Médicos e educadores físicos garantem: não importa a idade, nunca é tarde para começar ou retomar uma atividade física regular que conjugue o movimento certo para o seu corpo ou condição clínica e – muito importante – prazer. Para acertar na receita, é importante uma avaliação médica e orientação de um profissional de educação física.
— Nosso corpo não foi feito para ficar parado. As mulheres na faixa etária dos 50 anos necessitam de diferentes estímulos físicos, como em qualquer idade. Mas se ela está sedentária, é imperioso que comece ou retome. Quanto mais cedo começar, mais cedo se colhem os frutos positivos — avisa Rose Petkowicz, médica do esporte.
Segundo o educador físico Paulo Ayres, especializado em Ciência do Esporte, o ideal é combinar exercícios aeróbicos àqueles voltados à manutenção da força muscular, mobilidade articular e flexibilidade. Mas ele afirma que a prescrição para uma mulher em torno dos 50 anos requer antes uma análise para entender os índices hormonais.
— Com avaliação física detalhada e uma conversa com a médica responsável pela aluna, teremos o panorama de como ela está e qual a melhor estratégia. Se pudermos estabelecer uma equipe multidisciplinar, com nutricionista, ginecologista e psicóloga, por exemplo, melhor ainda — explica.
Conforme os profissionais, os tipos de exames necessários dependem da idade, condições clínicas, histórico prévio de saúde e intensidade do esforço físico ao qual a pessoa se propõe. Rose lembra que os cuidados são necessários não apenas para evitar riscos cardiovasculares. Pessoas com artrose, por exemplo, necessitam de orientação mais precisa.
— Na faixa etária dos 50, é comum sentir dores e limitações e, na tentativa de se defender da dor, a gente reduz o movimento, criando contraturas, encurtamentos e retrações musculares. A atividade física pode atuar aí, reduzindo dores. Quanto mais se posterga o movimento, maiores os prejuízos. É uma bola de neve — explica.
Qual é o seu caso?
Rose Petkowicz traz como exemplos três situações hipotéticas diferentes, para explicar por que a avaliação médica é importante antes de começar ou retomar uma atividade física na faixa dos 50:
— Imagine uma mulher que já passou pela menopausa, tem colesterol bom, triglicerídios adequados, mantém exames em dia e não tem problemas de saúde prévios. Ela escolhe começar ou reiniciar uma atividade leve a moderada. Nesse caso, sim, vai precisar de avaliação médica regular, mas isso não a impede de começar a prática imediatamente. Agora, imagine uma diabética ou que já tenha enfartado: ela vai precisar da avaliação antes mesmo da escolha da atividade, pois depende dos resultados dos exames. E ainda um terceiro exemplo: uma mulher sem problemas prévios, mas que quer voltar a um esporte com o intuito de competição, em que a exigência de treinamento é maior. Nesses casos, são recomendados exames detalhados, como teste de esforço e exames laboratoriais — ilustra.
Vale a pena
A perda de massa muscular se acentua nas mulheres, na medida em que o tempo avança. Com a queda nos níveis hormonais e a menopausa, o metabolismo feminino se altera: ganhar peso fica mais fácil, principalmente na região do abdome, a fixação do cálcio nos ossos fica comprometida, aumentando o risco de fraturas.
— A tração do músculo no osso, provocada pelo exercício físico, obriga o osso a se reforçar — cita Rose, para exemplificar por que começar ou retomar atividades é tão importante.
Paulo Ayres lembra que os efeitos positivos da prática física regular ocorrem em todas as estruturas, órgãos e sistemas do organismo, incluindo a melhora no controle da pressão arterial e dos níveis de açúcar no sangue, a manutenção do peso e da composição corporal, da força e da resistência dos músculos, da integridade dos ossos, da capacidade pulmonar, da oxigenação dos tecidos, da produção de neurônios e no equilíbrio hormonal. Os impactos são físicos, mentais e anímicos.
— O trabalho aeróbico, além do benefício cardiorrespiratório, libera hormônios como citosina, serotonina, endorfina, adrenalina, todos benéficos ao corpo, trazendo a sensação do bem-estar. Atividades que trazem concentração e relaxamento ajudam a baixar os níveis de ansiedade e previnem depressão — afirma.
A escolha
Mais do que condicionamento físico, a prática regular de uma atividade garante autonomia, que pode ficar comprometida no processo de envelhecimento. Para escolher o que fazer, é preciso levar em conta o gosto pessoal, as necessidades do corpo e o histórico de atividades.
— A escolha por um programa deve ser feita com base nas necessidades encontradas na avaliação física e na expectativa do aluno. Para todos os esportes existem adaptações. O importante é respeitar os sinais do corpo, dor, cansaço, estresse, falta de sono etc — aponta Paulo.