Uma frase registrada em uma das gravações das agressões sofridas por João Alberto Silveira Freitas no Carrefour do Passo D'Areia, em Porto Alegre, indica que seguranças do local e a vítima pudessem ter desentendimentos anteriores. Enquanto Freitas respira com dificuldade e pede ajuda, um dos homens vestidos de preto, com roupa semelhante à dos dois seguranças que seguram a vítima no chão, diz: "Sem cena, tá? A gente te avisou da outra vez".
Veja o vídeo:
A Polícia Civil investiga se houve fatos anteriores que possam explicar o motivo da violência que levou à morte de Freitas na noite da quinta-feira (19).
Para a polícia, a esposa da vítima, Milena Borges Alves, disse desconhecer qualquer fato anterior. Mas o intrigante é que pelos registros de câmeras dos momentos que antecedem as agressões não há nenhum ato que possa justificar o fato de seguranças terem tirado Freitas de dentro do supermercado.
Já as agressões no estacionamento teriam começado depois de a vítima ter desferido um soco no policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva, que seria segurança do supermercado.
Conforme a delegada Roberta Bertoldo, da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, tudo está sendo investigado para que se compreenda a motivação do começo do possível desentendimento. Na tarde deste sábado (21), a polícia vai trabalhar analisando mais imagens do supermercado a fim de montar a dinâmica dos fatos.
Uma gravação interna, no entanto, divulgada na sexta-feira (20), já mostrou que não ocorreu nenhum atrito físico dentro da loja. Ao contrário do depoimento de uma funcionária que disse que Freitas investiu contra fiscais, nada ocorre enquanto a mulher da vítima está passando as compras no caixa.
No depoimento da agente de fiscalização do Carrefour Adriana Alves Dutra, ao qual GZH teve acesso, ela contou que outra funcionária havia lhe dito que a vítima já havia entrado em "atrito com fiscais da loja" em outras datas.
Os dois homens que agrediram Freitas até a morte, o PM Giovane e o funcionário terceirizado Magno Braz Borges tiveram prisão preventiva decretada na sexta-feira (20) e estão presos. O flagrante foi por homicídio triplamente qualificado: motivo fútil, asfixia e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. A polícia investiga a responsabilização de outras pessoas que aparecem nas imagens.