Houve queixas, protestos e alguma encenação. Mas o fato é que, a despeito de tudo, a comunidade internacional assiste com olhar complacente Nicolás Maduro tomar posse nesta sexta-feira (10) para mais cinco anos - ou seja lá quanto quiser já que ele próprio impõe as leis - na Venezuela. Senhor de todos os poderes da República sequestrados pelo Executivo, o ditador bolivariano asfixiou a imprensa e a oposição, ignorou pressões internacionais e nunca mostrou as atas de votação. Matou a esperança.
Nos últimos dias, às vésperas da posse, Maduro dobrou a aposta: aumentou a repressão e prendeu políticos e ativistas. Enrique Márquez, ex-candidato à presidência e conhecido líder de uma oposição mais moderada ao regime, está desaparecido desde quarta-feira (8). A Espacio Público, respeitada ONG que atual pela liberdade de expressão, denunciou também o "desaparecimento" de seu diretor, Carlos Correa. Edmundo González só está a salvo porque se encontra fora do país.
Enquanto você lê esse texto, apenas governos que flertam com o autoritarismo - ou estão entregues ao arbítrio - reconhecem a vitória de Maduro nas eleições: Nicarágua, Rússia, Cuba, Turquia e China, entre eles.
O governo brasileiro, que no passado recente esticou tapete vermelho para Maduro em Brasília, chegou a exigir que o ditador mostrasse as atas de votação. Em um primeiro momento, não reconheceu a eleição. Agora, a se confirmar o envio da embaixadora Glivânia Maria de Oliveira a Caracas, para a posse, nesta sexta-feira (10), estará, chancelando o regime. A ditadura, por fim, venceu.