Uma mulher, de 34 anos, foi presa preventivamente nesta sexta-feira (20), em Canoas, na Região Metropolitana, por suspeita de mandar matar o ex-companheiro. A vítima tinha 38 anos e foi assassinada a tiros em 7 de dezembro. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados pela Polícia Civil.
A suspeita é de que a mulher tenha tentado esconder a compra de um bebê recém-nascido, que seria criado como filho do casal. Ela nega que tenha ordenado matar o homem.
Em depoimento à polícia, ela disse que acolheu a criança de uma mulher que não desejava criar o bebê e que teria vindo ao RS de outro Estado. O casal estava junto há oito meses, mas se separou no fim de novembro.
A mulher, que tem mais de 140 mil seguidores nas redes sociais, foi encaminhada ao Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp). O Conselho Tutelar encaminhou o bebê para acolhimento institucional.
Conforme a polícia, ela teria custeado a viagens da mãe biológica, estadia e alimentação, mas a existência de outros repasses financeiros será investigada.
Possível motivação para o assassinato
O ex-companheiro da mulher foi alvejado por quatro tiros em frente à casa de sua mãe, no Bairro Niterói, em Canoas.
O suspeito de realizar os disparos foi preso em flagrante na mesma noite. Na ocasião, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão nos endereços relacionados ao homem que teria feito os disparos e à ex-companheira da vítima.
Conforme o delegado Rafael Soares Pereira, diretor da Divisão de Homicídios da Região Metropolitana, a suspeita seria representante de uma religião a qual o preso teria iniciado recentemente e se aconselharia com ela.
Por isso, ele afirmou em depoimento que mantinha confiança na mulher e aceitou cometer o crime. Ele também relatou que manteve contato com a suspeita durante todo o desenrolar da ação.
Troca de documentos
Uma testemunha contou à polícia que a vítima teria sido executada por ameaçar a divulgação de um segredo envolvendo a ex-namorada. Outra pessoa disse que presenciou uma briga na qual o homem afirmava que contaria a origem da criança.
De acordo com a delegada Graziela Zinelli, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Canoas, essa revelação da testemunha foi uma peça importante para a elucidação do crime. A partir da informação, foi descoberto que o casal teria “comprado” um bebê e, posteriormente, registrado de forma fraudulenta, como se fossem seus pais biológicos.
A suspeita disse que a mãe biológica da criança não queria criar o recém-nascido e, por isso, as duas combinaram que a mulher, que não é gaúcha, viria ao Rio Grande do Sul, onde ficaria até o nascimento da criança.
Todas as despesas da incursão teriam sido pagas pela mulher que está presa. No dia do parto, contudo, a genitora teria de entrar no hospital com os documentos da suspeita, que seriam incluídos no documentos do bebê.
— Através do registro de nascimento, apuramos que o bebê nasceu no Hospital da Ulbra, em Canoas, em meados de outubro, e que a gestante teria dado entrada já em trabalho de parto, munida apenas de uma ocorrência policial de perda de documentos. Na sequência, verificamos que naquela semana, a suspeita registrou o extravio da CNH e RG, assim confirmando que a mãe biológica do bebê entrou na maternidade se passando pela suspeita, o que facilitou, posteriormente, o registro de nascimento em cartório — explicou a delegada.
Registro de violência doméstica
Conforme a investigação, o relacionamento do casal era marcado por desentendimentos. A mulher chegou, inclusive, a registrar uma ocorrência policial de violência doméstica contra o ex-namorado em novembro.
Ainda conforme a investigação, os dois mantinham segredo sobre a criança até mesmo de seus amigos próximos. Além disso, a suspeita de ser a mandante do crime teria enganado diversas pessoas fingindo estar grávida.
Origem da mãe biológica é desconhecida
As diligências seguem para descobrir mais detalhes sobre o caso. Para isso, mais testemunhas devem ser ouvidas. A polícia também deve analisar novos documentos e dados de telefone.
De acordo com o delegado Mário Souza, Diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, é preciso verificar ainda a origem da criança.
— Sobre a questão do bebê, ainda estamos apurando os fatos e investigando sua origem, pois até o momento temos apenas a informação de que a mãe da criança veio de outro Estado, possivelmente do norte do país e não deixou rastros evidentes de sua passagem pelo RS, uma vez que usou documentação falsificada para entrar no hospital — acrescentou.