Três dos nomes mais importantes de Hollywood reuniram-se pela primeira — e até agora única — vez em Prenda-me Se For Capaz (Catch me If You Can, 2002), cartaz da RBS TV às 14h10min deste sábado (9): o diretor Steven Spielberg e os atores Leonardo DiCaprio e Tom Hanks.
É um encontro de gigantes o que poderá será visto na faixa chamada Sessão de Sábado. Spielberg, hoje com 75 anos, já ganhou três Oscar — melhor filme e melhor diretor por A Lista de Schindler (1993) e direção por O Resgate do Soldado Ryan (1998) — e recebeu outras 14 indicações, três vezes em dobradinha como realizador e produtor: E.T.: O Extraterrestre (1982), Munique (2005) e Lincoln (2012).
DiCaprio, 47, foi premiado como melhor ator por O Regresso (2015) e disputou por Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador (1993, na categoria de coadjuvante), O Aviador (2004), Diamante de Sangue (2006), O Lobo de Wall Street (2013) e Era uma Vez em... Hollywood (2019).
Hanks, que comemora 66 anos justamente neste sábado, conquistou a estatueta dourada ao protagonizar Filadélfia (1993) e Forrest Gump (1994). Foi indicado por Quero Ser Grande (1988), O Resgate do Soldado Ryan, Náufrago (2000) e Um Lindo Dia na Vizinhança (2019, como coadjuvante).
Apesar de o enredo parecer coisa de Hollywood, Prenda-me se For Capaz é inspirado na vida real de Frank Abagnale Jr., interpretado por DiCaprio dos 16 aos 21 anos. Nos EUA da década de 1960, esse jovem protagonista criou um mundo de fantasia para superar o sofrimento pela separação dos pais. Primeiro, ele se faz passar por professor no colégio. Depois, vai fingir ser um piloto de avião, o pediatra da emergência de um hospital e o procurador-geral do Estado da Louisiana. No caminho, desconta milhões em cheques falsos, conquista muitas mulheres e atrai a atenção de um policial do FBI, Carl Hanratty, papel de Hanks.
Nessa mescla de aventura, drama e comédia, pode-se traçar um paralelo entre Abagnale e Spielberg: como o vigarista, o cineasta foi traumatizado pela separação dos pais, na adolescência. Para tapear a dor, Abagnale fantasiou identidades. Spielberg inventou heróis, como os meninos de E.T., Império do Sol (1987) e A.I.: Inteligência Artificial (2001). A comparação não para aí: aos 19 anos, o futuro diretor mais poderoso de Hollywood protagonizou um lance a la Abagnale. Em visita aos estúdios da Universal, achou um escritório vazio e pôs seu nome na porta. Logo se tornou amigo dos seguranças e das secretárias e conheceu as engrenagens do cinema.
No filme, o charmoso Abagnale não se arrepende dos golpes e vibra ao perceber que escapa das mais complicadas situações com o poder da lábia e o magnetismo do olhar. Hanratty adora investigar fraudes e faz da captura do protagonista sua missão de vida. Nesse jogo de gato e rato, Hanratty exerce mais do que o papel de felino. É uma espécie de consciência de Abagnale e, ironicamente, a única pessoa em quem ele confia. Vira uma figura paterna para o rapaz que fugiu de casa depois do divórcio dos pais — um ex-militar estadunidense (Christopher Walken, indicado ao Oscar de ator coadjuvante), sua principal influência, e uma francesa (Nathalie Baye), que ele conhecera na Europa, na Segunda Guerra Mundial.
Prenda-me se For Capaz também concorreu ao Oscar de melhor música original, assinada por John Williams, habitual parceiro de Steven Spielberg. Aqui, suas composições à moda de Henry Mancini se combinam com canções populares, como Come Fly with Me, contribuindo na ambientação do filme nos anos 1960. Para evocar a atmosfera animada e levemente idealista dos EUA daquela época, Spielberg incumbiu o diretor de fotografia Janusz Kaminski a criar uma iluminação que lembrasse "uma taça de champanha".