Por Nadja Hartmann, jornalista
O ano de 2023 se encerra com políticos sendo políticos aprovando no apagar das luzes do Congresso, um fundo eleitoral de R$4,9 bilhões e aproximadamente R$53 bilhões para emendas parlamentares em 2024. Ou seja, nenhuma surpresa... Porém, vale destacar que dois deputados da região — Luciano Azevedo (PSD) e Reginete Bispo (PT) — votaram contra o projeto da Lei Orçamentária. Mas já que final de ano é época de balanço e esta é a última coluna de 2023, vale um flashback da política local e regional. Um ano que pelo menos em representatividade fecha com saldo positivo. A região que iniciou o ano com dois deputados federais eleitos — Márcio Biolchi (MDB) e Giovani Cherini (PL) — emplacou mais três deputados no decorrer de 2023: Reginete Bispo (PT), em fevereiro, Luciano Azevedo (PSD), em março e Ronaldo Nogueira (Republicanos) em novembro. Hoje, podemos dizer que temos uma bancada federal para chamar de nossa... No ano de 2023, Passo Fundo também demonstrou seu peso político, com o município sendo visitado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e dois ministros: da Comunicação, Paulo Pimenta e da Agricultura, Carlos Fávaro.
Proximidade
Na Assembleia Legislativa não foi diferente, já que a região esteve representada com dois deputados no comando da Casa: Vilmar Zanchin (MDB), de Marau, na presidência e Nadine Anflor (PSDB), de Getúlio Vargas, na vice-presidência. Aliás, há grandes chances do Estado ser governado interinamente por um marauense, caso se confirme as férias do governador Eduardo Leite e do vice Gabriel Souza na mesma data no início de janeiro. Já junto ao governo do Estado, Passo Fundo perdeu um secretário, mas ganhou um assessor posicionado na antessala do governador, o que faz com que apesar da saída de Mateus Wesp do secretariado e do primeiro escalão, ele continue sendo um intermediário direto das lideranças da região junto ao governador. E vale destacar que este primeiro ano do segundo mandato de Eduardo Leite foi marcado por uma grande aproximação com Passo Fundo. Tanto que ele se tornou o mais novo amigo de infância do prefeito Pedro Almeida e do deputado Luciano Azevedo...
Quem ganhou I
Já no cenário local, apesar das previsões de grande acirramento por conta do ano pré-eleitoral, o pé no freio dos partidos em lançar nomes garantiu um clima menos “bélico”. Os momentos mais tensos entre governo e oposição foram pontuais, o que se atribui também, sem dúvida, ao poder de articulação do secretário de Relações Institucionais, Josué Longo junto aos vereadores. Após 2022 ter encerrado com uma derrota política retumbante para o Executivo, com a rejeição do projeto de subsídio ao transporte coletivo, este e mais de 90% dos projetos enviados para a Câmara foram aprovados em 2023. Ou seja, a estratégia de “cooptar” vereadores flutuantes deu certo e o governo praticamente “nadou de braçada” nas votações, inclusive as mais polêmicas envolvendo os servidores públicos. Falando nisso, tanto o Simpasso quanto o CMP saem fortalecidos de 2023. Ambos sindicatos conseguiram conduzir bem as negociações, em especial, no episódio da reforma administrativa, garantindo que o projeto aprovado não trouxesse prejuízos maiores para as categorias...
Quem ganhou II
Quem também sai fortalecido de 2023 é o PSDB, que apesar de possuir apenas um vereador, termina o ano com os dois pés dentro do governo e como o partido mais cotado para compor a majoritária ao lado de Pedro Almeida. Porém, se formos falar de protagonismo, a taça vai para os partidos de direita como o PL e Republicanos, que com eventos durante o ano conseguiram manter filiados e simpatizantes mobilizados, apesar da derrota eleitoral de 2022. Verdade que a cidade que ergueu uma estátua para o ex-presidente Jair Bolsonaro não foi visitada por ele nas suas duas vindas ao RS este ano. Verdade também que esta mesma cidade é a que o PT em 2023 alcançou a liderança no ranking em número de filiados... São as contradições da política... Falando em PT, a grande dúvida é se os partidos de esquerda e centro-esquerda de Passo Fundo aprenderam a lição de 2020 e irão conseguir superar as divergências em nome de um Frentão para 2024...
Calendário
Ainda sobre as majoritárias, o aparente silêncio dos partidos esconde uma grande movimentação nos bastidores, onde a palavra de ordem é pesquisa! A maioria das executivas já contratou os institutos que devem iniciar a sondagem junto aos eleitores no raiar do próximo ano. Apesar de partidos como PSD, de Pedro Almeida, afirmar que a decisão sobre a majoritária, — no caso o nome do vice — só será tomada em junho, o calendário eleitoral impõe outro cronograma, já que os futuros candidatos devem se filiar seis meses antes das eleições. O calendário também irá provocar mudanças no Executivo, devido a desincompatibilização em abril dos secretários que irão concorrer.
Portal
Já para a disputa ao legislativo, esta será a primeira eleição valendo a nova regra que reduziu o número de candidatos. Para se ter uma ideia, em Passo Fundo, onde a Câmara possui 21 cadeiras, cada partido só poderá lançar 22 nomes. Em 2020, o limite foi de 31 candidatos. O funil mais estreito vai obrigar os partidos a fazer escolhas ainda mais assertivas apostando em nomes que já foram testados e saíram bem sucedidos nas urnas, a exemplo dos atuais vereadores. Isso deve provocar uma grande corrida em abril, transformando a janela partidária em um verdadeiro portal...
Desejo
...O que se espera é que além de nomes, os partidos se preocupem principalmente com propostas e que as negociações não sejam feitas em troca de minutos de propaganda eleitoral, mas sim baseadas em programas e proposições de políticas públicas concretas e efetivas para a população. É isso que essa coluna deseja para 2024: que como escrevi no tópico inicial, que políticos continuem sendo políticos, porém na verdadeira essência da palavra e que, assim, nos surpreendam... positivamente!
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