Por Nadja Hartmann, jornalista
Com o auditório da Câmara de Vereadores lotado, o vereador Saul Spinelli (PSB) assumiu a presidência do Legislativo de Passo Fundo na noite de quarta-feira (20) com uma necessária e emocionante homenagem aos professores e a pessoas que se dedicam ao voluntariado.
Como provável pré-candidato em alguma majoritária ainda não definida, o discurso de Saul em alguns trechos soou mais como "prefeiturável" do que como presidente da Câmara. Prometeu trabalhar pela solução de problemas crônicos, desde locais, como os trevos de acesso, até nacionais como a atualização da tabela do SUS.
Também anunciou a vinda do ministro do Empreendedorismo Márcio França (PSB) a Passo Fundo em 2024 para tratar de temas que envolvem a economia do município. Porém, se houve uma marca tanto no discurso de Alberi Grando (MDB) que deixava a presidência como no de Saul, foi a defesa enfática da Câmara como poder autônomo e independente, o que foi interpretado por alguns como um recado ao prefeito Pedro Almeida... Grando chegou a dizer que o Legislativo não pode ser visto como um “puxadinho” do Executivo.
O retorno
E ao apagar das luzes de 2023, o governo Pedro Almeida anunciou mais uma dança de cadeiras com a saída do vice-prefeito João Pedro Nunes (MDB) da Secretaria da Saúde e o retorno de Cristine Pilati. A mudança não chega a ser uma surpresa, já que o vice-prefeito assumiu a pasta em março como interino, enquanto se negociava a entrada do PSDB no governo. Porém, a interinidade durou mais do que o previsto...
O PSDB entrou no governo mas encontrou grande dificuldade para indicar um nome que se encaixasse no perfil exigido pelo prefeito: ser da área e ser mulher. Diante disso, foi o próprio PSDB que trabalhou no convencimento de Cristine para que retornasse ao cargo.
Gol de placa
O aceite de Cristine tira um peso das costas de Pedro Almeida que necessariamente teria que encontrar outro nome para a pasta até abril, uma vez que João Pedro teria que se desincompatibilizar para concorrer a vereador pelo MDB.
Tira também um peso das costas do vice, que se livra das amarras de uma secretaria altamente complexa para poder se dedicar à campanha. Além disso, o retorno de uma secretária que obteve uma aprovação praticamente unânime na sua gestão pode ser considerado um gol de placa para o último ano de governo...
Segue o baile
Porém, o desafio do prefeito em recompor o governo não para por aqui. A próxima pasta que deve sofrer mudanças é a do Meio Ambiente, com o retorno de Rafael Colussi para a Câmara.
E o baile segue com mais dança de cadeiras até abril, com a saída de pelo menos mais quatro secretários que devem concorrer em 2024: Rubens Astolfi (Obras), Cristiam Thans (Interior), Gilberto Bellaver (Esportes) e Wilson Lill (Habitação). Está aberta a temporada do “procuram-se secretários”.
Agressão
E a semana também foi de dança de cadeiras na prefeitura de Carazinho, porém, não exatamente por escolha do prefeito Milton Schmitz. Após uma discussão com o secretário de Gabinete, Tenente Costa, que gerou até mesmo um boletim de ocorrência por agressão, o secretário de Obras, Estevão De Loreno pediu a sua exoneração do cargo.
A turma do “deixa disso” até entrou em ação, mas De Loreno, que estava há seis anos no cargo, não voltou atrás, e na última segunda-feira já retornou para a Câmara de Vereadores.
O fato da agressão ter acontecido na antessala do gabinete e na presença do prefeito tornou o episódio ainda mais grave. Mesmo assim, Milton Schmitz se limitou a lamentar a saída prematura do secretário, que teria mais três meses para permanecer no cargo...
Reação
Porém, há quem diga que o prefeito Milton Schmitz ainda aposte no retorno de De Loreno para a Secretaria de Obras. Tanto que nomeou um interino para a pasta... Mais do que um cargo, o que está em jogo neste caso é a relação do MDB com o PSB, que com a saída do secretário, perde ainda mais espaço no governo.
Fiel aliado do governo, o partido vem sendo preterido também nas articulações da majoritária. Schmitz confirmou à coluna que o seu nome para a sucessão é Anelise Almeida, ex-secretária de Saúde em dobradinha com Daniel Weber (PP). Já Anelise afirmou que ainda está pensando no convite.
Atualmente sem partido, a decisão tem que ser tomada até abril, a tempo de filiação para concorrer. Ao anunciar o nome de Anelise, o prefeito, na verdade, pretere também nomes do seu próprio partido, já que a atual vice-prefeita Valeska Walber havia colocado o seu nome à disposição para concorrer...
O MDB não esboçou nenhuma reação, mas o PSB anunciou nesta quarta-feira (20) que terá chapa própria à prefeitura de Carazinho. Pelo jeito, a turma do “deixa disso” vai ter que entrar em ação novamente...
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