Argumentos para parar de fumar não faltam, e a chegada do 29 de agosto, Dia Nacional de Combate ao Fumo, é uma boa oportunidade para lembrar algumas das razões.
O cigarro é um dos principais fatores de adoecimento precoce, pode colocar em risco a saúde de pessoas próximas, representa um gasto importante – tanto no orçamento familiar quanto no nacional – e provoca riscos ao ambiente.
Largar o hábito requer persistência no começo e pode, ainda, necessitar de acompanhamento especializado. Conhecer o impacto do tabagismo no dia a dia e suas ameaças podem ajudar a interromper essa relação de dependência.
Impacto do cigarro no país
Nas últimas três décadas, o Brasil evoluiu muito no combate ao tabagismo. Os dados referentes à população adulta de 1989 apontam que mais de um terço era fumante. Atualmente, esse número caiu para 12,6% da população conforme o levantamento da Pesquisa Nacional de Saúde mais recente, realizada em 2019. A prevalência maior é entre os homens, 15,9%, contra 9,6% das mulheres.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) credita essa queda a políticas públicas aplicadas nesses últimos 30 anos, em especial a antipropaganda associada ao cigarro, a cobrança de impostos mais pesados e as legislações restritivas. O instituto afirma que cerca de 420 mil vidas foram salvas durante esse período.
Apesar de todo esse avanço, o tabagismo segue sendo a principal causa evitável isolada de adoecimento no país. Estima-se que mais de 161 mil brasileiros morrem por ano devido a doenças relacionadas ao cigarro.
Outro número impactante sobre os efeitos do tabagismo aparece na esfera financeira, já que se calcula um gasto anual de R$ 125 bilhões no sistema de saúde.
Doenças relacionadas
Por ser um produto composto de diversas substâncias tóxicas que são transportadas por todo o corpo por meio do sistema cardiovascular, os malefícios do cigarro não se limitam a problemas pulmonares. São mais de 50 doenças. Confira algumas:
Câncer: o cigarro contribui para o surgimento de vários tipos de câncer, em especial em partes do sistema respiratório, como boca, laringe, faringe, esôfago e pulmão. Mas o desenvolvimento de câncer de estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero e até leucemia também pode estar diretamente associado ao tabagismo.
Doenças do aparelho respiratório: é o sistema mais afetado pelo uso do tabaco, já que tem contato com a fumaça tóxica. O hábito de fumar pode ocasionar em doenças como enfisema pulmonar, que é a degeneração de tecidos do pulmão, bronquite crônica, que afeta o órgão responsável pela ligação da traqueia com o pulmão, e piora nos pacientes com asma, entre outras infecções respiratórias.
Doenças cardiovasculares: os principais efeitos das substâncias do cigarro são a diminuição da absorção de oxigênio, a vasoconstrição e o acúmulo de colesterol em veias e artérias. Isso pode ocasionar eventos cardíacos fulminantes e doenças como angina, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial, aneurismas, acidente vascular cerebral e trombose.
Ainda são associadas ao tabagismo doenças como úlceras no aparelho digestivo, catarata, osteoporose, impotência sexual e infertilidade.
Como abandonar o fumo
Mais do que apenas força de vontade, parar de fumar pode demandar planejamento. O Inca aconselha dois métodos que podem ser adotados para largar o hábito: a parada imediata e a parada gradual. A quem escolhe o método imediato, aconselha-se determinar dia e hora para o último cigarro. É o método mais recomendado.
O método de parada gradual é quando o fumante se impõe restrições para ir deixando de fumar pouco a pouco. É importante que esse período não dure mais do que duas semanas e que sempre haja uma redução na quantidade de cigarros no dia seguinte.
A empreitada para parar de fumar pode envolver a adoção também de outras mudanças comportamentais, já que o hábito, muitas vezes, está envolvido com outras situações cotidianas individuais, como tomar uma xícara de café, sair para uma caminhada, pegar sol, entre outras coisas. Nesses casos, é importante substituir a companhia do cigarro por algo que supra essa relação e que, obviamente, seja benéfica para a saúde.
O desafio pode ainda exigir o auxílio de atendimento médico e de medicação. O Sistema Único de Saúde oferece tratamento gratuito. Por meio do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, é oferecido acompanhamento clínico e comportamental para ajudar a parar de fumar. No RS, esse serviço pode ser acessado via Centro Estadual de Vigilância em Saúde, na Avenida Ipiranga, 5.400, em Porto Alegre. Contato pelo fone (51) 3901-1093 ou e-mail tabagismo@saude.rs.gov.br.