Com proposta de R$ 4,30 para a tarifa de pedágio — em cada praça e em ambos os sentidos —, o Grupo CCR venceu nesta quinta-feira (1º) o leilão da Rodovia de Integração do Sul (RIS), pacote que inclui a concessão das BRs 101, 290 (somente no trecho da freeway, da Capital a Osório), 386 (entre Canoas a Carazinho) e 448 (Rodovia do Parque) pelos próximos 30 anos.
Maior concessionária rodoviária do país, responsável, por exemplo, pela administração da Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, e da Anhanguera-Bandeirantes, que conecta a capital paulista ao interior, a CCR participou do leilão por meio de seu braço estratégico, a Companhia de Participações em Concessões (CPC).
No total, cinco propostas foram entregues ao governo federal e todas foram classificadas. Abertas publicamente na manhã desta quinta-feira (1º) na sede da Bolsa de Valores (B3), em São Paulo, o Grupo CCR venceu o leitão ao apresentar a menor tarifa.
Os demais participantes do leilão foram: a EcoRodovias, que ofereceu pedágio de R$ 4,56; o consórcio espanhol Sacyr (R$ 5,25); a Infraestrutura Brasil Holding (R$ 4,43) e o Consórcio Integrasul (R$ 5,27).
O valor apresentado pela vencedora está 40,53% abaixo do teto estipulado no edital, cujo valor era de R$ 7,24, e surpreendeu positivamente os envolvidos desde o início na confecção do projeto de concessão. Presidente do Conselho de Desenvolvimento Regional do Vale do Taquari, Cíntia Agostini afirmou que não esperava encontrar propostas abaixo de R$ 5. No entanto, ela acredita que a tarifa vencedora dará conta de pagar as obras previstas no edital, principalmente a duplicação da BR-386.
— Duas propostas apresentadas ficaram um pouco acima de R$ 5 e três ficaram abaixo, ou seja, têm a mesma margem e mostram que não existe incoerência na vencedora (R$ 0,13 mais barata que a segunda colocada) — avalia Cíntia. — Ainda assim, nos cabe nos mantermos ativos e atentos para que se cumpra o edital.
Em entrevista a GaúchaZH, o presidente do Grupo CCR, Leonardo Vianna, creditou a vitória na primeira participação em um leilão no Rio Grande do Sul à experiência adquirida pela empresa nas últimas duas décadas, que resultou na otimização da gestão operacional e, consequentemente, redução de custos.
— Temos empresas dentro do grupo que prestam serviços especializados, como engenharia, gestão de obras, serviços administrativos, entre outras. Como cada uma delas presta um tipo de serviço para todas as concessionárias, ganhamos sinergia e reduzimos os custos — explica Vianna, acrescentando que a CCR não atua diretamente na execução de obras, devendo contratar alguma construtora terceirizada para as melhorias.
— Estamos bastante animados e achamos que fizemos um bom investimento. Garanto que vamos trazer muitos benefícios para os gaúchos. Nosso padrão de administração de rodovias é bastante reconhecido, pois prezamos pela qualidade na prestação de serviços — prometeu, ainda, o presidente da CCR.
Próximos passos
A partir de agora, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) vai fazer a verificação da documentação entregue pela concessionária vencedora. Em seguida, haverá prazo para recursos e a homologação do resultado do certame por parte da diretoria da autarquia.
O contrato com a empresa vencedora será assinado em 9 de janeiro, já no governo de Jair Bolsonaro. A partir daí, a concessionária terá um mês para iniciar a recuperação das estradas e a cobrança de pedágio, que inicialmente será apenas nas praças da freeway, em Gravataí e Santo Antônio da Patrulha. A cobrança nos demais pontos — quatro ao longo do trecho concedido da BR-386 e uma na BR-101 — está previsto para março de 2020.
Abrangendo 32 municípios gaúchos e 473,5 quilômetros de estradas, a concessão exige investimento de R$ 7,8 bilhões em obras e R$ 5,6 bilhões em manutenção e operação. Tudo será bancado pelos usuários, por meio de sete praças de pedágio, que terão valor único de R$ 4,30 em cada sentido.
Calendário previsto das obras
- 2019: trabalhos iniciais, com intervenções emergenciais, como tapa-buracos e reparos no acostamento, melhorias na sinalização vertical (placas) e horizontal (pinturas na pista) e colocação de taxas refletivas em 100% do trecho concedido.
- 2020 a 2023: recuperação de todas as rodovias, incluindo recapeamento de trechos e reforma estrutural de passarelas e viadutos.
- 2021 a 2030: duplicação de Lajeado a Carazinho (BR-386).
- 2031 a 2036: adequação da duplicação de Canoas a Tabaí (BR-386) e alargamento da freeway, de Gravataí a Osório.
*Estimativa com base nos prazos estipulados no edital da ANTT.