Por Nadja Hartmann, jornalista
Voto não se compra! Aliás, a compra ou a venda de voto constitui crime eleitoral. Voto se conquista diante de inúmeras variáveis — parte delas, porém, depende sim de recursos financeiros.
Tanto que em 2020, nas últimas eleições municipais, o prefeito eleito de Passo Fundo, Pedro Almeida (PSD), gastou R$ 12,41 por cada um dos 40.194 votos conquistados, totalizando um valor de R$ 499 mil na campanha.
Já o vereador que mais gastou, Rodinei Candeia (Republicanos), investiu R$ 30,57 por cada um dos 2.825 votos que recebeu nas urnas, alcançando um valor total superior a R$ 86 mil, bem próximo do limite de R$ 97 mil estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Neste ano, caso as três majoritárias confirmadas em Passo Fundo gastem o limite estipulado pelo TSE, o total de despesas da campanha para prefeito deve chegar a quase R$ 2 milhões, já que cada um poderá gastar até R$ 652 mil.
Economia local
Somando todas as despesas registradas pelos candidatos eleitos em 2020, incluídos os vereadores, o valor chegou a aproximadamente R$ 780 mil, divididos em produção de propagandas eleitorais para rádio, televisão e impressos, pesquisas internas, divulgação nas redes sociais e outros serviços terceirizados.
A boa notícia é que, no caso dos candidatos que contrataram agências, empresas e profissionais locais, o dinheiro ficou aqui, impulsionando a economia local e gerando empregos. Aliás, bairrismo à parte, esta deveria ser uma das prioridades nos critérios de contratação por parte dos candidatos...
Fundo partidário
Em 2020, os candidatos a prefeito e vereador que mais gastaram foram os que obtiveram maior número de votos, mas isso não é necessariamente uma regra... Um exemplo é o vereador Sargento Trindade, segundo candidato mais votado em 2020, que gastou apenas R$ 2,89 por voto.
Para este ano, com os valores devidamente corrigidos pelo IPCA, o limite de despesas para as campanhas majoritárias é de R$ 652 mil, R$ 150 mil a mais que em 2020. Já para os candidatos à Câmara, o limite é de R$ 126 mil.
Com o fim do financiamento privado de campanhas, grande parte das despesas é bancada pelo fundo partidário. Em 2020, por exemplo, 98% das receitas arrecadadas pelo prefeito Pedro Almeida vieram do PSB, que repassou R$ 500 mil ao então candidato pelo partido. Além do fundo partidário, a campanha recebeu R$ 11 mil de doações de pessoas físicas.
Já o segundo colocado nas urnas, o candidato Márcio Patussi, na época do PDT, recebeu R$ 350 mil do partido e R$ 50 mil do PP, o que representou 86% do total. Vale lembrar que ambos deixaram os partidos que concorreram meses depois...
Gastos
Comparando os cinco maiores colégios eleitorais da região, Erechim é o que possui o limite mais alto em gastos para a campanha eleitoral. Com pouco mais de 80 mil eleitores, os candidatos a prefeito do município poderão gastar até R$ 860 mil, enquanto os candidatos ao Legislativo têm um limite de R$ 107 mil.
As quantias são distribuídas proporcionalmente entre os municípios, considerando o tamanho da cidade e o número de eleitoras e eleitores aptos a votar. Os valores são calculados com base nos gastos do pleito de 2016, com atualizações de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Confira abaixo os limites de gastos nos cinco maiores colégios eleitorais da região:
Ônus e bônus
Se os recursos do fundo partidário podem fazer a diferença em uma disputa eleitoral, o tempo de propaganda eleitoral é outro fator determinante, porém, vem com o ônus e o bônus, já que quanto mais tempo de programa o candidato tiver que preencher, mais vai gastar em produção.
Além disso, assim como os eleitores podem reprovar programas com muita maquiagem e pouco conteúdo, também não aceitam a chamada “encheção de linguiça”. Ou seja, tem que ter o que mostrar.
Para quem já está com saudades de assistir ou ouvir a atração, a exibição da propaganda no horário eleitoral gratuito em rádio e TV vai de 30 de agosto a 3 de outubro. Serão 70 minutos diários, dos quais 60% serão destinados para candidatos a prefeito e 40% para quem vai disputar vaga na Câmara de Vereadores.
Reviravolta
Os tempos oficiais só são divulgados pela Justiça Eleitoral após a oficialização dos candidatos e coligações nas convenções. Porém, diante da última reviravolta no cenário eleitoral em Passo Fundo, com a intervenção no União Brasil, o candidato à reeleição, Pedro Almeida (PSD) perdeu 1,02 minuto do tempo de propaganda eleitoral, o que pode parecer pouco, mas para mídia eletrônica, como rádio e TV, é um verdadeiro latifúndio, principalmente no caso de uma corrida à reeleição, onde mostrar o que fez é fundamental.
Com o apoio do União Brasil à candidatura de Márcio Patussi (PL), a aliança formada pelos partidos de direita ganha uma vantagem e tanto em tempo de propaganda, praticamente se igualando ao tempo da frente de esquerda, representada pelo candidato Airton Dipp (PDT).
Corrida contra o tempo
Falando em União Brasil, a convenção marcada para esta sexta-feira (26) foi cancelada e o partido agora corre contra o tempo, já que o edital precisa ser publicado com cinco dias de antecedência e o prazo encerra em 5 de agosto. Até a manhã de quinta (25), o ainda presidente, vereador Rafael Colussi, não havia recebido nenhuma notificação oficial sobre a intervenção, apenas a confirmação dada pelo presidente do diretório estadual, Luis Carlos Busato.
A preocupação de Colussi é com a viabilidade de homologação das 22 pré-candidaturas do partido, o que, segundo ele, deve ser garantida por quem assumir a direção do partido. É por isso, também, que o vereador ainda não decidiu se irá judicializar a questão ou não, já que poderia significar mais um risco para as candidaturas.
A única coisa que ele tem certeza e garantiu à coluna é que independentemente de intervenção, ele continuará apoiando a candidatura de Pedro Almeida. Quanto a permanência no governo, onde possui quatro secretarias, o vereador acredita que mesmo o partido rompendo a coligação e apoiando outro candidato, os cargos devem ser mantidos.
Cadeira
Há fortes rumores que Danrlei de Deus (PSD) pode deixar a Secretaria de Esportes do governo Eduardo Leite, dando espaço para o deputado estadual Gaúcho da Geral, também do PSD, assumir o cargo. Isso se confirmando, Danrlei voltaria para a Câmara dos Deputados para, como titular, ocupar a cadeira que hoje é do deputado Luciano Azevedo (PSD). A coluna entrou em contato com o deputado passo-fundense, que afirmou não ter nenhum conhecimento desta movimentação. Tomara que sejam mesmo só rumores...
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