Considerado como prioridade nas investigações das delegacias distritais, o latrocínio (roubo com morte), teve 12 dos 16 casos solucionados e encaminhados à Justiça com pelo menos um suspeito identificado. O índice representa taxa de resolução de 75% nos crimes em 2017.
O titular da Delegacia de Polícia Regional de Porto Alegre, Eduardo Hartz, explica que o uso de câmeras de segurança de ruas e prédios também tem se mostrado importante ferramenta na identificação dos supostos autores dos crimes.
— O roubo com morte é um assalto malsucedido. Quando identificados, os criminosos sempre relatam que o objetivo era roubar, não matar — observa Hartz.
Apesar de o índice de resolução de casos ser alto, cinco latrocínios de 2017 nem sequer tem suspeito. Para Hartz, as dificuldades em solucionar os casos pendentes esbarram na falta de testemunhas à noite ou em câmeras que não gravam, no período noturno, imagens com a qualidade capaz de ajudar na identificação dos criminosos.
— Alguns crimes ocorrem em locais afastados e, em algumas vezes, as pessoas ficam com receio de falar. Por isso, sempre indicamos os telefones do disque denúncia 181 e 197 para informações, caso elas acreditem que não devam se identificar em algum distrito policial — orienta.
Um dos casos que ainda são mistério para a Polícia Civil é o primeiro latrocínio do ano, no qual o senegalês Bassirou Diop, 33 anos, foi morto a facadas, na madrugada de 6 de janeiro, na Praça da Matriz. Até o momento, não há suspeitos para o crime.
Se comparado ao ano de 2016, quando pelo menos 34 pessoas morreram em assaltos na Capital, esse crime caiu 53%. Além disso, Porto Alegre ficou os quatro últimos meses do ano passado sem registrar latrocínios.
Réu absolvido e família sem esperança
Na tarde de 10 de janeiro, o comerciante Pedro de Freitas Pinto, 49 anos, foi morto quando tentou reagir a um assalto na loja de baterias na qual ele era dono, na Avenida Bento Gonçalves, zona leste da Capital. O irmão dele, o também comerciante José de Freitas, afirma que Pedro já havia sido assaltado mais de uma vez, mas ele era contra a decisão de que o familiar andasse armado.
— Disse para ele que não adiantava ter arma, que só serviria contra nós mesmos. Mas ele não aguentava mais ser assaltado. Em uma das vezes, levaram toda a mercadoria que tinha acabado de receber — conta o irmão.
Das três pessoas envolvidas, a Polícia Civil identificou uma e encaminhou o inquérito ao Judiciário. Na época, foi decretada e cumprida a prisão preventiva do acusado, que acabou absolvido em dezembro por insuficiência de provas.
O Ministério Público e a advogada da família, Camila Salles dos Santos, irão recorrer da sentença neste mês, quando se encerra o recesso Judiciário. Com a informação da soltura do acusado da morte do irmão, o comerciante demonstra tristeza e fala em descrença na Justiça.
— Fui em todas as audiências e pelo que se via do juiz, ele não seria solto. Fiquei surpreso quando soube da soltura. A gente se entristece — lamenta.
Conforme Freitas, após o crime a loja do irmão foi fechada, mas o genro, que trabalhava com Pedro, no dia da morte, tem comércio em outro local. Já a mulher de Pedro, acabou retornando para a cidade natal com a filha de quatro anos, devido às dificuldades financeiras.
Os 16 casos
Em 6 de janeiro, Bassirou Diop, 33 anos, morreu esfaqueado durante a madrugada na Praça da Matriz, no Centro. Conforme a Polícia Civil, os criminosos queriam roubar dinheiro da vítima. O caso é investigado por uma delegacia de homicídios como latrocínio e ainda não há suspeitos do crime.
10 de janeiro: O comerciante Pedro de Freitas Pinto, 49 anos, foi assassinado a tiros ao reagir a um assalto à loja de baterias dele, na Avenida Bento Gonçalves, no bairro Partenon. O caso foi investigado pela 15ª DP, que identificou um dos três envolvidos e remeteu o inquérito ao judiciário. O acusado foi absolvido por insuficiência de provas.
5 de fevereiro: Altair Bock, 33 anos, foi morto durante o roubo do seu carro, na frente de casa, à tarde, na Rua São Carlos, no bairro Floresta. Durante a investigação da 3ª DP, dois suspeitos foram identificados e presos. O inquérito foi encaminhado Judiciário.
17 de fevereiro: José Carlos Bueno, 58 anos, foi morto a facadas e teve dinheiro roubado durante a noite em uma casa na Estrada do Rincão, no bairro Belém Velho. A 16ª DP enviou o caso à Justiça identificando dois envolvidos, ambos presos pelo crime.
20 de fevereiro: Leo Edson Schwalb, 67 anos, foi assassinado durante a tarde na Rua Padre Caldas, no bairro Partenon, quando assaltantes tentaram levar sua caminhonete. A 11ª DP investiga o caso e informou que até o momento todas as perícias foram inconclusivas, não sendo possível a identificação dos criminosos.
3 de março: Masahiro Hatori, 29 anos, foi assassinado à tarde, na Rua Joaquim Silveira, no bairro São Sebastião, quando criminosos tentavam tomar a mochila dele. Um jovem de 19 anos foi preso em casa no dia 17 de março e confessou o crime.
6 de março: Adriano Camargo Martins, 43 anos, foi morto à tarde, quando criminosos roubavam um estabelecimento comercial na Galeria Parobé, no Centro. O suspeito do crime foi identificado e preso. Segundo a 17ªDP, o caso foi encaminhado ao Judiciário.
7 de março: Moisés Doring Jeske, 33 anos, foi achado morto durante a manhã no Parque Chico Mendes, na zona norte de Porto Alegre. Ele era motorista do Uber e foi assassinado a facadas. A 18ª DP ainda investiga o caso e, até o momento, não tem suspeitos para o crime.
14 de março: Gabryel Machado Delgado, 20 anos, foi morto com um tiro na cabeça durante a noite na Avenida Pernambuco, na zona norte de Porto Alegre, em uma tentativa de roubo ao celular dele. Um suspeito foi identificado e o caso já está no Judiciário, de acordo com a 4ª DP.
29 de março: Rogério Reolon Martins, 38 anos, foi encontrado dentro do táxi Siena, com facadas no pescoço, e morreu 12 dias depois. A 19ª DP aguarda resultado de perícias, e informa que tem suspeitos para o crime.
15 de maio: Rodrigo Ubiratan Drose era morador de rua e foi encontrado morto com pedradas na cabeça na Rua Gaspar Martins, no bairro Floresta. Mesmo sendo um latrocínio, o caso é investigado pela Delegacia de Homicídios e não há suspeitos para o caso.
22 de maio: Mauricio Soares Aita, 27 anos, chegava no prédio onde havia alugado recentemente um apartamento, na Avenida Ceará próximo à Avenida Polônia, quando foi abordado por um homem armado e acabou morto. Conforme a 4ª Delegacia de Polícia, duas pessoas foram identificadas, presas e o caso, encaminhado ao Judiciário.
27 de junho: Allyson Rodrigues Fernandes, 24 anos, estava no carro com a namorada quando foi abordado pelos assaltantes, no bairro Rubem Berta, na zona norte de Porto Alegre. A 12ª Delegacia de Polícia prendeu um suspeito do crime e ainda tenta identificar outros dois comparsas dele.
25 de julho: Jair Fernando Brum dos Santos, 56 anos, foi baleado ao evitar o roubo de um carro no bairro Santa Maria Goretti, na zona norte de Porto Alegre. O policial militar foi internado, mas acabou morrendo em 2 de agosto. O caso foi encaminhado ao sistema judiciário, segundo a 9ª DP, com um suspeito identificado.
10 de agosto: Eduardo Custódia Dias, 35 anos, foi morto a facadas após se negar a entregar o celular para um assaltante, na Rua Voluntários da Pátria. A 17ª DP afirmou que uma das testemunhas reconheceu o homem, que está preso. O caso foi remetido à Justiça.
1º de setembro: Rafael Gardini Gomes, 35 anos, foi atingido por um tiro no pescoço na Avenida Carneiro da Fontoura, no bairro Passo d'Areia. Segundo a 9ª DP, todos os suspeitos foram presos e o caso enviado ao sistema judiciário.