O Rio Grande do Sul fechou 2021 com saldo positivo na geração de empregos no mercado de trabalho formal. O Estado abriu 140,2 mil vagas com carteira assinada de janeiro a dezembro do ano passado. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência nesta segunda-feira (31). Recuperação da economia sobre uma base fraca de 2020 e o avanço da vacinação e da reabertura das atividades ajudam a explicar esse cenário, segundo especialistas.
O resultado é a diferença entre 1.304.381 contratações e 1.164.100 demissões ao longo do último ano. O saldo positivo ocorre após tombo em 2020, quando o Estado fechou 42,5 mil postos em meio ao primeiro ano de pandemia de coronavírus. Esses dados foram revisados pela pasta nesta segunda-feira.
No Estado, todos os cinco setores econômicos que integram o indicador ficaram no azul em 2021. Serviços ocupam o primeiro lugar, com abertura de 55.019 vagas. Na sequência, aparecem Indústria (42.255) e comércio (34.430).
Os dados do Caged são sempre revisados em cada mês de divulgação, o que pode gerar números diferentes nos meses seguintes, como ocorreu no saldo de 2020.
A economista Maria Carolina Gullo, professora da Universidade de Caxias do Sul (UCS), afirma que o fechamento no azul nas contratações ocorre diante do maior controle da pandemia, que permitiu a reabertura das atividades presenciais. Em relação à indústria, Maria Carolina destaca que esse setor iniciou a retomada primeiro em alguns segmentos.
— O setor metalmecânico, por exemplo, tem bastante dependência do setor agrícola. E 2021 foi um bom ano para a agricultura, de boa safra e de bons preços. O produtor teve recurso para adquirir ou trocar maquinário. Isso movimentou bastante a indústria — exemplifica a professora da UCS.
A economista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) Giovana Menegotto também reforça o papel da reabertura das atividades nesse saldo positivo em serviços e comércio. No entanto, ela destaca que, nos dois setores, o avanço das contratações e da retomada ocorre de maneira heterogênea. Enquanto alguns grupos recuperaram patamar pré-pandemia, outros ainda não reverteram os danos causados pela crise sanitária. Os segmentos de alojamento e alimentação e de transporte de pessoas, em serviços, são alguns dos exemplos de áreas mais castigadas e que ainda tentam recuperar as perdas, segundo a economista.
— Temos saldo positivo, que evidencia a recuperação em curso do mercado de trabalho formal com postos de trabalho sendo retomados. No entanto, apesar dos segmentos mais afetados nos serviços e no comércio terem resultados muito positivos, a comparação do total de trabalhadores nessas atividades ao fim de 2021 com o pré-pandemia deixa evidente que há ainda espaço para se avançar nas atividades mais afetadas pelo distanciamento social — destaca a economista da Fecomércio-RS.
Giovana também lembra que a retomada da economia e do emprego no Estado e no país ocorre sobre uma base fraca de 2020.
Em dezembro, o Estado fechou 17,8 mil vínculos. Esse é apenas o segundo resultado negativo no ano e o pior desempenho para um mês em 2021. Sazonalmente o último mês do ano costuma ficar no vermelho na geração de empregos formais. No entanto, o tombo em dezembro em 2021 foi maior na comparação com o mesmo mês em 2020.
Para 2022, especialistas estimam desaceleração da economia, com inflação persistente, juro alto e corrida eleitoral. Diante disso, o mercado de trabalho também deve arrefecer nos números, segundo a economista Maria Carolina Gullo. A professora salienta que os efeitos da estiagem também podem afetar negativamente o ritmo de contratações no Estado.
— A gente pode ter uma pequena desaceleração, com compasso de espera, de cautela até que se defina, principalmente, o cenário eleitoral — pontua Maria Carolina.
País encerra ano no positivo
O resultado positivo do Estado no acumulado do ano ocorre na esteira da performance do país. Em 2021, o Brasil abriu 2,7 milhões de vagas com carteira. O saldo ocorre diante de 20.699.802 admissões e 17.969.205 desligamentos. No país, os destaques entre os setores também ficam por conta de serviços, comércio e indústria.