"Nos relacionamos com o mundo exterior pelos cinco sentidos, mas 85% do que recebemos é pela visão. Notamos que as pessoas só percebem a importância dela quando falta."
A frase do oftalmologista Fausto Stangler, do Hospital Banco de Olhos (HBO) de Porto Alegre, dimensiona o papel da saúde ocular nas nossas vidas.
Para ajudar as pessoas a cuidarem da sua, aqui estão informações sobre o que é normal nas diferentes faixas etárias e uma lista com dicas de especialistas.
Na infância e na adolescência
É comum o aparecimento de vícios de refração, como a miopia e o astigmatismo. Stangler lembra que, na infância, muitas vezes as crianças enxergam mal e não sabem. Por esta razão, deve-se iniciar os cuidados desde cedo.
— Muitas não se manifestam dizendo "Eu estou enxergando mal", pois elas não sabem como é ver sem problemas. Isso aumenta a importância dos exames de rotina e preventivo em crianças. Com seis meses de idade já é indicado — aponta o médico do HBO.
Entre o fim da infância e começo da adolescência, pode aparecer o ceratocone. Essa doença é caracterizada por uma alteração progressiva na córnea — a primeira camada do olho —, fazendo com que ela fique com aspecto "bicudo".
Apesar de não provocar cegueira, a condição prejudica muito a visão, que pode ficar distorcida e sombreada. O ceratocone está bastante relacionado ao ato de coçar os olhos (leia mais logo abaixo).
Na vida adulta
As alterações, normalmente, começam a partir dos 40 anos e incluem queixas para enxergar de perto e vista cansada. Exames preventivos são fundamentais, afinal, o glaucoma é considerado uma doença silenciosa.
Na terceira idade
É mais comum o aparecimento da catarata e, portanto, a visão "embaçada". Também podem ocorrer prejuízos relacionados à DMRI, a degeneração macular relacionada à idade. A detecção precoce do problema pode freá-lo.
Doutor, eu preciso usar óculos?
Se você tem dificuldades para ver coisas distantes ou próximas, tem dores de cabeça, ardência nos olhos, apresenta sonolência ao fazer atividades visuais, como a leitura, e se incomoda com ofuscamento de luzes, como faróis, sinaleiras e refletores à noite, a recomendação é procurar um oftalmologista para uma melhor avaliação do quadro, diz Marcos Brunstein, presidente da Sociedade de Oftalmologia do Rio Grande do Sul (Sorigs).
Seis cuidados importantes
- Não coce os olhos: especialmente em crianças, isso pode induzir o aparecimento de ceratocone, que é quando a córnea deforma-se em formato de cone. Esta condição, quando diagnosticada cedo, pode ser tratada a fim de se evitar a progressão e reabilitar a qualidade visual.
- Adote um estilo de vida saudável: evite o cigarro, o abuso de álcool e aposte em uma dieta com alimentos ricos em luteína e zeaxantina, encontrados, por exemplo, em verdes folhosos (couve e espinafre) e coloridos (cenoura, tomate e pimentões).
- Visite o médico: faça periodicamente uma consulta com o oftalmologista, que é o único profissional habilitado para identificar doenças oculares e tratá-las. A recomendação é visitar o especialista uma vez por ano.
- Higienize a região: as mulheres, principalmente, devem atentar para a limpeza total da maquiagem da área dos olhos.
- Não se automedique: colírios são medicamentos, portanto, só devem ser usados quando prescritos por um oftalmologista.
- Aproveite o ar livre: além de evitar o abuso das telas, é fundamental fazer atividades ao ar livre, em especial quando se tratam de crianças e adolescentes, pois isso acaba reduzindo o risco de desenvolver miopias progressivas e o ceratocone.
Fontes: Marcos Brunstein, presidente da Sorigs, e Fausto Stangler, oftalmologista do HBO de Porto Alegre