitivamente as eleições de 2024 servirão de prévia para 2026. Além disso, o aval dos caciques partidários é fundamental para garantir fatias maiores na divisão do bolo do fundo eleitoral. Necessariamente isso não quer dizer que as executivas terão a palavra final nas decisões de nomes e coligações, já que questões locais são soberanas, mas sem dúvida, sem a concordância dos caciques nada irá para a frente, e se for, pode ser alterada... como aliás, já aconteceu em passado recente em Passo Fundo.
Aposta na máquina
Se isso vale para partidos que não estão no poder, vale ainda mais para os partidos que precisam contar com a máquina dos governos, como PT e PSB em nível federal ou PSDB e MDB na esfera estadual. E é nessa máquina chamada governo Lula que os partidos de esquerda e centro-esquerda de Passo Fundo estão apostando. Provavelmente é por causa dela também que pode se confirmar uma aliança inédita na história política recente de Passo Fundo, com uma união destes partidos. É sobre isso que a presidente do diretório municipal do PDT, vereadora Regina Costa, estará tratando em uma reunião com o presidente estadual da sigla, Romildo Bolzan, nesta segunda-feira (15) em Porto Alegre. O nome dos sonhos do “Frentão” continua sendo do ex-prefeito Airton Dipp, e dizem que para garantir esta aliança, até mesmo nomes de peso do PT, como o ministro Paulo Pimenta, podem entrar em ação.
Cabos eleitorais
Se a esquerda aposta na máquina do governo federal, a direita também se movimenta para contar com cabos eleitorais de peso em Passo Fundo. Além da possível vinda do ex-presidente Jair Bolsonaro, também está sendo articulada a vinda do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. A sinalização foi dada ao vereador Rodinei Candeia, durante uma reunião em Porto Alegre com o presidente estadual do Republicanos, secretário de Habitação Carlos Gomes. No encontro, o presidente da sigla reforçou a intenção de ter candidatura à majoritária em Passo Fundo e solicitou ao vereador um projeto para as eleições, abrangendo também as candidaturas ao legislativo. Segundo Candeia, o Republicanos já tem montada a nominata e trabalha agora na elaboração deste projeto, que deve ser apresentado ao presidente da sigla ainda este mês, quando ele estará em Passo Fundo.
Tucano
Quem também deve visitar o município ainda em janeiro é o governador Eduardo Leite. Segundo o assessor Mateus Wesp, a agenda ainda está sendo construída e a data prevista é para após o dia 25. O governador deve participar da inauguração de um pacote de obras que conta com recursos do governo do Estado. Confirmada a visita, sem dúvida, serão muitos “flashes” de Wesp ao lado do governador, no sentido de colar ainda mais a sua imagem ao tratamento VIP que Passo Fundo vem recebendo do governo Leite, e fortalecer o seu nome como pré-candidato a vice-prefeito na chapa de situação. O PSD insiste que o martelo ainda não foi batido, enquanto o PSDB insiste na tese de candidatura própria, estratégias compreensíveis nestas “alturas do campeonato”, quando ainda é muito cedo para o PSD fechar portas para outras siglas aliadas, como também muito cedo para qualquer partido admitir que não estará na cabeça de uma majoritária. Da mesma forma, também é muito cedo para Wesp se lançar vice, mesmo sendo inegável e irrefutável que o nome de Eduardo Leite no município é o dele. Como disse uma fonte desta coluna: “Wesp tem bico de tucano, asa de tucano e voa como tucano... Porque então o PSDB apostaria em algum outro pássaro?”
Expectativa
Sabe-se que quando se trata de negociação salarial de servidores, o que está em jogo são muito mais do que números e porcentagens, principalmente em um ano eleitoral. Por isso, apesar de existir uma grande distância entre o índice proposto no orçamento e o reivindicado pelo Simpasso, a expectativa da direção do sindicato é de este ano a categoria vença a queda de braço com o Executivo. Em assembleia na última quarta-feira (10), foi decidido pela reposição de 4,40% do IPCA mais 8% de reajuste, ou seja, 12,4%, bem acima dos 5% propostos pela administração, além de R$ 1.500 de vale-alimentação e sem parcelamento. Para a presidente do sindicato, Maria Bernadete de Matos, o município possui todas as condições para atender a reivindicação, uma vez que não enfrenta problemas financeiros e hoje se encontra bem abaixo do limite prudencial imposto pela legislação que é de 51%. Hoje, segundo ela, a folha de pagamento da Prefeitura de Passo Fundo representa 47,89% do orçamento.