A população com idade abaixo dos 30 anos teve protagonismo no emprego formal no Rio Grande do Sul nos últimos 12 meses. Do início de dezembro de 2020 até novembro de 2021, 88,4% dos postos de trabalho com carteira assinada criados no Estado foram preenchidos por jovens com até 29 anos de idade. Esse grupo concentra 136,3 dos 154,3 mil novos vínculos formais registrados no Estado no período. Os dados estão presentes no Boletim de Trabalho do RS, divulgado nesta terça-feira (25) pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Planejamento, Governança e Gestão.
O DEE usa dados do Novo Caged, do Ministério do Trabalho e Previdência. Esse recorte leva em conta o saldo, que é a diferença entre as contratações e demissões em determinado período.
Um dos responsáveis pelo levantamento, o pesquisador Guilherme Xavier Sobrinho, do DEE, afirma que o viés etário na expansão do emprego formal no Estado merece atenção, pois a contratação dos mais jovens está associada a remunerações mais baixas, vínculos menos duradouros e engajamento de indivíduos com pouca experiência.
— Os trabalhadores mais experientes, muitas vezes, para as empresas que os mantêm, são importantíssimos ativos. Mas, quando você tem uma conjuntura de tanta demissão, talvez nem encontre essas pessoas. Ou os empresários querem reduzir custos e não vão recontratar pelo salário que pagavam para alguém com tantos anos de carreira, com tanta experiência, e apostam num certo rebaixamento no padrão de qualidade da força de trabalho — pontua Sobrinho.
O recorte do saldo do emprego formal no Estado nesse período de 12 meses reforça a avaliação do pesquisador sobre a experiência e escolaridade nas contratações. Trabalhadores com Ensino Médio completo representam 59,3% do saldo do emprego formal no Estado. Já o Ensino Superior completo abocanha fatia mais tímida, com o terceiro pior resultado entre as faixas de escolaridade (veja mais abaixo).
No recorte por setor, a indústria apresentou a maior variação percentual no número de empregos, com uma expansão de 7,7%, seguida por comércio (+6,4%), serviços (+5,7%), construção (+4,3%) e agropecuária (+3,9%). Em números absolutos, serviços, carro-chefe da economia no país, geraram o maior número de novos vínculos.
O pesquisador do DEE explica que é difícil traçar uma comparação com anos anteriores nesses indicadores, pois o Novo Caged entrou em vigor somente em 2020. Nos anos anteriores, as estatísticas usam bases diferentes.
Nível de ocupação avança
Levando em conta também o mercado de trabalho informal, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o nível de ocupação, que mostra o percentual de pessoas empregadas dentro da população em idade de trabalhar, ficou em 58,5% no terceiro trimestre de 2021 — avanço de quatro pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. A taxa de desemprego caiu de 10,5%, no terceiro trimestre de 2020, para 8,4% em 2021. O pesquisador Raul Bastos, que também elaborou a pesquisa, afirma que os números de 2021 são comparados com uma base baixa e mostram avanço da informalidade.
— Se a taxa de informalidade aumentou nessa referência comparativa, isso significa que a proporção de ocupações de menor qualidade ou mais precárias está se expandindo. Isso nos coloca em um sinal de alerta — afirma Bastos.