Não foi apenas na bolsa e no câmbio que os sinais de estresse com a crise política do governo Temer se manifestaram nesta quinta-feira (18). A onda de pânico se espalhou por outros termômetros do humor da economia. Primeiros detectores do susto, indicadores saltaram ou despencaram com intensidade diante do aprofundamento da situação.
Risco Brasil
Não se ouvia falar no assunto desde antes do impeachment de Dilma Rousseff, mas nesta quinta-feira (18) o risco associado ao Brasil medido pela variação do custos dos CDS (Credit Default Swaps) avançou quase 30%, um movimento altamente incomum em um só dia.
Esse mecanismo é uma espécie de "seguro contra quebra". Quando seu preço aumenta, significa que o mercado está avaliando que cresceu a probabilidade de que o país deixe de honrar sua dívida.
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Juros futuros
O pânico respingou nos juros futuros. Desde o início da sessão, os contratos de depósito interbancário (DI) alcançaram altas recordes. No fechamento regular, a alta foi de 10,7%. O DI para janeiro de 2018 encostou em 9%. Esse cenário, conforme analistas, praticamente tira de ambiente cortes no juro básico, no final do mês, de um ponto percentual.
Até esta quinta-feira (18), cresciam as apostas de uma poda superior, de até 1,25 ponto percentual. Apesar de a taxa Selic ser normalmente associada à referência dos juros de mercado, são os juros futuros que condicionam o custo de financiamentos de mais longo prazo, mais usados pelas empresas.
Imagem externa
A reação às notícias que colocaram o governo Temer em xeque ganhou a imprensa internacional. O Financial Times lembrou que a B3 – novo nome da bolsa de São Paulo – teve de acionar o circuit breaker pela primeira vez desde 2008. "O escândalo ameaça levar o Brasil a águas desconhecidas", publicou o jornal britânico.
O americano The Wall Street Journal avaliou que as reformas propostas pelo governo ficaram sob ameaça. E o argentino La Nacion comentou que o governo Macri segue com "muita preocupação o escândalo brasileiro" por conta das consequências econômicas que a crise no Brasil pode causar ao sócio do Mercosul.
E os otimistas...
Houve investidor que viu na turbulência da bolsa um copo meio cheio. Ex-diretor de varejo da XP Investimentos, o gaúcho Eduardo Glitz disse que não pensou duas vezes ao ver ações de grandes empresas desabando:
– Fui às compras. É um momento de oportunidade.
Glitz é um dos sócios da recém-lançada plataforma de investimentos Warren. Segundo o empresário, a instabilidade política e econômica não ajuda nem atrapalha o negócio, criado por mais três gaúchos que passaram pela XP.