Foram tantas formas de liberação de emendas parlamentares para tentar garantir a aprovação do pacote de corte de gastos que a coluna perdeu um pouco as contas, mas para ficar em uma cifra segura, até agora pelo menos R$ 7,7 bilhões foram desembolsados. Contrariando as previsões, o dólar abriu em leve baixa, atingiu R$ 6,30, mas antes do meio-dia voltou a baixar depois de nova intervenção do Banco Central (BC) de US$ 8 bilhões - sim, só nesta manhã.
Mas o Congresso parece querer repetir a análise do mercado sobre o pacote e vê esse derrame de bilhões para conter gastos bilionários como "insuficiente". Na noite de quarta-feira (18), o governo sofreu sucessivas derrotas em votações, tanto das medidas específicas de contenção de despesas quanto de outras que representariam mais receita, como é a revogação do seguro DPVAT.
Os sinais de alerta se acenderam porque o requerimento para colocar em votação o parecer que desidrata ainda mais o pacote obteve obteve apenas 294 votos a favor, abaixo do necessário para aprovar a proposta de emenda à Constituição (PEC), que exige 308.
É claro que o Congresso tem todo o direito de votar contra propostas com as quais não concorde. Mas não é de convicção que se trata. Fosse assim, haveria um grupo grande comprometido com a elaboração de alternativas melhores.
Então, R$ 7,7 bilhões – pelo menos, alguma quantia significativa pode não ter sido contabilizada – não foram suficientes para garantir 308 votos. Em outros números, R$ 25 milhões por um voto ainda não é considerado suficiente. Claro, não é bem assim, mas convenhamos: esse tipo de comportamento não envolve mais "só" chantagem: virou extorsão.
O que diferencia uma coisa da outra? O nível de violência atingido. Esse comportamento já seria inaceitável se tudo estivesse calmo no Brasil. Em fase de turbulência no mercado que já embute risco de contagiar a economia real, não é admissível sem responsabilização – ainda que apenas política. Se o país de fato entrar em recessão, em 2025 ou mais tarde, será preciso atribuir sua gênese aos Três Poderes.