Imagine se a chance de salvar a sua vida fosse uma em 100 mil, como você se sentiria? Qualquer acréscimo a essa possibilidade seria celebrado, não é mesmo?
Conscientizar sobre essa situação é o objetivo da Semana Nacional de Mobilização para Doação de Medula Óssea, instituída pela Lei nº 11.930/2009. O objetivo principal é informar a população sobre a importância de se registrar como um doador.
Por que doar
Hematopatias que afetam a capacidade do corpo de produzir células sanguíneas podem ter como único tratamento viável o transplante de medula óssea. Além disso, fazer a transplantação pode beneficiar no enfrentamento de um universo de 80 doenças em seus diferentes estágios.
Quem pode
Um irmão compatível é considerado o doador ideal. No entanto, conforme estimativa do Ministério da Saúde, essa figura está presente em apenas um quarto dos casos daqueles que têm este tipo de enfermidade. Dessa forma, para cerca de 75% dos pacientes é preciso encontrar alguém que tenha compatibilidade e, fora da família, a probabilidade de achar esse doador é muito menor. A chance de haver essa correspondência é de um em cada 100 mil indivíduos.
Como tornar-se um doador
Devido a essa estatística adversa em promover os encontros entre pacientes e doadores, o Ministério da Saúde criou, em 1993, por meio do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Esse cadastro reúne as informações pessoais (nome, endereço, resultados de exames, características genéticas, contatos) daqueles que se inscreveram como doadores. Por isso, para ser doador de medula não basta se declarar como voluntário (como é o caso dos voluntários em doar seus órgãos), é preciso, em primeiro lugar, se registrar no Redome.
Requisitos
Para cadastrar-se no Redome, é necessário ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado de saúde, não ter doença infecciosa ou incapacitante, nem ter histórico de câncer, hematopatologia ou alguma enfermidade do sistema imunológico. Nem todos os problemas de saúde são impeditivos para fazer o transplante, e os casos são analisados individualmente havendo constatação de compatibilidade.
Onde ir
Atendendo aos requisitos, o voluntário deve procurar, munido de um documento de identidade, um hemocentro do Estado, onde vai receber mais instruções sobre o cadastro e receberá um termo de consentimento livre e esclarecimento sobre sua iniciativa. Após a assinatura e o preenchimento de um formulário, é preciso coletar uma pequena amostra de sangue que passará por uma análise de histocompatibilidade (HLA).
Há 10 hemocentros no Rio Grande do Sul, eles ficam nas cidades de Alegrete, Santa Rosa, Santa Maria, Cruz Alta, Passo Fundo, Caxias do Sul, Pelotas e Porto Alegre. Na Capital, há três locais, os hospitais de Clínicas e Nossa Senhora da Conceição e o Hemocentro do Estado.
As informações sobre os voluntários passam a fazer parte do banco de dados do Redome e, quando o sistema encontra compatibilidade genética entre doador e paciente, o voluntário é contatado. Por isso é fundamental que os dados de contato estejam sempre atualizados, o que pode ser feito pelo site redome.inca.gov.br. O cadastro fica válido até o doador completar 60 anos.
Como funciona
Mesmo com o cadastro ativo e atualizado, em nenhum momento a doação passa a ser obrigatória. Caso surja um paciente com compatibilidade genética necessitando do transplante, o doador é contatado e consultado sobre o procedimento. Ao aceitar participar, o voluntário precisa passar por novos exames para confirmar a afinidade e também é submetido a uma avaliação clínica. Ao atestar aptidão, o procedimento pode ser realizado.
A doação
Há dois métodos de extração da medula, e o mais apropriado é escolhido pelo médico responsável. Um deles é mais invasivo, necessita extração de 500ml a 700ml de medula por meio de punções — que são pequenas perfurações com agulhas — do interior dos ossos da bacia. É um procedimento que requer internação de pelo menos 24 horas. Pode haver incômodo localizado por alguns dias, e a medula leva cerca de duas semanas para se regenerar totalmente. Depois, o doador pode retomar a normalidade.
No outro método, o voluntário recebe doses injetáveis de um medicamento que faz as células-tronco homeopáticas migrarem para o sistema circulatório periférico. Então, é realizada a coleta por meio de um processo semelhante ao da doação de sangue. Este método não requer nenhum tipo de internação ou aplicação de anestesia.
Já o receptor passa por um tratamento medicamentoso que elimina as células doentes antes de receber o transplante, que é feito como se fosse uma transfusão sanguínea.
Fonte: Ministério da Saúde/Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome)
Produção: Állisson Santiago