O mercado de trabalho formal gaúcho fechou 2023 no azul. O Rio Grande do Sul mais contratou do que demitiu pelo terceiro ano consecutivo. O Estado criou 47.395 vagas com carteira assinada no ano passado. Os dados são do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados na tarde desta terça-feira (30) pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Mesmo com novo saldo positivo, o total de postos gerados mostra desaceleração ante anos anteriores.
O resultado do acumulado do ano provém de 1.423.819 admissões e 1.376.424 desligamentos ao longo do ano. Comparado a 2022 e 2021 (veja no gráfico), anos marcados pelos picos da retomada pós-pandemia, o patamar de 2023 é mais tímido.
Em dezembro do ano passado, o Estado registrou resultado negativo, com o fechamento de 28.832 postos. Esse movimento é sazonal e característico do último mês do ano, mas ocorre em patamar ligeiramente maior ante o mesmo mês de 2022 (-28.511).
O economista e professor da Universidade Feevale José Antônio Ribeiro de Moura afirma que o saldo do ano podia ser melhor, diante de inflação menos pesada e juro iniciando trajetória de queda em 2023. No entanto, acomodação da geração de vagas após picos na saída da pandemia, economia com tração limitada e incerteza de parte do empresariado ajudam a explicar a desaceleração:
— Vejo os empresários com o freio de mão puxado, esperando um pouco mais, aguardando esse ano de 2024 para ver se teremos melhoras.
A economista-chefe da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado (Fecomércio-RS), Patrícia Palermo, afirma que esse processo de perda de ritmo também carrega aspectos das características do mercado de trabalho no Estado. Além de uma acomodação natural diante de desaceleração da economia, que respinga na demanda por trabalho por parte das empresas, a geração de postos no Estado também perde fôlego diante de outros fatores, como desocupação e informalidade menor do que a média nacional que afeta o número de pessoas disponíveis para ocupar novas vagas, segundo a economista:
— A geração de empregos depende de vagas abertas, da demanda por trabalho, e de pessoas para ocupar essas vagas. Atualmente, ambos os lados do mercado tem menos força do que em momentos anteriores.
Setores
O resultado positivo no Estado em 2023 foi puxado pelo setor de serviços, que anotou a abertura de 43.534 vagas. Na sequência, aparecem o comércio (11.899) e agropecuária (1.001). Já a indústria (-7.501), que sofreu com juros altos e queda em exportações, e a construção (-1.538) ficaram no vermelho.
— O setor de serviços perde força, mas continua gerando bastante postos de trabalho. Vamos pensar que, das 47.395 vagas, 43,5 mil são de serviços. Estamos falando de um contingente muito grande de pessoas sendo ocupadas nesse segmento — destaca Patrícia.
País
O Brasil acumulou em 2023 o saldo de 1.483.598 postos de trabalho. O montante decorre de 23.257.812 admissões e 21.774.214 desligamentos. No país, o maior saldo ocorreu no setor de serviços, que abriu 886.256 vagas de trabalho no ano passado, com destaque para Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas.