No país em que presidente ofende repórteres de forma sistemática, uma deputada evangélica é suspeita de um caso escabroso de assassinato, um governador é afastado com muitas suspeitas mas ainda sem provas conhecidas, tudo parece ser possível.
Mas a medida adotada pelo Ministério do Meio Ambiente nesta sexta-feira (28), de interromper todas as operações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia e às queimadas no Pantanal e demais regiões do país a partir de segunda-feira (31) passa de todas as medidas.
Não há lógica que explique a decisão do ministro Ricardo Salles, a não ser a disposição de fechar o país para investidores e para o comércio internacional. Vai além da irresponsabilidade para avançar no território da possível responsabilização por crime de lesa pátria.
No ano passado, a imagem do Brasil no Exterior já foi carbonizada devido à postura do governo em relação à Amazônia. Na época, houve vários sinais de que as consequências poderiam ser ruins não só para a floresta e seus habitantes, mas para o país, a economia, os negócios, os investimentos e até os acordos internacionais.
Um ano depois, sem que nada tivesse sido feito, na prática, para impedir a repetição de um cenário de destruição, as queimadas voltaram, ainda mais intensas. O governo cogitava apenas fazer campanha para melhorar a imagem. Até os bancos brasileiros tentaram intervir, diante da inação do governo, montando um plano para socorrer a floresta. Fundos internacionais voltaram a advertir o Brasil de que, sem compromisso ambiental, não há investmento.
Nesta semana, o vice-presidente Hamilton Mourão admitiu que a situação do acordo do Mercosul com a União Europeia poderia estar comprometida pelo que chamou de "ruído" com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Insistiu na tese de que há uma crise fabricada. Não há. O que parece haver, cada vez mais bem desenhado, é um plano para boicotar as relações internacionais do Brasil. Nesta sexta-feira, Mourão já disse que Salles se precipitou.