A coluna andava contando os centavos que faltavam para o dólar voltar ao nível inferior a R$ 6. Na terça-feira, foram R$ 0,05, na quarta, R$ 0,03. Na manhã desta quinta-feira (16), não faltou nada – só durou pouco. A cotação foi de R$ 5,998 por volta de 9h30min, mas voltou a subir. Foi a primeira vez abaixo de R$ 6 em mais de um mês.
Nos últimos dias, indicadores mostraram moderação na atividade econômica nos Estados Unidos, como inflação e geração de empregos abaixo da expectativa.
Tiveram dois efeitos: reduziram a valorização do dólar frente a várias moedas e amorteceram a valorização história dos títulos do Tesouro americano, para onde os investidores correm sempre que há melhor remuneração.
No entanto, o fator interno que levou o dólar a R$ 6 segue sem solução. O mercado mantém a desconfiança com a política fiscal do governo Lula, o que reduz o potencial de queda da cotação. Além disso, o resultado de novembro do indicador de atividade do Banco Central, o IBC-Br, mostrou o Brasil marcando passo em novembro, mas... ficou acima da expectativa, que era de queda.
Até o meio da manhã, apesar de a cotação ter voltado a oscilar para cima, não se afastou muito da barreira psicológica. Por isso, não se pode descartar fechamento abaixo de R$ 6 nesta semana.
Na próxima, é uma aposta mais arriscada. Donald Trump toma posse na próxima segunda-feira (20), e não se sabe que medidas vai tomar. A mais ameaçadora do ponto de vista cambial é o aumento acentuado do imposto de importação, que teria efeito inflacionário. Isso afastaria a possibilidade de novos cortes de juro por lá, o que tenderia a valorizar o dólar frente a outras moedas, real inclusive.