Loki, minissérie da Marvel que teve o primeiro de seus seis episódios lançado nessa quarta-feira (9) pelo Disney+, é uma mistura de aventura, comédia e ficção científica. Meio-irmão de Thor, o Deus da Trapaça interpretado por Tom Hiddleston é preso pela Autoridade da Variância do Tempo (TVA, na sigla em inglês) — entidade responsável por manter a ordem na cronologia dos fatos e evitar o surgimento de "multiversos". Lá, ele acaba sendo convocado pelo agente Mobius M. Mobius (Owen Wilson, sempre engraçado nas suas observações banais) para ajudar a capturar um assassino que vem semeando o caos por diferentes épocas da História: ora ataca na França de 1549, ora no Estado do Oklahoma de 1858.
O britânico Hiddleston, 40 anos, está acostumado a viajar no tempo. Muitos de seus trabalhos mais conhecidos foram ambientados no passado, seja remoto ou recente — caso da minissérie The Night Manager (2016), pela qual ganhou o Globo de Ouro de melhor ator e concorreu ao prêmio Emmy. Baseada em um romance de espionagem de John Le Carré (1931-2020), a trama ocorre em meio à revolução egípcia de 2011. Seu personagem, Jonathan Pine, é um ex-soldado que trabalha como gerente de um hotel no Cairo e é recrutado por uma oficial do governo do Reino Unido (Olivia Colman) para se infiltrar no círculo de um traficante de armas, Richard Roper (Hugh Laurie).
Os créditos de Hiddleston também incluem o filho único de Winston Churchill — o primeiro-ministro inglês durante a Segunda Guerra Mundial — em O Homem que Mudou o Mundo (2002), o escritor F. Scott Fitzgerald (1896-1940) em Meia-Noite em Paris (2011), dirigido por Woody Allen e protagonizado por Owen Wilson, e o fictício capitão Nicholls de Cavalo de Guerra (2011), drama de Steven Spielberg que se passa na Primeira Guerra Mundial.
Depois que assumiu o papel de Loki no universo cinematográfico Marvel, em Os Vingadores (2012), a agenda do ator ficou mais apertada. Mas ainda assim encontrou brecha para novas viagens no tempo ou coisas parecidas — Hiddleston é, literalmente, imortal na pele do vampiro deprimido de Amantes Eternos (2013), realizado por Jim Jarmusch e co-estrelado por Tilda Swinton e Mia Wasikowska. Em A Jornada de Hank Williams (2015), ele encarnou o lendário cantor e músico country estadunidense (1923-1953). Em A Colina Escarlate (2015), de Guillermo del Toro, contracenou novamente com Mia Wasikowska em um terror ambientado no norte da Inglaterra do começo do século 20. E, em Kong: A Ilha da Caveira (2017), faz um militar que lutou na Guerra do Vietnã e que, em 1973, é contratado para encontrar o local habitado pelo gorila gigante.
Um dos destaques da carreira de Hiddleston longe da Marvel também se passa na década de 1970. É No Topo do Poder (2015), baseado no romance High-Rise (1975), de J.G. Ballard, e em cartaz na Netflix. Trata-se de um filme estonteante e, por vezes, nauseante. Quem dirige é Ben Wheatley, que em 2020 assinou a esquecível refilmagem de Rebecca, a Mulher Inesquecível.
Hiddleston brilha no papel de Robert Laing, um médico que, na Londres setentista, se muda para uma gigantesca torre de condomínio, projetada para ser um mundo isolado do exterior — tem escola e mercado, por exemplo. O prédio simboliza a estratificação social, tipo o presídio vertical de O Poço.
Entre os excêntricos vizinhos, estão o Arquiteto (Jeremy Irons), a mãe solteira Charlotte (Sienna Miller), com quem o médico vai se envolver, o documentarista Wilder (Luke Evans) e sua esposa (Elisabeth Moss). Quando o elevador quebra, o paraíso entra em decadência, até se transformar em um inferno. Pouco a pouco, Laing vai perdendo a sanidade. Prepare-se para o caos, para o sexo e para a violência, tudo filmado com uma estranha combinação de elegância, humor e crueza.