O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tomou posse nesta sexta-feira (10), em Caracas, para o seu terceiro mandato consecutivo, em meio a acusações de fraude e isolamento internacional, mas com o apoio dos militares e dos demais poderes do país.
No primeiro ato da posse, realizado na Assembleia Nacional da Venezuela, Maduro prestou o juramento, recebeu a faixa e fez o seu discurso. Em sua fala, o presidente venezuelano prometeu paz durante os próximos seis anos de mandato.
— Eu juro que este novo período presidencial será o período de paz. Juro pela história, juro pela minha vida e assim irei cumpri-la! — declarou.
Maduro definiu a sua posse como "uma grande vitória para a democracia”:
— Diga o que quiser, faça o que quiser, mas esta posse não puderam impedir e é uma grande vitória para a democracia venezuelana.
A cerimônia é realizada um dia depois de uma marcha da oposição ter terminado com a denúncia de uma breve prisão da líder María Corina Machado, que o governo negou, enquanto o plano de Edmundo González Urrutia de tomar posse torna-se cada vez mais improvável.
Fechamento de fronteira
As autoridades anunciaram nesta sexta-feira que a fronteira com a Colômbia ficaria fechada até segunda-feira (13) em resposta a supostas "informações sobre uma conspiração internacional para perturbar a paz dos venezuelanos", disse Freddy Bernal, governador do Estado fronteiriço de Táchira.
Denúncias de planos para derrubar Maduro são frequentes, sendo a Colômbia e os Estados Unidos geralmente os acusados. Washington, que nega qualquer conspiração, apoiou González Urrutia, que visitou a Casa Branca nesta semana. O presidente eleito dos EUA Donald Trump se referiu a ele na quinta-feira como "presidente eleito".
Reforma constitucional
No poder desde 2013, apadrinhado pelo falecido Hugo Chávez, Maduro governa com mão de ferro e apoio das Forças Armadas. Ele é considerado um ditador por seus detratores.
— O setor militar é ainda mais crucial do que era antes das eleições para decidir se o governo de Maduro permanece ou se uma transição é possível — disse à AFP Mariano de Alba, advogado especialista em relações internacionais.
González Urrutia pediu que os militares o reconhecessem, mas a hierarquia jurou "lealdade absoluta" a Maduro. O líder da oposição visitou a República Dominicana na quinta-feira, a última parada de uma viagem internacional que terminaria com um voo privado para Caracas para tentar tomar posse como presidente. Não há informações sobre esta ou qualquer outra estratégia.
Enquanto isso, Maduro promete um terceiro mandato de recuperação econômica, depois de passar grande parte de seus 12 anos no poder em recessão, alta inflação e escassez de produtos. Mais de 7 milhões de venezuelanos fugiram da crise, segundo a ONU. Novas sanções estão no horizonte com a chegada de Trump, que impôs um embargo de petróleo durante o seu primeiro governo.
Para o seu próximo mandato de seis anos, Maduro propõe uma "grande reforma" na Constituição, com a aprovação de novas leis que, segundo especialistas, minam as liberdades.
"Golpe de estado"
Nesta sexta-feira, o Plataforma Unitária, principal partido da oposição venezuelana, emitiu um comunicado chamando a posse de Nicolás Maduro de "golpe de estado".
“Com a usurpação do poder por Nicolás Maduro, apoiado pela força bruta e ignorando a soberania popular expressada com força em 28 de julho, um golpe de Estado foi consumado”, afirmou.