Como contrapartida pela arrecadação nas sete praças de pedágio por 30 anos, além de socorro médico e mecânico, videomonitoramento e operação do vão móvel da ponte do Guaíba, a nova concessionária — que será conhecida nesta quinta-feira (1º) — que irá operar quatro estradas federais terá de promover melhorias na infraestrutura nas quatro rodovias. A principal obra será a duplicação da BR-386.
Com o alargamento dos 166 quilômetros de Carazinho a Lajeado, a Rodovia de Integração Sul será totalmente duplicada. No início, o projeto enfrentou resistência por propor tarifa única nas sete praças de pedágio, sendo que a parcela mais substancial da arrecadação será aplicada numa única rodovia. Lideranças do setor de transportes reclamaram de "subsídio cruzado".
— Se querem chamar assim, tudo bem, mas é a única forma de realizar uma obra desse porte em um momento em que as contas públicas estão no limite — defende Paulo Menzel, especialista em infraestrutura da Agenda 2020.
Enquanto a Rodovia do Parque melhorou a conexão do interior do Estado com a Capital, a freeway é a principal rota para o litoral e a BR-101 leva os gaúchos a outros Estados. Já a BR-386 se conecta com metade dos 497 municípios gaúchos e por ela passa boa parte da produção agropecuária. Por isso, Menzel classifica a duplicação da 386 como uma das obras viárias mais necessárias, a fim de diminuir o custo logístico e aumentar a competitividade do Rio Grande do Sul.
Presidente do Conselho de Desenvolvimento Regional do Vale do Taquari, que participou ativamente das discussões do projeto, Cíntia Agostini lembra que a estrada é uma das violentas:
— A 386 é conhecida como a Estrada da Produção, mas também como Rodovia da Morte. Batalhamos há 13 anos para mudar essa realidade. Como a concessão mediante pedágio foi a única solução, seguiremos atentos para cobrar que essa e as outras obras saiam do papel no tempo certo.
Além das sete praças de pedágio, a empresa terá de instalar sete postos de atendimento ao usuário e quatro de pesagem de caminhões, distribuídos ao longo do trecho, assim como disponibilizar 10 ambulâncias, quatro UTIs móveis, 17 guinchos, oito caminhões para diferentes serviços e sete veículos de inspeção de trânsito.
Com a colocação de 1.127 câmeras ao longo das quatro rodovias, a companhia deverá manter 100% do trecho monitorado por vídeo. A ideia é que o serviço seja integrado ao trabalho da Polícia Rodoviária Federal, facilitando o atendimento a ocorrências.
CONCESSÃO SUPERLATIVA
Veja os números envolvidos na concessão:
- R$ 7,8 bilhões em obras
- R$ 5,8 bilhões em conservação e operação
- 225,2 quilômetros de duplicação
- 78,8 quilômetros de faixas adicionais
- 59 melhorias em acessos
- 85 novas intersecções
- 32 novas passarelas
- 131 quilômetros com nova iluminação nas travessias urbanas
- 4 mil empregos diretos
- 8 mil empregos indiretos
Calendário das obras
2019: trabalhos iniciais, com intervenções emergenciais, como tapa-buracos e reparos no acostamento, melhorias na sinalização vertical (placas) e horizontal (pinturas na pista) e colocação de taxas refletivas em 100% do trecho concedido
2020 a 2023: recuperação de todas as rodovias, incluindo recapeamento de trechos e reforma estrutural de passarelas e viadutos
2021 a 2030: duplicação de Lajeado a Carazinho (BR-386)
2031 a 2036: adequação da duplicação de Canoas a Tabaí (BR-386) e alargamento da freeway, de Gravataí a Osório
*Estimativa com base nos prazos estipulados no edital da ANTT.