Só os adeptos do quanto pior melhor podem achar que o crescimento do PIB de 2023 em 2,9% não é uma excelente notícia para o Brasil. Ou que só o governo tem a ganhar com isso. Poderia ter sido mais? Poderia. Mas também poderia sido três vezes menos, se as previsões catastróficas feitas no final de 2022 pela maioria dos economistas tivessem se confirmado.
O que Lula fez de correto para derrubar as profecias foi, em primeiro lugar, ter bancado Fernando Haddad no Ministério da Fazenda e Simone Tebet no Planejamento. A dupla teve papel importante no trabalho de conter a inflação e os ímpetos dos ministros adeptos da gastança a qualquer custo. Em segundo, o mérito de Lula foi não atrapalhar o setor produtivo e propor políticas públicas que contribuíram para a geração de emprego e o aumento da renda.
Claro que o crescimento da economia não foi equilibrado como seria saudável, com diferentes setores contribuindo em proporção semelhante. Mas é preferível ter uma agropecuária forte como locomotiva do crescimento a patinarem todos no mesmo ritmo.
Esse número, que não é nem "pibão" nem "pibinho", vem acompanhado de outros indicadores que animam os brasileiros: a inflação de 2023 ficou dentro da meta (é preciso trabalhar para que assim se mantenha), o índice de desemprego caiu, o juro baixou e os investimentos foram retomados. Os dados dos últimos dois trimestres não foram bons como os primeiros e, por isso, é preciso manter a vigilância.
A população em geral pode ter dificuldade para entender a importância do equilíbrio fiscal ou da política industrial apresentada neste ano, mas sabe a diferença que faz na sua vida uma ponte, uma estrada, um emprego, uma escola, um atendimento decente na hora em que adoece.
Aliás
É preciso prestar atenção aos sinais preocupantes no horizonte, como a desaceleração do consumo, a timidez da produção industrial e a falta de investimentos pelas empresas. Nesse quadro, o governo não pode permitir que o debate das eleições municipais contamine o ambiente econômico.