A relação entre o governador Eduardo Leite e o ministro da Comunicação, Paulo Pimenta, azedou de vez neste final de 2024. Depois de Pimenta reclamar das críticas de Leite ao governo federal, a assessoria do governador relatou à coluna que o ministro “não ouviu os agradecimentos de Leite porque passou todo o discurso dele na inauguração da ponte, sábado, conversando com o Maneco”. O assessor se refere a ao secretário da Reconstrução, Maneco Hassen. Em algumas fotos, Pimenta aparece conversando com outra pessoa, sentada atrás dos deputados, enquanto Leite fala.
No sábado (21) mesmo, Leite postou em seu perfil no X um agradecimento ao governo federal, sem mencionar Lula ou Pimenta. “Natal é tempo de união. Até mesmo em família, divergências existem, mas o que nos une sempre será maior. Esse espírito precisa prevalecer também no debate público: diferenças políticas não podem dividir um povo. É com essa visão que encerramos 2024 com esperança. Hoje, participei da entrega da nova ponte do Rio Caí, reconstruída de maneira muito ágil pelo governo federal, o que merece o nosso reconhecimento e principalmente a nossa gratidão. Como governador, seguirei cobrando o que for necessário para o RS, mas sempre com lealdade e gratidão pelo apoio recebido. É dessa forma que se constrói o futuro: com diálogo, parceria e foco no que realmente importa”, escreveu Leite.
No Instagram, postou imagens da inauguração da ponte do Caí, mesclando trecho do seu discurso com imagens das autoridades e de abraços e cumprimentos de pessoas que assistiram ao ato. Destacou o trecho em que faz o agradecimento ao governo federal.
O que está por trás da disputa entre Pimenta e Leite é a eleição de 2026. O governador não esconde seu desejo de ser candidato a presidente para “quebrar a polarização entre o PT e o bolsonarismo”. Esse discurso incomoda os petistas, porque eles gostariam que Leite se engajasse numa frente ampla, liderada por Lula, para combater a extrema-direita. Há até quem cogite uma chapa encabeçada por Lula com Leite concorrendo a vice, o que não passa pela cabeça do governador.
Leite não pode ser candidato à reeleição. Se não concorrer a presidente ou vice, resta-lhe a opção de disputar o Senado. São duas vagas em disputa e Pimenta é pré-candidato a uma delas. Poderia disputar o Piratini, que até o momento não tem favoritos, mas hoje o nome do PT para o governo do Estado é o de Edegar Pretto, que concorreu em 2022 e por muito pouco não chegou ao segundo turno. Como o PL também almeja conquistar uma dessas vagas, antecipa-se uma disputa acirrada pelo Senado.