Ardências, dor durante a relação sexual, atrofia local, podendo incluir fissuras na pele, vaginites e vaginoses, queda de libido e dificuldade para atingir o orgasmo são sintomas relacionados à falta de níveis ideais de estrogênio na vagina.
A queda da produção do principal hormônio feminino é característica da menopausa, mas tais sintomas podem começar a incomodar já durante o climatério - os anos de fogachos, ciclos irregulares e instabilidade emocional que antecedem o encerramento definitivo da vida reprodutiva feminina.
Os sintomas específicos na vagina não são os primeiros a despontar no climatério, mas acabam por serem o motivo pelo qual as mulheres vão aos consultórios buscar ajuda. A falência gradual ovariana compromete a produção de estrogênio, e a saúde da mulher como um todo se ressente progressivamente da falta desse hormônio.
As médicas ginecologistas Simone Vaccaro e Carolina Machado Melendez pontuaram, abaixo, as possibilidades de tratamento.
— A expectativa de vida da mulher está em 79 anos. A menopausa, em média, chega aos 50. São 29 anos em que a mulher precisa se manter bem — contextualiza Simone.
Carolina lembra que o tecido de toda a região íntima da mulher (vagina, útero, uretra, bexiga, pele em volta da vagina) tem receptores para o estrogênio. Na ausência desse hormônio, tudo ali se altera causando menos lubrificação, menor elasticidade e mais ressecamento.
— Esse ressecamento é chamado de síndrome urogenital da menopausa. E pode explicar também infecções urinárias de repetição, porque muda a flora local e altera imunidade, e perda de urina — acrescenta. Essas alterações todas têm impacto na vida estética, social e emocional da mulher.
Segundo a médica, é comum a mulher com esses sintomas evitar situações, como relações sexuais, para não sentir dor, ou eventos sociais, para não se constranger diante de escapes de urina ou da necessidade de ir toda hora ao banheiro.
Efeitos na prática
A queda dos níveis desse hormônio “afina” a pele dos órgãos urogenitais, como vagina, vulva e bexiga, reduz a lubrificação e enfraquece a musculatura (perda de colágeno). Nestes casos, a mulher pode sentir diversos incômodos na região, tais como:
- Dor durante a penetração nas relações sexuais
- Sangramento por fissuras no tecido local atrofiado
- Infecções na vagina (corrimentos) ou urinárias
- Incontinência urinária
Não é só na menopausa
Embora comumente relacionado ao climatério e à menopausa, o ressecamento da vagina pode ocorrer em outras situações. São elas: no pós-parto (puerpério), porque ocorre uma queda abrupta na produção hormonal e a prolactina (que induz a lactação) também interfere no eixo hormonal, nos processos cirúrgicos de retirada de ovários ou em pacientes em radioterapia, no uso de algumas medicações (para miomas, endometriose e infertilidade, por exemplo) e, para mulheres mais sensíveis, no uso de alguns tipos de métodos contraceptivos.
— Bloqueou a produção ou parou de produzir estrogênio, vai ressecar — avisa a médica Carolina.
Possibilidades de tratamento
A reposição hormonal, com prudência, pode evitar todos esses sintomas. De acordo as médicas ouvidas pela reportagem, o tratamento pode ser local também, decidido conforme o que mais incomoda a mulher. Veja outras alternativas:
- Lubrificantes à base de água: usados nas relações sexuais. Nada de sabor ou vasodilatador, pois essas substâncias podem causar alergias e piorar o caso.
- Hidratantes vaginais: geralmente contém ácido hialurônico, não é hormonal. Usa-se com aplicador a cada três dias.
- Cremes à base de hormônio: a ação do estrogênio é localizada e faz a reestruturação dos tecidos e vasos sanguíneos. São seguros mas, interrompendo o uso, os sintomas voltam.
- Laser vaginal: agem como o creme de hormônio. Geralmente são necessárias três aplicações e duram mais de um ano, sem contraindicação para pacientes que tiveram câncer de mama ou de endométrio.