Por Nadja Hartmann, jornalista
Cartas na mesa, a disputa pela prefeitura de Passo Fundo deve mesmo se limitar a três chapas majoritárias, trazendo de volta um cenário que não se via desde o século passado, em 1996, há cinco eleições. A pergunta é quem vai disputar diretamente com quem, e neste caso, quem vai correr por fora? Ou será que o fato de termos apenas três candidatos vai impedir uma polarização?
As estratégias de campanha até agora demonstram uma tendência de Márcio Patussi (PL) ser o crítico mais duro da administração Pedro Almeida (PSD). Usando e abusando do legado Bolsonaro, o candidato que representa a aliança da direita em Passo Fundo não tem perdido nenhuma oportunidade de apontar as falhas da atual gestão.
Já Airton Dipp (PDT) — até pela sua própria personalidade —, pode optar pela estratégia de fugir da polarização, assumindo um tom mais nostálgico na sua campanha, tentando resgatar na memória do eleitor os seus feitos durante os dois mandatos como prefeito. Mas vale lembrar que tanto Pedro Almeida como Airton Dipp terão que apresentar muito mais do que já fizeram. Para o eleitor, interessa é o que irão fazer nos próximos quatro anos.
Acirramento e divisão
Quanto a tendência de nacionalização da campanha, trazendo para o foro local o acirramento em nível nacional, a opção do União Brasil de apoiar a majoritária Patussi-Dóro fortalece a direita em Passo Fundo como uma aliança coesa, mas ao mesmo tempo divide o voto dos eleitores que se identificam com partidos de centro-direita como PP e PSD, representados pelo prefeito Pedro Almeida.
Para isso, no entanto, o novo presidente do União Brasil, Patric Cavalcanti, terá que convencer os 21 candidatos a vereador a abraçar a candidatura majoritária de Patussi e Dóro. A convenção marcada para o próximo sábado (3) dará uma ideia do clima interno no partido. Porém, com poder sobre a distribuição dos recursos do fundo partidário, sem dúvida, o novo diretório possui bons argumentos de persuasão...
Mágoa
Falando em recursos do fundo partidário, a campanha ainda nem iniciou oficialmente e já bateu a ciumeira em alguns candidatos da situação, que estão se sentindo preteridos no coração da cúpula do PSD. A mágoa é que todas as atenções dos caciques do partido estariam voltadas para o pré-candidato Rubens Astolfi, ex-secretário de Obras da atual gestão. Tanto que alguns estão ameaçando trabalhar individualmente, sem se dedicar à majoritária. Magoaram...
Desarticulação
Se o cenário para as majoritárias já está praticamente definido em Passo Fundo, em Carazinho, o quadro ainda se mostra confuso e, por incrível que pareça, a indefinição vem do partido, que a priori deveria estar mais organizado para a disputa, uma vez que está no comando do município há duas gestões: o MDB.
Com convenção marcada para o último dia do prazo, 5 de agosto, o partido ainda não chegou a um consenso sobre o nome que irá apresentar para a majoritária, que será liderada pelo vereador Daniel Weber (PP). Todos os nomes apresentados até agora ou não emplacaram nas pesquisas ou desistiram...
É incrível um partido vitorioso em duas eleições e com um deputado federal, Márcio Biolchi, chegar em uma eleição totalmente desarticulado. Aliás, ao que tudo indica, o deputado carazinhense quer ficar bem longe desta briga...
Aliança com o PL
Diante da falta de nomes do partido, existe a possibilidade do MDB abrir mão da majoritária para o PL, com o ex-prefeito Renato Suss compondo a dupla com Daniel Weber. Porém, neste caso, a coligação perderia o apoio do PSB, fiel aliado do atual prefeito Milton Schmitz desde a primeira gestão, já que existe uma orientação do diretório nacional para que o partido não se alie com siglas identificadas com a extrema-direita. Por outro lado, ganharia valiosos 1,2 minuto de tempo de propaganda eleitoral do PL.
Majoritária João Pedro/Valeska
Enquanto isso, o principal candidato de oposição à atual administração em Carazinho, o ex-vereador João Pedro Azevedo (PSDB) deve anunciar nos próximos dias o nome da atual vice-prefeita Valeska Walber como sua dupla na majoritária. Em janeiro deste ano, Valeska deixou o MDB e se filiou ao Republicanos, partido do outro deputado federal com base eleitoral no município, Ronaldo Nogueira.
Como servidora pública municipal, a vice-prefeita já se desincompatibilizou da função e em breve, deve pedir afastamento do cargo de vice-prefeita. Além do PSDB e Republicanos, a coligação de oposição reúne partidos de centro-direita e centro-esquerda, como PDT, PSD e União Brasil. Já o PT decidiu se lançar sozinho no município, com o nome de Luis Alberto Godinho.
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