Informações sobre todo tipo de assunto estão, cada dia mais, ao alcance de todos. Basta ter acesso à internet que aquela dúvida que surge de repente pode ser sanada em poucos minutos. É incontável a quantidade de textos, vídeos, infográficos e outros materiais em ambientes virtuais explicando a solução para todo tipo de problema. Mas, quando o tema é saúde, a verificação sobre a veracidade desses conteúdos é ainda mais imprescindível.
Apesar de haver muita informação de qualidade na internet, produzida e publicada por profissionais sérios, também há inverdades, mitos e charlatanismo circulando em sites e, especialmente, nas redes sociais - ainda mais em tempos de pandemia de coronavírus. Isso ocorre, entre outros motivos, pela facilidade e liberdade que todos têm para publicar qualquer tipo de conteúdo, pela agilidade em espalhar as chamadas fake news e pelo anonimato que esses espaços oferecem.
Porém, a circulação de boatos e desinformações, na área da saúde, é algo que existe há séculos, com os registros de curandeiros fajutos, tratamentos mágicos ineficazes e outros tipos de golpes. A situação de vulnerabilidade emocional que as pessoas podem estar passando devido à fragilidade ou mesmo à ameaça de alguma doença faz com que uma solução fácil e rápida para um problema que aparenta ser complexo seja algo atraente.
É justamente nesses casos que o cuidado deve ser redobrado, como alerta o vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers), Eduardo Neubarth Trindade.
— A medicina é uma ciência biológica. Nós trabalhamos com probabilidades, e vemos que muitos tratamentos vendem certezas. As pessoas devem buscar principalmente as fontes oficiais, porque nessas horas temos que ser um pouco mais conservadores e ter um pouco mais de parcimônia — orienta.
Trindade salienta que quanto mais conclusivas se mostrarem as notícias compartilhadas, maior o risco de ser uma inverdade:
— É importante que as pessoas aumentem a sua dúvida sempre que aparecerem questões sobre tratamentos muito revolucionários, com resultados próximos a 100% e riscos próximos a 0%, isso tem que ligar o sinal de alerta.
Cuidados básicos
Para se assegurar que se trata de um conteúdo verdadeiro, há alguns pontos que podem ser observados
- Encaminhamentos – Uma característica de informações falsas é que elas são compartilhadas em diversos locais de uma só vez. Nos apps de bate-papo, como WhatsApp e Telegram, mensagens desse tipo aparecem com um alerta de encaminhamento frequente.
- Fontes – Procure saber quem produziu as informações que chegam até você e verifique se de fato aquela origem é verídica. Por exemplo: se compartilharam que um tratamento para a cura da aids teria sido bem-sucedido, procure saber onde foi feita essa descoberta, em que veículos de imprensa essa notícia repercutiu, que laboratório ou universidade chegou a esse feito. Notícias com alto grau de interesse público sempre são amplamente divulgadas.
- Confirmações – É importante pesquisar sobre o assunto em questão antes de tomá-lo como verdade. Faça isso consultando sites de referência, como o do Ministério da Saúde, dos conselhos de medicina e suas especialidades, de hospitais de referência e de veículos de comunicação tradicionais.
- Denuncie – Você pode ajudar a coibir a disseminação de mentiras pela internet. Sempre que ver alguma notícia falsa circulando, denuncie a publicação e o perfil em questão para os administradores do site ou da rede social, cobrando providências dessas empresas. Havendo a possibilidade de ser algo criminoso, acione a polícia e os demais órgãos competentes. No caso dos grupos de WhatsApp ou Telegram, além das explicações de quem compartilha inverdades, também se pode cobrar os administradores dos grupos.