O Dia Mundial do Câncer, neste 4 de fevereiro, é uma iniciativa idealizada pela União Internacional de Controle do Câncer (UICC), que nasceu no ano 2000, em Paris. O objetivo da data é incentivar a pesquisa sobre a doença, mas também conscientizar sobre a prevenção, melhorar os tratamentos e mobilizar a comunidade global a progredir em relação a esse tema, valorizando o acesso universal ao atendimento dos pacientes.
O que é
Câncer é o nome dado para um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum a multiplicação e o crescimento desordenado de células, que passam a comprometer o funcionamento de órgãos e tecidos. Uma mutação genética que provoque alteração nos padrões de multiplicação celular pode desencadear um câncer, como explica a oncologista clínica da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre Katsuki Tiscoski.
— Por exemplo, a exposição excessiva ao sol ao longo da vida. A radiação ultravioleta, que penetra na pele, tem efeito cumulativo. Os raios UV danificam o DNA das células, fazendo com que essas células sofram alteração. Essa alteração pode levar à multiplicação desordenada, sem controle, e formar o câncer de pele — descreve Katsuki.
O fator idade
A maioria dos casos de câncer surge na segunda metade da vida, especialmente a partir dos 50 anos. Os tipos mais comuns da doença no Brasil estão relacionados à exposição do organismo aos agentes externos que podem desencadear as disfunções celulares. Por isso, com o passar dos anos, a probabilidade de desenvolver a doença é maior.
Nos casos dos cânceres de mama e de próstata, que concentram o maior número de diagnósticos em mulheres e em homens, a explicação é que os principais causadores são os próprios hormônios que o corpo produz — que desempenham funções importantes no organismo, mas, ao longo da vida, podem acabar originando os tumores.
O fator genético
Alguns tipos de câncer podem ser explicados pela herança genética, mas, na maioria dos casos, essa não é a principal causa para o surgimento. Em outras palavras: quanto maior a quantidade de casos dentro de uma mesma família, mais risco de os familiares terem câncer, mas há várias outras causas. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), entre 10% e 20% dos casos têm relação preponderante com o fator genético. Katsuki comenta:
— O câncer de mama, por exemplo, tem uma causa genética, mas não é o fator principal. Em 5% a 10% dos casos, as pacientes podem ter um fator genético que desencadeou. A idade, fatores endócrinos, o sedentarismo e a obesidade deixam a pessoa com uma predisposição maior a ter o câncer de mama.
Fatores de risco
Em relação ao aparecimento de câncer, nada é mais nocivo do que o tabagismo. O hábito de fumar está associado diretamente a quase 20 tipos de tumores, além de diversas outras doenças que podem levar à morte.
Também destacam-se como fatores de risco o alcoolismo, o consumo desregrado de alimentos ultraprocessados, o sedentarismo, a obesidade e a exposição exagerada ao sol.
Fatores de prevenção
Como grande parte dos casos de câncer tem relação com questões exógenas, ou seja, a partir de ações sobre o organismo, é uma doença possível de ser prevenida. A primeira atitude é evitar os fatores de risco, afastando-se de vícios e mantendo uma rotina de exercícios e alimentação balanceada.
A partir de determinada idade, também é recomendada a realização de exames de rotina para detectar alterações, especialmente para os tipos mais comuns ou quando houver a incidência do estilo de vida e do histórico familiar. Atualmente, outra orientação é a manutenção da vacinação em dia, especialmente para o vírus HPV (que deve ser aplicada na infância).
Avanços
São incontáveis os recursos que a medicina passou a contar nos últimos anos para combater o câncer. O tratamento é multidisciplinar, com avanços em todas as áreas — oncologia, cirurgia, radioterapia etc —, assim como há um grande progresso nas pesquisas clínicas. A oncologista Katsuki destaca as chamadas terapias alvo, que são medicamentos, já disponíveis para vários tipos de câncer, que atacam especificamente as células cancerígenas, diminuindo o efeito nas células normais, apresentando resultados com maior eficácia e menos efeitos colaterais. No entanto, esses novos medicamentos têm custo elevado, tornando difícil o acesso para a grande maioria dos pacientes.
— A democratização seria o ideal. Por isso que essa campanha é muito importante, e é isso que a organização que a promove propaga: que todos tenham acesso à informação e ao tratamento — salienta a médica.
Tipos mais comuns no Brasil
O Inca contabiliza os casos fazendo a distinção entre homens e mulheres. Segundo os dados mais recentes do Instituto, referentes a 2020, entre eles o tipo mais comum é o de próstata (65.840 casos), seguido por cólon e reto (20.540), traqueia, brônquio e pulmão (17.760), estômago (13.360) e da cavidade oral (11.200). No caso delas, o câncer de mama (66.280) é o mais prevalente, na sequência aparecem cólon e reto (20.470), colo do útero (16.710), traqueia, brônquio e pulmão (12.440) e glândula tireoide (11.950).
Produção Állisson Santiago