O fim da novela de mais de uma década do projeto que previa investimento de até R$ 3 bilhões em uma usina térmica e uma estação de regaseificação em Rio Grande encerra uma história, mas dará origem a outra, avisa o secretário de Meio Ambiente e Infraestrutura Artur Lemos. Agora, o tamanho da ambição sugere uma série com várias temporadas.
Nos planos do governo do Estado para dar mais gás aos gaúchos está a busca de um novo investidor para uma termelétrica no Sul do Estado e tentativa de convencer o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, da necessidade de completar o gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre.
Na terça-feira (2), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) cancelou em definitivo a autorização para executar o empreendimento. Conforme o secretário, o governo do Estado fez um esforço, na reta final, para tentar reativar o projeto, mas admite que o processo estava "truncado". Na avaliação de Lemos, o fracasso desse projeto não significa que implantar uma usina térmica em Rio Grande seja inviável:
– Isso vai nos liberar para buscar outros agentes para projetar uma térmica que se sustente por si própria. Alguns investidores que avaliaram gostavam do projeto, mas os números não paravam em pé.
Outra ambição da secretaria é convencer o ministro da Economia, Paulo Guedes, de que é essencial construir um gasoduto entre Uruguaiana e Porto Alegre, parte de um antigo sonho de "fechar o anel" dos gasodutos sul-americanos. Lemos pondera que as grandes reservas de gás de xisto das jazidas de Vaca Muerta, na Argentina, é um estímulo a esse projeto.
– Não podemos ter duas usinas a gás no Estado e nenhuma funcionar por falta de combustível – pondera.
Em Uruguaiana, a americana AES construiu uma termelétrica a gás e um gasoduto entre a Argentina e a cidade gaúcha, na década de 1990. Na primeira dificuldade de abastecimento interno, os argentinos cortaram o suprimento da usina. Em Canoas, a Petrobras investiu para transformar uma térmica a óleo em bicombustível, para funcionar também a gás natural, mas o Estado não tem o suficiente para abastecê-la. No mês passado, a estatal pôs essa unidade à venda.
Enquanto esses projetos, que reconhece ser de "médio e longo prazos" não avançam, Lemos diz estar negociando com a própria Petrobras um ajuste na compressão do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol), para aumentar em cerca de 30% a disponibilidade para o Estado. Embora acompanhe a evolução do projeto da Golar Power em São Francisco do Sul (SC), o secretário avalia que a "competição" entre os reforços público e privado podem beneficiar o Estado.
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