O jornalista Leonardo Vieceli colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Maio tem sido um período repleto de preocupação para a economia brasileira. Desde 2017, acontecimentos no quinto mês do calendário costumam abalar o desempenho da atividade. Em 2020, o avanço do coronavírus e a escalada da crise política jogam balde de incertezas sobre os negócios.
Na próxima sexta-feira (29), o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre será conhecido em divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado deverá refletir o impacto inicial da pandemia no dia a dia de empresas e consumidores.
Para piorar, não há neste momento uma sinalização de trégua na turbulência política. Neste domingo (24), o presidente Jair Bolsonaro voltou a participar de manifestação em Brasília contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Enquanto isso, o coronavírus segue trazendo consequências para o país. Ainda neste domingo, os Estados Unidos confirmaram a proibição de viagens a partir do Brasil. A medida levaria em conta a disparada de casos da covid-19 nas últimas semanas.
Em 2019, maio havia sido um mês de preocupação para a economia devido ao risco de o país embarcar em uma recessão técnica. A queda do PIB à época não se confirmou, mas os embates entre Bolsonaro e o Congresso já eram uma realidade, abalando o desempenho dos negócios.
Desta vez, as estimativas indicam que não será possível escapar da recessão. O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta em 2020 a maior crise da economia mundial desde 1929. O Brasil não ficará imune, e o PIB nacional deverá encolher 5,3% neste ano, conforme a instituição.
Antes de Bolsonaro assumir a Presidência, a economia brasileira havia sofrido em maio de 2018 com a greve dos caminhoneiros, que paralisou setores diversos, pressionando o governo Michel Temer. Já no quinto mês de 2017, a turbulência estava relacionada à gravação de uma conversa de Temer com o empresário Joesley Batista.
Ou seja, de lá para cá, maio tem sido marcado por tensões políticas, que respingam no desempenho econômico. A questão é que agora o quadro é mais grave, em razão do vírus. Com tantas incertezas no radar, mais tranquilidade em Brasília ajudaria no combate à pandemia e à crise econômica.