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Com eleições, 2024 deve ser de trocas partidárias e acirramento no cenário político de Passo Fundo

Confirmação dos candidatos que disputam corrida eleitoral municipal acontece até 16 de agosto

Julia Possa

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Marcelo Casagrande / Agencia RBS
Eleições municipais estão previstas para 6 de outubro

O ano de 2024 promete acontecimentos importantes na política local de Passo Fundo. Até o início da campanha eleitoral, em 16 de agosto, o movimento de futuros candidatos ao Legislativo e Executivo municipal deve esquentar o cenário de disputa e trazer debates à tona

As convenções partidárias, momento em que os partidos oficializam seus candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador, acontecem de 20 de julho a 5 de agosto. Os nomes que concorrem ao pleito serão conhecidos até 15 de agosto, prazo final para o registro no Tribunal Regional Eleitoral (TRE).

Até 6 de outubro, quando eleitores vão às urnas para escolher a próxima legislatura da Câmara de Vereadores e a chapa que comandará o Executivo pelos próximos quatro anos, a cidade deve ser palco de discussões que vão desde o erário público até questões mais espinhosas, como o desfecho da área da antiga Manitowoc, déficit habitacional e as medidas de contingência para crises — em especial climáticas — da cidade. 

GZH Passo Fundo pediu ao prefeito Pedro Almeida e ao presidente da Câmara de Vereadores, Saul Spinelli sobre as suas projeções para 2024. Ao final, a colunista Nadja Hartmann traz um panorama geral de como deve ser o cenário para as eleições municipais do próximo ano — na visão da jornalista, possivelmente marcada pela dicotomia entre esquerda e direita, um resquício das eleições de 2022. Acompanhe a seguir.

"Que a gente consiga continuar trabalhando com humildade", diz Pedro Almeida

Possível candidato à reeleição em 2024, o prefeito Pedro Almeida classificou a expectativa para o novo ano como "muito otimista". Segundo ele, a ideia é fechar um ciclo de desenvolvimento importante na cidade com a revitalização de espaços públicos. Ele cita como exemplos o Centro de Esporte e Lazer Fredolino Chimango, inaugurado em maio, e o Parque Linear da Avenida Brasil, que teve a primeira fase concluída em setembro

Almeida também cita o pacote de obras espalhadas em mais de 50 bairros da cidade, além das ações como o Café com Emprego, Escola das Profissões, Hospital Dia da Criança e o programa Cidade Educadora. 

Rebecca Mistura / Agencia RBS
Pedro Almeida vai para o quarto ano de mandato em 2024; ele não confirmou se deve disputar a reeleição

— Destinamos R$ 27 milhões de investimentos para nossas escolas, teremos a segunda missão Cidade Educadora, agora para a Suíça, no ano que vem, com os nossos cinco alunos já escolhidos... Então Passo Fundo vive um grande momento — destacou. 

O prefeito lembrou do excesso de chuva que deixou mais de 100 desalojados e diversos problemas na cidade em 2023. Para o próximo ano, pediu proteção a Passo Fundo. 

— Esperamos que Deus nos dê a oportunidade de não passar mais por intempéries climáticas, que foram muito prejudiciais à nossa comunidade, né? Que Deus proteja a nossa querida Passo Fundo, e que a gente consiga continuar trabalhando com humildade, com o pé no chão, para entregar tudo aquilo que acordamos com a nossa população, que é trabalho, entrega de obras, melhorias, que vão melhorar a qualidade de vida de nossa cidade — pontuou.

Acessibilidade, frentes parlamentares e Procuradoria da Mulher são objetivos de na Câmara de Passo Fundo

Em seu depoimento a GZH, Spinelli elencou as frentes que seu mandato na presidência da Casa deve priorizar em 2024. Ele garantiu a criação da Procuradoria da Mulher, medida da vereadora Eva Lorenzato (PT) que tem sido rejeitado desde que entrou na pauta da Câmara, em março de 2021. 

A proposta quer transformar a Câmara de Passo Fundo em uma importante ferramenta na luta contra a violência e pela autonomia e empoderamento de mulheres. Spinelli reiterou a importância do projeto: 

— Vamos criar a Procuradoria da Mulher na Câmara. Isso é muito importante porque houve um aumento de 18% na violência contra a mulher no primeiro semestre deste ano em comparação com 2022, e temos mais de 1,6 mil registros de violência contra a mulher na cidade — afirmou. 

Outro objetivo de Spinelli é apoiar as frentes parlamentares da Casa, inclusive com publicação de material impresso e digital que informem sobre a ação e resultados desses grupos de trabalho. Em dezembro de 2023, a Câmara de Passo Fundo tem quatro frentes parlamentares. São elas: 

  • Frente Parlamentar de Policiais e Bombeiros Militares do Estado do Rio Grande do Sul
  • Frente Parlamentar da Primeira Infância
  • Frente Parlamentar dos Direitos das Mulheres na Câmara de Vereadores
  • Frente Parlamentar em prol da construção de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) no município de Passo Fundo

Outras discussões levantadas por Spinelli para o próximo ano incluem a atualização da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), a implantação do turno integral nas escolas do município e a criação de uma casa de acolhimento à população autista. 

Comunicação Digital / CMPF
À frente da mesa diretora, Saul Spinelli também é um dos nomes cotados para disputar a majoritária em 2024

O vereador cita, ainda, a questão do trevos da cidade. Segundo ele, o Legislativo passo-fundense avançou nas discussões para realizar melhorias nos trevos da Caravela, do bairro Santa Marta e do Gran Palazzo, na RS-324. 

— Já tivemos audiências com o Daer, Ministério Público, lideranças comunitárias e empresários. Agora, precisamos de uma aproximação com o governo do Estado para que sejam licitadas essas obras. As coisas nem sempre andam do ritmo que a gente deseja, mas evidentemente temos que iniciar para que se percorra o trajeto necessário — afirmou. 

Na Câmara, o trabalho vai para a acessibilidade do local: Spinelli define que a meta é instalar um elevador para facilitar o acesso de pessoas com mobilidade reduzida ou deficiência física no local. Hoje, o acesso interno entre o andar superior, onde fica o plenário, e o andar inferior, onde estão os gabinetes, só é possível por escada.

Cenário acirrado e dicotomia entre esquerda e direita

A jornalista Nadja Hartmann, colunista de GZH Passo Fundo, entende que o grande acirramento político nas eleições municipais já é algo esperado para os pleitos locais. A surpresa, contudo, deve ser se os debates de temas nacionais podem influenciar na disputa. A seguir, a íntegra do comentário da jornalista, a pedido desta reportagem: 

"Prever que o ano de 2024 será de grande acirramento político nos municípios seria prever o óbvio. A questão é o quanto acirrada devem ser as próximas eleições e o que deve pesar na decisão dos eleitores. Há quem aposte que o acirramento ainda latente das eleições de 2022 deve trazer temas nacionais para o debate, o que seria totalmente atípico, uma vez que em eleições municipais o buraco na rua importa mais do que a opinião do candidato sobre o desarmamento ou ideologia de gênero. 

Em Passo Fundo, porém, o fato de termos uma chapa fortemente identificada com o bolsonarismo pode acentuar a dicotomia entre direita e esquerda. Quanto a nomes e coligações, o ano se encerra com um cenário ainda indefinido e algumas certezas. 

Uma delas é que o atual prefeito Pedro Almeida (PSD) será candidato à reeleição com o apoio de um grande número de partidos, no entanto, talvez nem todos que hoje fazem parte do governo, já que como partido de centro-esquerda, o PSB pode optar por compor com o PDT e o PT. Quanto ao nome do vice, as apostas recaem sobre o PSDB. 

Porém, como as decisões para 2024 são tomadas pensando nas eleições de 2026, os diretórios estaduais terão grande peso nas articulações. A outra certeza é que Passo Fundo terá um nome que tentará herdar os 67 mil votos do ex-presidente Jair Bolsonaro no município, e neste caso sobram opções... Mesmo assim, não será nenhuma surpresa se a direita apresentar um nome novo, sem passado político. 

Aliás, os chamados candidatos “outsiders” são o sonho de consumo de todos os partidos para as próximas eleições. Já em relação aos partidos de esquerda e centro-esquerda, a grande dúvida é saber se eles aprenderam a lição de 2020, quando lançaram quatro candidatos à majoritária. O problema é que há poucos nomes que poderiam unir partidos como o PDT, PSol, PCdoB e PT. Uma das apostas é a dupla Airton Dipp e Júlio Stobe, só falta convencê-los...

De qualquer forma, o cenário só deve começar a ficar mais definido para as majoritárias a partir de abril do ano que vem, após o resultado de pesquisas que serão realizadas pelos partidos. 

Quanto ao Legislativo, essa será a primeira eleição com o número reduzido de candidatos. No caso de Passo Fundo, as nominatas poderão ter o máximo de 22 candidatos, o que deve obrigar os partidos a serem mais rigorosos na escolha, o que sem dúvida é uma boa notícia para os eleitores". 

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