Veio bem perto das projeções mais altas o crescimento do PIB em 2023, que foi de 2,9%. O resultado entre os setores, porém, foi bem distinto. Enquanto a agropecuária foi o grande motor, com avanço recorde de 15,1%, a indústria cresceu apenas 1,6% e os serviços 2,4%. O agro sustentou o primeiro semestre, com supersafras em Estados importantes, apesar da segunda estiagem consecutiva do Rio Grande do Sul. O varejo, que costuma ter um último trimestre bom devido ao Natal, patinou, mas ainda fechou positivo.
De novo, o investimento privado caiu muito: -3%. Ele é indicador de tendência, pois aponta investimento de empresas, e aparece no cálculo do PIB pelo IBGE como Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). A pesquisa apontou um tombo de 9,4% em máquinas e equipamentos.
Para 2024, o desempenho dos setores deve vir mais equilibrado no PIB. As esperanças se voltam para a continuidade do corte de juro pelo Banco Central. Isso deixa o crédito mais acessível para indústrias e outras empresas voltarem a investir, somando-se a uma melhora na confiança. Para o consumidor, taxas menores aumentam acesso a empréstimos e ajudam a reduzir a inadimplência. Confirmando esses movimentos, somam-se a taxas de desemprego cada vez menores, aumento da renda e reajustes salariais acima da inflação, aumentando o poder de compra das famílias.
Estrela em 2023, a agropecuária terá percalços para entregar o resultado em 2024 e deve recuar, ainda que em cima desta base alta. Com enchentes no Sul e seca em outras regiões, o El Niño afetou a produtividade da lavoura.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Vitor Netto (vitor.netto@rdgaucha.com.br e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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