O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Atual concessionária da freeway, a CCR ampliará suas operações no Estado. No último dia 7, a companhia venceu leilão do governo federal para administrar nove aeroportos na Região Sul por 30 anos. O bloco inclui três terminais gaúchos: Bagé, Pelotas e Uruguaiana.
Em entrevista à coluna, a presidente da CCR Aeroportos, Cristiane Gomes, afirma que a empresa está "aquecendo as turbinas" e pretende investir para transformar os ativos em "indutores" do desenvolvimento de negócios.
A integração com rodovias joga a favor dos terminais, indica a executiva. É que, além da freeway, as BRs 101, 386 e 448 (Rodovia do Parque) também são administradas pela CCR. A seguir, leia os principais trechos da entrevista.
A CCR venceu o leilão dos blocos Sul e Central. Qual é a expectativa da empresa para a concessão dos aeroportos?
Nossa expectativa é das melhores. Por isso, participamos do leilão. Somos investidores de longo prazo. Existe, sim, no setor aéreo, a questão da pandemia. Estamos vivenciando esses impactos. Mas, como responsáveis por projetos de longo prazo, temos certeza absoluta de que os efeitos serão recuperados ao longo dos anos — e isso vale para o Bloco Sul e o setor como um todo.
Teremos contratos de 30 anos. Os dois blocos trazem para a CCR uma abrangência bastante importante no setor aéreo, que vai ter uma integração com nossos demais modais. Estudamos profundamente a sexta rodada de leilões (realizada no último dia 7). De fato, temos certeza absoluta de que vamos trazer retorno para o acionista, melhorias e aprimoramentos em todos os terminais, emprego, renda e desenvolvimento de negócios nas regiões.
Os aeroportos gaúchos têm fluxo inferior ao de outros terminais do Bloco Sul, como o de Curitiba. Qual é a função dos ativos menores dentro da concessão?
A composição por blocos foi uma evolução bastante importante. Cada aeroporto, independentemente do porte, tem sua vocação. Cada um tem sua relevância.
Não vai existir nenhum tipo de preferência por um ou por outro. Vamos cumprir todos os investimentos previstos (R$ 206 milhões estão projetados para Bagé, Pelotas e Uruguaiana, conforme o Ministério da Infraestrutura).
Vamos levar excelência na prestação dos serviços e, principalmente, fazer com que cada aeroporto contribua com o desenvolvimento em seu entorno. Nós, como grande grupo, vamos usufruir das sinergias que temos.
A senhora relatou que cada aeroporto tem sua vocação. Qual é a dos terminais gaúchos?
Existem aeroportos mais vocacionados para carga, outros para passageiros, outros para turismo, e por aí vai. Vamos receber os aeroportos da forma como estão. O que digo é que vamos promover um aprimoramento dessa vocação.
Ou seja, se um aeroporto é vocacionado para determinado tipo de carga, vamos trabalhar para desenvolver a integração modal com rodovias, por exemplo. É um trabalho nosso com os dirigentes do entorno. De novo, o aeroporto vai ser um promotor do desenvolvimento. O setor de negócios vai se desenvolver ao redor.
Quando a CCR assumirá a administração dos aeroportos leiloados?
Após vencer o leilão, a gente passa por um rito oficial. Estamos nele. Imaginamos ter o contrato assinado ainda neste ano. Não existem datas. Precisam ser cumpridas todas as etapas de um grande rito. A expectativa é de assinatura neste ano, começando a operação com a Infraero. E, na sequência, a CCR passa a operar 100%.
A senhora mencionou a integração com os modais em que a CCR está presente. No Rio Grande do Sul, a empresa já opera no setor de rodovias, administrando quatro BRs — 290 (freeway), 101, 386 e 448 (Rodovia do Parque). O fato de a companhia ter atividades no Estado ajuda na concessão dos aeroportos?
Ajuda, indiscutivelmente. Nos aeroportos, claro, teremos as próprias equipes dedicadas. Já conhecemos muitos entes, stakeholders da região (partes interessadas em determinados projetos, no jargão corporativo). Essa aproximação não vai começar do zero.
O conhecimento por parte da sociedade (sobre a CCR) é outro aliado importante. Vamos dar continuidade ao trabalho. A sinergia vai acontecer. As rodovias são os principais alimentadores de cargas e passageiros para os aeroportos.
O leilão deste mês atraiu interesse privado, e os ágios oferecidos chamaram atenção. Qual é a avaliação da CCR sobre o cenário para concessões em infraestrutura no Brasil?
A CCR é um grupo que investe em projetos de longo prazo. A pandemia está trazendo, principalmente para o setor aeroportuário, um efeito bastante importante. Não podemos desconsiderá-lo. Está considerado nos nossos estudos, mas as concessões são de 30 anos.
O efeito da pandemia será vencido ao longo da trajetória. Estamos experimentando isso nos Estados Unidos. Lá, após a imunização, que é fundamental, há uma retomada do setor aéreo.
O Brasil é um mercado promissor. Infraestrutura é algo que, indiscutivelmente, traz geração de empregos, faz a economia voltar a girar. Estamos inseridos nisso. Somos responsáveis, como empresa privada, por promover essa retomada.
Estamos estudando iniciativas com todos os times da companhia, de rodovias, de mobilidade, de aeroportos. Teremos leilão no ano que vem da sétima rodada. Já estamos com o time mobilizado, estudando como virá o edital.