Por Nadja Hartmann, jornalista
O fenômeno não é particular de Passo Fundo, uma vez que o número de filiados em partidos políticos estagnou ou caiu em todo o país nos últimos anos. Enquanto nas eleições de 2018 havia 15,9 milhões de eleitores filiados a algum partido no Brasil, nas eleições de 2022 o número caiu para 15,8 milhões, o que demonstra uma grande dificuldade dos partidos em geral atraírem novos eleitores fieis.
Em Passo Fundo, apesar de uma alta entre 2018 e 2022, passando de 15.288 para 15.943 filiados, o número voltou a cair em 2023. Até agosto, dos 149 mil eleitores de Passo Fundo, 15.753 possuíam ficha partidária. De acordo com o último levantamento divulgado no site do TSE, quem lidera o ranking é o PT, com 1.911 filiados, mas perdeu eleitores do ano passado até agora, o que, aliás, aconteceu com todos os maiores partidos de Passo Fundo.
O PDT, por exemplo, que ocupava o primeiro lugar em número de filiados até 2022, passou para o segundo lugar no ranking, já que sofreu uma redução de 1.942 filiados em 2022 para 1.895 filiados em 2023. O mesmo aconteceu com o PTB, o PSDB, o MDB, PP e PSB que continuam entre os maiores, mas reduziram de tamanho, como mostramos a seguir:
- PT: 1.936 (2022) e 1.911 (2023)
- PDT: 1.942 (2022) e 1.895 (2o23)
- PSDB: 1.743 (2022) e 1.723 (2023)
- PTB: 1.737 (2022) e 1.716 (2023)
- MDB: 1.669 (2022) e 1.644 (2o23)
- PP: 1.451 (2022) e 1.435 (2o23)
- PSB: 1.136 (2022) e 1.126 (2023)
Quem ganhou
Por outro lado, os partidos “menores” foram os que mais cresceram. O Podemos, por exemplo, que tinha apenas 104 filiados em 2022, ganhou 243 filiados neste ano, passando para 347. O mesmo aconteceu com o Solidariedade, que passou de 155 para 319 filiados. Ambos partidos são alinhados mais à direita, porém, o PL, partido do ex-presidente Bolsonaro, sofreu uma pequena redução no município, passando de 477 filiados em 2022 para 472 filiados em 2023.
Outro partido alinhado com a direita e que também perdeu filiados foi o Republicanos, passando de 307 para 292. Já o PSD, partido do prefeito Pedro Almeida e do deputado Luciano Azevedo, ganhou apenas três novos filiados de 2022 para 2023, passando de 252 para 255.
Vale destacar que segundo as estatísticas do TSE, dos 15.753 eleitores filiados de Passo Fundo, 10.655 possuem ficha partidária há mais de 10 anos, o que é mais uma demonstração da dificuldade dos partidos em atrair novos nomes.
Outro dado que chama atenção é que do total de filiados, apenas 122, ou 0,77% tem de 18 a 24 anos, o que revela o afastamento dos jovens da política partidária. Assim como em todo o país, a maioria (53%) dos filiados em Passo Fundo são homens. Os dados merecem uma profunda reflexão entre as lideranças partidárias...
Anúncio oficial
Entre o anúncio extraoficial e o anúncio oficial levou dois meses, mas finalmente o deputado Carlos Gomes, do Republicanos, foi confirmado no secretariado do governo Eduardo Leite, abrindo a vaga na Câmara para o ex-ministro do Trabalho do governo Temer, o carazinhense Ronaldo Nogueira, primeiro suplente do partido.
A notícia havia sido antecipada na edição de 30 de agosto desta coluna mas, na época, as enchentes no Estado acabaram concentrando todas as atenções do governo e adiando a mudança no secretariado. E, como “gato escaldado tem medo de água fria”, Ronaldo prefere ainda não comemorar sua ida para a Câmara dos Deputados. Como sempre cauteloso, disse a esta coluna que “irá aguardar acontecer”.
Comemoração
Porém, lideranças de Carazinho já comemoram o fato de contar com mais um representante do município em Brasília, além do deputado Márcio Biolchi (MDB). Segundo o prefeito Milton Schmitz, Ronaldo tem todos os requisitos para ser um grande representante da região na capital federal.
— É muito importante nós termos dois deputados na Câmara dos Deputados. Para o executivo municipal, representa mais um defensor da nossa cidade e região — afirmou o prefeito, complementando ser um motivo de orgulho para Carazinho e “que recebeu a notícia com muita alegria”.
Para o presidente do Hospital de Caridade de Carazinho (HCC), Jocélio Cunha, a presença de Ronaldo na Câmara Federal irá fazer a diferença para Carazinho e região.
— Tenho certeza que a liderança e a capacidade de Ronaldo vai nos permitir avançar ainda mais no desenvolvimento — afirmou, acrescentando que na área da saúde, o ex-ministro sempre foi um grande parceiro, em especial para o HCC.
Defesa
Ronaldo Nogueira já exerceu dois mandatos como deputado federal, de 2011 a 2019, quando era filiado ao PTB. Como ministro do trabalho do governo de Michel Temer, conseguiu aprovar a reforma trabalhista o que, segundo ele próprio, lhe custou a reeleição.
Já em 2022, com menos de 40 mil votos, acabou ficando na primeira suplência do partido. Mesmo que isso tenha lhe custado perda de popularidade junto aos seus eleitores, Ronaldo continua sendo um grande defensor das mudanças na legislação trabalhista.
Recentemente, ele voltou a se manifestar publicamente sobre o assunto, chamando de “infeliz” a afirmação da ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Delaíde Alves Miranda Arantes, de que a reforma de 2017 gerou “precarização de empregos e uma terceirização ampla”.
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