A despeito da expansão de vagas dos últimos dias, o Rio Grande do Sul tem 335 pessoas na fila de espera por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nesta quinta-feira (4). Os dados são da Secretaria Estadual da Saúde (SES) e do painel da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre, abastecido pelos próprios hospitais.
Para comparação com outros Estados, Goiás tem 300 pessoas na espera. Santa Catarina registrava 251 pacientes no aguardo por uma vaga de UTI na terça-feira (2). No Distrito Federal, 92 indivíduos aguardavam na quarta-feira (3). No Rio Grande do Norte, eram 45 na terça.
O governo do Estado regula a fila de espera por UTI por meio de um órgão chamado Central de Regulação de Leitos, que recebe os pedidos feitos por hospitais ou unidades de pronto-atendimentos.
Na manhã desta quinta-feira, a SES contabilizava 137 pacientes com coronavírus à espera de vaga em UTI. A fila não engloba os pedidos feitos por pacientes internados em Porto Alegre, que conta com uma regulação própria.
Na capital gaúcha, havia 151 pessoas internadas nas emergências hospitalares à espera de um leito de UTI durante a manhã, conforme dados das instituições. A ocupação hospitalar da cidade era de 103,1%, com cenário mais caótico no Moinhos de Vento, onde a lotação ultrapassou os 130%.
A SES não informou o tempo médio de espera por uma vaga no Rio Grande do Sul porque isso “depende da gravidade do caso” e “alguns pacientes melhoram e não necessitam mais de leito de UTI”. A pasta acrescenta que a lista é dinâmica e que a todo momento entram e saem pacientes da espera. Também diz que não tem previsão de enviar internados a outros Estados.
O governo também observa que transferir pacientes de uma região a outra do Estado é uma política permanente da gestão em saúde, intensificada neste momento de gravidade.
Nesta quinta-feira, a ocupação dos leitos intensivos públicos e privados do Estado era de 101%, com pior cenário em hospitais particulares. Mais da metade dos internados tem suspeita ou exame confirmado para coronavírus.
Quando uma instituição está com ocupação acima de 100%, é porque houve algum tipo de improvisação na estrutura: equipamentos e profissionais da saúde foram alocados de outros setores e os pacientes são tratados em áreas onde não deveriam estar.
Em comparação ao período anterior da pandemia, o governo do Estado aumentou em 140% o número de leitos de UTI pelo Sistema Único de Saúde (SUS), passando de 933, no início da pandemia, para 2.249. Há, ainda, 721 leitos de hospitais privados. Ainda assim, a expansão não é suficiente para fazer frente à crescente demanda por internação.
Em outra frente de combate, hospitais foram obrigados a suspender cirurgias eletivas e usar todos os espaços disponíveis para atender pacientes com covid-19. Postos de saúde foram orientados a expandir o horário de atendimento à população.
A SES ainda está organizando a abertura de novos leitos de UTI para os próximos dias e determinou a imediata ampliação da oferta de leitos de enfermaria, destinados a casos de menor gravidade, exclusivamente para pacientes com coronavírus.
A Região Central deverá contar com mais 25 leitos de enfermaria (para casos de menor gravidade). Já a área de Santa Rosa ganhará 15 leitos de UTI e 30 de enfermaria.
O Rio Grande do Sul jamais teve tamanha ocupação em suas UTIs. Em anos anteriores, havia filas por leitos de enfermaria, um setor que atende pacientes com menor gravidade, e não no tratamento intensivo.